62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 5. Reprodução Animal
RELAÇÃO ENTRE PESO VIVO, PERÍMETRO ESCROTAL E TESTOSTERONA EM BORREGOS ALIMENTADOS POR PERÍODOS PROLONGADOS COM BAGAÇO DE CAJU DESIDRATADO
Lucas Colaço Facó Cavalcante 1
Magda Regina Corrêa Rodrigues 2
Jardel Cavalcante Lemos 1
Christiany Melo Cambraia 1
Aírton Alencar Araújo 3
Davide Rondina 4
1. Graduando(a) da Faculdade de Veterinária - UECE
2. Doutoranda do PPGCV da Faculdade de Veterinária - UECE
3. DrSci./ Professor da Faculdade de Veterinária - UECE
4. Prof. Dr./ Orientador - Faculdade de Veterinária - UECE
INTRODUÇÃO:
Em machos ovinos, nos três primeiros meses de vida, o desenvolvimento dos órgãos sexuais é lento, mas, com o início da espermatogênese, o peso dos testículos, epidídimos e glândulas vesiculares aumentam rapidamente. Existe uma maior correlação entre os pesos dos testículos, epidídimos e o diâmetro dos túbulos seminíferos com o aumento do peso corporal que com a própria idade do animal. A puberdade marca o início da atividade reprodutiva e tem grande influência na produção animal. Entretanto, para a expressão máxima da capacidade reprodutiva é necessário que o macho atinja a maturidade sexual. Fatores relacionados ao próprio animal, como raça, idade, peso corporal e características testiculares, assim como variáveis climáticas, quantidade e qualidade das forrageiras ou concentrado oferecidos podem influenciar as características reprodutivas, acelerando ou retardando o desencadeamento da puberdade e a maturidade sexual. O bagaço de caju desidratado (BCD) vem sendo estudado como fonte forrageira na terminação de ovinos, porém, informações sobre os aspectos reprodutivos são inexistentes na literatura especializada. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da utilização do BCD sobre os parâmetros reprodutivos de machos ovinos da raça Santa Inês, do desmame até a puberdade.
METODOLOGIA:
O estudo foi conduzido nas instalações da Fazenda Experimental Campo da Semente, Guaiúba-CE. Para tanto, doze cordeiros da raça Santa Inês, de 60 dias de idade e previamente desparasitados foram separados em dois lotes homogêneos em peso e alojados em duas baias coletivas. Os cordeiros, em regime de confinamento eram alimentados com dietas diferenciadas: a dieta I (75% capim elefante + 25% concentrado), e a dieta II (50% bagaço de caju desidratado + 25% capim elefante + 25% concentrado). As dietas eram fornecidas a vontade em duas porções diárias, permitindo-se uma sobra de 20%. Os cordeiros tinham acesso a água e sal mineral ad libitum. A cada mês, até a idade de 220 dias era mensurado o peso vivo (PV) e a circunferência escrotal (CE), bem como realizadas coletas sanguíneas. As amostras foram centrifugadas para obtenção do plasma sanguíneo para posterior dosagem dos níveis de testosterona, mensuradas através de enzimaimunoensaio por micropartículas (MEIA). Para os parâmetros de peso vivo, concentrações plasmáticas de testosterona e perimetro escrotal os dados foram submetidos à análise de correlação de Pearson do pacote estatístico SAS.
RESULTADOS:
No inicio do estudo os cordeiros apresentavam pesos uniformes (p>0,05). Apesar do ganho médio diário e o ganho total terem sido semelhantes entre os grupos experimentais, ocorreu diferença significativa em relação ao peso final (28,30 Kg vs 31,70 Kg) dos mesmos. Em relação a CE, até 80 dias de idade não houve diferença significativa entre os animais (p>0,05). Porém, a partir dos 90 dias de idade houve aumento significativo da CE nos cordeiros da dieta II em relação aos da dieta I (p<0,001). Aos 240 dias de idade as medidas para o CE dos cordeiros do grupo I foi de 23,93 cm e no grupo II de 25,77 cm. Estas medidas apresentam relação positiva com os valores observados para o peso corporal, já que os animais da dieta II chegaram a esta idade mais pesados que os da dieta I. Em ovinos Santa Inês de várias idades foi observado uma correlação altamente positiva entre circunferência escrotal e volume corporal sugerindo que animais mais pesados são potencialmente de maior valor zootécnico e com melhor desempenho reprodutivo. Aos 60 dias os níveis de testosterona foram de 0,08 ng/mL e 0,02 ng/mL, e aos 250 dias os mesmos atingiram valores de 6,91 ng/mL e 6,09 ng/mL nos animais da dieta I e II, respectivamente, não sendo observada influência das dietas nos níveis de testosterona (p>0,05).
CONCLUSÃO:
Aparentemente a inclusão do bagaço de caju desidratado na dieta de ovinos em crescimento foi capaz de promover um ganho de peso diário razoável. Quanto ao alcance fisiológico da puberdade, os animais pertencentes ao grupo alimentado com bagaço de caju apresentaram maior circunferência escrotal. Assim, a inclusão de bagaço de caju na dieta de machos ovinos em crescimento, não influiu em seus parâmetros reprodutivos.
Palavras-chave: Ultrassonografia, Borregos, Composição corporal.