62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
MONITORAMENTO DOS PARÂMETROS FÍSICOS E QUÍMICOS COMO SUBISÍDIO PARA AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DE DOIS RIACHOS DO CERRADO DE MATO GROSSO DO SUL
Emerson Machado de Carvalho 1
Jelly Makoto Nakagaki 1
Mônica Mungai Chacur 2
Joab Pires Santana 3
Roseane Arruda Lopez 3
Nathaskia Silva Pereira 3
1. Prof. Dr./ CPBio - Centro de Pesquisa em Biodiversidade, Fac. de Ciências Biológ
2. Profa. Dra./ CPBio Centro de Pesquisa em Biodiversidade, Fac. de Ciências Biológ
3. Iniciação Científica/ CPBio, Fac. de Ciências Biológicas, UEMS
INTRODUÇÃO:

A água é um dos temas mais discutidos atualmente no mundo. Os rios e riachos contêm uma pequena porção da água mundial (0,006%), mas uma proporção enorme da água doce que pode ser utilizada para as atividades econômicas desenvolvidas pelo homem. Porém, nas últimas décadas, os ecossistemas aquáticos têm sido alterados em diferentes escalas como conseqüência negativa de atividades antrópicas, tais como mineração, construção de represas, agricultura entre outras. A compreensão dos impactos e sustentabilidade de algumas dessas práticas começa com o entendimento dos fundamentos da ecologia de riachos. Assim, uma compreensão precisa das ações antrópicas sobre os riachos, principalmente no aspecto regional, requer que consideremos aspectos limnológicos de grande relevância, como temperatura da água, pH, oxigênio dissolvido, condutividade, velocidade da correnteza, vazão. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi analisar os parâmetros físicos e químicos no gradiente longitudinal de dois córregos com diferentes impactos antrópicos, localizados na região de Dourados, Mato Grosso do Sul. O dois córregos representam importantes tributários do principal rio da região, o rio Dourados.

METODOLOGIA:

O trabalho foi realizado nos córregos Curral de Arame e Água Boa, localizados no Município de Dourados (MS), os quais são importantes tributários do Rio Dourados. As atividades foram desenvolvidas por três Professores Pesquisadores e três alunos de Iniciação Científica. Para avaliar os parâmetros ambientais dos córregos foram selecionados três pontos para a amostragem (montante, médio e jusante), distribuídos num trecho de 20 km, aproximadamente. Em cada trecho de coleta foram mensuradas a largura, profundidade, velocidade da corrente e vazão do riacho para a caracterização morfométrica, sendo as duas últimas medidas determinadas segundo o método do flutuador e por fluxômetro. Quanto às variáveis limnológicas os parâmetros mensurados foram: temperatura (ºC) com termômetro de máxima e mínima,  pH medido com pHmetro digital de bolso; condutividade elétrica (μS.cm-1) com um condutivímetro digital de bolso, oxigênio dissolvido com um oxímetro portátil e a luminosidade com luxímetro digital Minipa modelo MLM-1010, turbidez (FTU) medidos com um turbidímetro portátil HANNA. No mínimo quatro medidas trimestrais foram tiradas de cada ponto para obtenção da média anual.

RESULTADOS:

O monitoramento dos córregos Curral de Arame e Água Boa foi caracterizado por dois principais grupos de parâmetros físicos e químicos. Primeiramente, diferenças significativas observadas nos valores de pH, oxigênio dissolvido, condutividade e luminosidade (One-Way ANOVA: F1,16 = 25,20 p < 0,001; F1,16 = 46,56 p < 0,001; F1,16 = 37,49 p < 0,001; F1,16 = 6,61 p = 0,020, respectivamente) constituíram fortes indicadores de poluição decorrentes de esgotos domésticos e industriais e alteração da mata ciliar, verificados no gradiente longitudinal do córrego Água Boa. Segundo, os valores de velocidade da correnteza, vazão, temperatura e turbidez da água não apresentaram diferença significativa (F1,16 = 0.01  p = 0,89; F1,16 = 0.93  p = 0.35; F1,16 = 1,81 p = 0.20; F1,16 = 8,51 p = 0,83, respectivamente), porém foram fundamentais para demonstrar a similaridade morfométrica e de fluxo entre os córregos amostrados. Assim, descarta-se qualquer possível ocorrência de um fator natural do sistema hidrográfico que expliquem os valores discrepantes em determinados parâmetros. Em suma, foi possível classificar o córrego Curral de Arame em "natural" e o córrego Água Boa em "impactado", os quais poderão servir de referência para demais trabalhos na região que se encontra em acelerado desenvolvimento.

CONCLUSÃO:

Dentre as diversas metodologias utilizadas para avaliar a qualidade dos rios e riachos, os parâmetros limnológicos constituem em uma excelente ferramenta no monitoramento destes ecossistemas. Diante das principais ações antrópicas presenciadas ao longo do córrego Água Boa, como uso inadequado do solo, poluição e alteração da mata ciliar, foi possível verificar valores físicos e químicos acima da normalidade, muitos deles constituindo fatores limitantes para os organismos aquáticos. Por outro lado, o córrego Curral de Arame apresentou valores em conformidade com riachos em condições naturais, constituindo, assim, uma boa referência para atividades de monitoramente. Futuramente, com o levantamento faunístico dos córregos, estes parâmetros poderão fornecer um inventário mais completo sobre a estrutura e funcionamento dos riachos de cabeceira da região. O Mato Grosso do Sul apresenta uma extensa área de drenagem, cortada por muitos riachos que, em sua maioria, já apresentam os resultados dos impactos antrópicos. Com o incentivo e o aumento crescente de novas indústrias e novas culturas no estado, aumenta também a necessidade de profissionais habilitados e capacitados para trabalharem com monitoramento, manejo e conservação do bem mais precioso da sociedade, a água.

Instituição de Fomento: Fomento da pesquisa - FUNDECT / Bolsa DCR - CNPq / Bolsa de Iniciação Científica - PIBIC/UEMS e PIBIC/CNPq
Palavras-chave: Monitoramento, Ecologia de riachos, Avalação de Impacto Ambiental.