62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 3. Fisiologia Vegetal
DINÂMICA DE FLUXO DE GASES EM DUAS ESPÉCIES DE PALMEIRAS DA AMAZÔNIA, AÇAÍ (Euterpe oleracea mart.) E ABACABA (Oenocapus bacaba mart ).
Jacqueline Braga 1
Nayara Ricele da Costa Tavares 1
Fernanda Freitas Fernandes 1
Patrícia Chaves de Oliveira 1
1. Faculdade de ciências Biológicas, Universidade Federal do Oeste do Pará/UFOPA
INTRODUÇÃO:
Nas últimas décadas têm-se avolumado as evidências de que o clima da terra está ficando não só cada vez mais quente, como cada vez mais instável. Recordes contrastantes de calor e frio, seca e inundações, entre outros fenômenos climáticos, vêm sendo verificados em regiões diversas do globo, inclusive no Brasil. Desde o início das discussões sobre as mudanças climáticas, em diferentes fóruns mundiais, o uso da terra e das florestas como mecanismo para mitigar as mudanças climáticas devido ao efeito-estufa sempre foi considerado. Somente a partir do estabelecimento dos mecanismos de flexibilização no Protocolo de Quioto, em 1997, na convenção das partes 3(COP-3), o foco da discussão migrou para o sequestro de carbono pelas florestas, como uma das alternativas de compensação das emissões dos países industrializados. Este estudo teve como objetivo analisar e quantificar a dinâmica do fluxo de gases, com ênfase na absorção e fixação de gás carbônico (CO2) e H2O em duas espécies de palmeira, açaí ( Eutexia olerácea Mart.) e abacaba ( Oenocarpus bacaba Mart.).
METODOLOGIA:
O presente estudo foi realizado em casa de vegetação na Universidade Federal do Oeste do Pará- UFOPA, localizada no município de Santarém, Pará. As medidas foram feitas em Fevereiro de 2010, foram selecionadas de forma randômica sete folhas completamente expandidas e com aspecto fitossanitário adequado de plântulas de açaí ( Euterpe oleracea Mart.) e abacaba ( Oenocarpus bacaba Mart.), para leitura das seguintes variáveis: fotossíntese (A); transpiração (E); condutância estomática (Gs); temperatura da folha(Tf); radiação (Q); pressão (P); umidade (U). Os dados foram obtidos através de um sistema aberto, portátil, IRGA (Infrared Gas Analyzer), modelo LCPRO da ADC e submetidos a dois tratamentos: condições ambientais de temperatura e CO2 (370 ppm) e condições simuladas com temperatura de 40o C e carbono 700ppm, simulando as possíveis consequências do aumento do efeito estufa sobre os vegetais. A análise estatística dos dados foi obtida através do programa estatístico Bio Estat 4.0, através de analises multivariadas.
RESULTADOS:
Os resultados da Analise Multivariada através do teste de Hotteling, demonstraram que para Euterpe oleracea houve diferenças significativas (p< 0.001) no comportamento fisiológico da espécie quando se elevou a concentração de CO2 e temperatura. A fotossíntese aumentou, a condutância estomática reduziu e a transpiração e temperatura foliar aumentaram em relação ao tratamento controle. Isto sugere que, embora a assimilação do CO2 tenha sido incrementada, a perda de vapor de água pelo processo transpiratório aumentou o que poderá comprometer a turgescência de tecidos foliares do açaí. Por outro lado, a planta como estratégia de sobrevivência as altas concentrações de CO2 e temperatura simulada reduziu a condutância dos gases drasticamente. Porém, as altas taxas de evapotranspiração, sugerem que a perda de vapor de água esteja ocorrendo mais por evaporação do que por transpiração. A temperatura de 44.4 o C em tecidos foliares de açaí sob condições elevadas de CO2 e temperatura ambiental sugerem condições de estresse térmico o que poderá interferir em atividades enzimáticas. Para O. bacaba o mesmo comportamento fisiológico foi observado quando se alteraram as condições ambientais. Sendo que um melhor controle na temperatura foliar foi conseguido por bacaba.
CONCLUSÃO:
Açaí e bacaba apresentaram comportamentos fisiológicos diferentes sob condições normais de CO2 e temperatura. O. bacaba controlou melhor a condutância estomática do que E. oleracea sugerindo que em situações de baixo DPV (déficit de pressão ambiental) a bacaba poderia suportar melhor que o açaí. Sob condições elevadas de CO2 e temperatura, as duas espécies não diferiram significativamente levando em consideração as variáveis estudadas. Os resultados da analise de componentes principais para E. oleracea sob condições normais de CO2 e temperatura demonstraram que os parâmetros que melhor explicaram a variação total dentre as 4 variáveis foram temperatura e fotossíntese. Logo, estes parâmetros devem ser priorizados nos estudos de fisiologia para esta espécie. Para Oenocarpus bacaba a analise de componentes principais apresentou semelhança nos resultados obtidos com açaí. Para as duas espécies o parâmetro de condutância estomática foi o que menos variou sugerindo que dentre os quatro parâmetros estudados este seria o que menos explicaria as diferenças fisiológicas.
Instituição de Fomento: Ministério da Educação/Diretoria de Ensino Básico
Palavras-chave: Palmeiras, Seqüestro de carbono, Transpiração.