62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
APLICAÇÃO DA PESQUISA-AÇÃO E PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA CONSERVAÇÃO DE UM FRAGMENTO FLORESTAL EM ÁREA URBANA NA CIDADE DE ARARAS/SP.
Daiane Cristina Carreira 1
Julia Salvador Martins 1
Olavo Raymundo Júnior 1
1. NUCIA -Centro Universitário Hermínio Ometto - Uniararas
INTRODUÇÃO:

A ausência de vegetação nativa no ambiente urbano compromete a qualidade de vida da população, afetando fatores como o microclima e o escoamento superficial das águas pluviais; afeta, a biodiversidade faunística que não encontra condições favoráveis ao seu estabelecimento.  A Lei no 11.428, de dezembro de 2006, define os limites do bioma Mata Atlântica, suas fisionomias e seu uso sustentável, no Art. 30. "É vedada a supressão de vegetação primária do Bioma Mata Atlântica, para fins de loteamento ou edificação, nas regiões metropolitanas e áreas urbanas ...", porém, a manutenção deste e outros ecossistemas exige a elaboração de projetos na esfera municipal que incluam a restauração, à inclusão no planejamento urbano e plano diretor do município, compondo com a participação da comunidade que vive no entorno, para despertar o sentimento de pertencer ao local e torná-la fiscal destas áreas.

A diminuição das áreas verdes dentro do perímetro urbano tem instigado pesquisadores a promoverem projetos que incluam desde a restauração destes fragmentos até a inclusão da comunidade. O objetivo deste trabalho foi o de promover a interação e conscientização da comunidade no entorno do Bosque Ararinha, em Araras/SP, sobre a importância da conservação do fragmento de mata nativa no ambiente urbano.

METODOLOGIA:

O Bosque Ararinha ocupava em 1962 uma área de 120 hectares, restando em 2009 12,7 hectares, em meio a loteamentos populares no município de Araras/SP. Realizou-se o mapeamento da área e análise temporal nos anos de 1962, 2006 e 2009. Foram elaborados mapas temáticos, através de fotos aéreas georreferenciadas, pelos softwares Erdas Imagine e ArcGis. As informações foram conferidas em campo com o uso de GPS para identificação dos pontos de interesse, realização da florística e seleção de trilhas para as atividades de educação ambiental.

A participação da comunidade deu-se pelo método da pesquisa-ação. Os três grupos foram divididos em: liderança local, grupo de atividades comunitárias e alunos do ensino infantil, fundamental e médio/técnico. As atividades foram divididas em duas fases. Na primeira diagnóstica, foram aplicados questionários abertos e fechados semiestruturados, na forma escrita ou de entrevista; observações e anotações de campo; foi estabelecido também um primeiro levantamento da situação dos problemas prioritários e das eventuais ações. Na segunda etapa, partiu-se para a "ação", com a participação dos grupos. Iniciaram-se as atividades práticas, como brincadeiras, dinâmicas, palestras focando a educação ambiental e plantio de mudas nativas.

RESULTADOS:

Pela florística identificaram-se os exemplares: Alchornea glandulosa, Alchornea triplinervia, Bauhinia forficata, Cariniana estrellensis, Cariniana legalis, Cecropia pachystachya , Cedrela fissilis, Chorisia speciosa, Copaifera langsdorffii, Croton floribundus, Croton urucurana, Inga edulis, Inga marginata, Inga uruguensis, Luehea grandiflora, Nectandra cissiflora, Piptadenia gonoacantha, Platypodium elegans, típicos de Floresta Estacional Semidecidual. As espécies exóticas, Leucaena leucocephala e Melia azedarach foram verificadas no local e consideradas invasoras por afetar o processo de regeneração.

As lideranças sugeriram: inserção de atrativos (36%), lazer e visitação (28%), melhoria na infraestrutura (24%), manter o estado atual (8%) e mais segurança (4%). Os moradores relacionam o fragmento à presença de animais nocivos transmissores de doenças. O grupo infantil (38%) compreende que o homem é parte da natureza, como algo distante do seu cotidiano. Os estudantes questionados sobre a importância do Bosque: em 12 citações de 84, referem-se à "biodiversidade", 97% entendem ser importante para o bairro e 79% propõem a restauração. Realizou-se o plantio de 210 mudas nativas, em que os alunos atuarão como participantes no processo e conheceram a vegetação local.

CONCLUSÃO:

        A cartografia da exclusão ambiental é a mesma da exclusão social, populações que residem em áreas ambientalmente degradadas têm baixo poder aquisitivo, pouco acesso à educação e cultura. Esses locais são utilizados como depósitos de lixo e criação de animais domésticos. A fiscalização ambiental é precária e há pouco ou nenhuma infraestrutura. Notou-se também a importância das atividades perceptivas e educativas de atividades ambientais, visto que a inserção de tais atividades leva o sujeito a uma aproximação real do meio em que está inserido, despertando o espírito de pertencimento e consequentemente de conservação. O estudo de percepção ambiental foi importante porque nos revelou as relações que a comunidade tem com o Bosque, isto servirá para nortear ações futuras de intervenção, seja para a restauração do fragmento, ou para sua inserção no cotidiano da comunidade, além de futuros trabalhos em educação ambiental.

 

        Frente a essas questões de percepção estão também a importância do manejo e recuperação de fragmentos florestais dentro do meio urbano, como parte do planejamento e plano diretor do município. Destaca-se aqui a importância da manutenção destas áreas e da constante informação e conscientização da comunidade para as questões ambientais locais e regionais.

Instituição de Fomento: Centro Universitário Hermínio Ometto - UNIARARAS
Palavras-chave: Fragmento de mata nativa, Araras/SP, Educação ambiental.