62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 5. História - 9. História Social
O RESGATE DE UMA MEMÓRIA: A PARTICIPAÇÃO DAS VIÚVAS NO ÂMBITO ECONÔMICO E SOCIAL EM TERRAS MARANHENSES (1755-1822).
Priscila Fernanda Sousa Lobato 1
Arianna Costa da Silva 1
Luana Pereira da Silva 1
Paulo Juracy Carvalho Neto 1
Marize Helena de Campos 1, 2
1. Universidade Federal do Maranhão UFMA
2. Profa. Dra./ Orientadora
INTRODUÇÃO:

Quando pensamos nas mulheres brancas que fizeram parte do cenário colonial maranhense, nos vem à mente a figura de um ser recluso em seu ambiente doméstico distraindo-se com bordados e rendas.

No caso das viúvas, a historiografia "tradicional" nos indica que deveriam mostrar seu luto vivendo em solidão profunda e privação, mas ao depararmos com as fontes documentais, esse pensar perde espaço dando lugar a mulheres que se encontrando no estado de viuvez, ganham espaço dentro de um cenário redigido por homens onde elas passam a administrar os negócios e os bens da família, chefiando lares e até mesmo contraindo segundo matrimônio.

METODOLOGIA:

Para tal entendimento utilizamos inventários, testamentos e concessões tutelares de viúvas entre 1755-1822 que se encontram no Arquivo do Tribunal de Justiça do Maranhão (ATJ) para mostrar que essas senhoras, ao contrário do que muitos acreditam, encontram-se a frente de suas fazendas, de suas famílias, sendo elas, agora, o pilar que sustenta o espaço que antes pertencia ao seu falecido marido.

RESULTADOS:

A historiografia "tradicional" descreve a mulher como um ser frágil e incapaz de exercer suas funções civis. O estado de viuvez, para vários pesquisadores, fora considerado como estágio final da "cadeia" do matrimônio onde esse grupo social encontrava-se num estado de desamparo, solidão e privação, entretanto ao depararmos com os documentos, observamos outras vivências onde elas tidas como incapacitadas, na ausência do marido, contraiam segundas núpcias, gerenciavam os bens da família possuindo voz dentro de um espaço privilegiado a figura masculina.

CONCLUSÃO:

De um modo clássico, essas mulheres eram pensadas como rainhas do lar vivendo num ambiente de agulhas e linhas e quando pensamos nas viúvas nos vem à mente a figura de um ser desamparado, com a tristeza estampada em seu olhar vivendo em um luto permanente.

É possível concluir que cai ao chão essa visão, pois o estado de viuvez lhe conferia independência para gerenciar o patrimônio da família sendo tutora e administradora dos bens de seus filhos menores, mas que para isso, a viúva teria que mostrar boa conduta perante a sociedade e conseqüentemente às leis, pois se não, perderia a tutoria de seus filhos e como conseqüência a herança herdada por eles.

Palavras-chave: Viúvas, Mulheres, Patrimônio.