62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 3. Fisiologia Vegetal
FOTOSSÍNTESE E TRANSPIRAÇÃO EM PAU-ROSA (Aniba rosaeodora Ducke) E MACACAPORANGA (Aniba fragans Ducke) SOB ELEVADAS CONCENTRAÇÕES DE CO2.
Nayara Ricele da Costa Tavares 1
Jacqueline Braga 1
Fernanda Freitas Fernandes 1
Patrícia Chaves de Oliveira 1
1. Faculdade de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Oeste do Pará/UFOPA
INTRODUÇÃO:
A partir da década de 1980, questões relativas às mudanças climáticas, ao aquecimento global e ao efeito-estufa passaram a ser destaques como ameaças ambientais. Um dos motivos seria o desmatamento e, por conseguinte a liberação de CO2. As florestas por removerem parte do CO2 por fotossíntese promovem um desejável "seqüestro de carbono". Considerando a influencia desse gás no comportamento fisiológico vegetal, e seu aumento a uma taxa média de 0,4% ao ano se faz necessários estudos da capacidade de seqüestro de carbono por diferentes espécies, entre elas o Pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke) e Macacaporanga (Aniba fragans Ducke), ambas de grande potencial na indústria de perfumaria pela extração de óleo essencial. O objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento fisiológico em relação à dinâmica de gases nas espécies Pau-rosa e Macacaporanga simulando condições de alta temperatura e elevação na concentração de CO2 verificando sua relevância quanto ao seqüestro de carbono.
METODOLOGIA:
O experimento foi realizado em viveiro localizado na Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA, em fevereiro de 2010. Para a condução do experimento foram utilizadas mudas de Pau-rosa e Macacaporanga com aproximadamente dois meses de idade. A análise foi feita nas folhas expandidas do extrato superior devido no período de 08h as 10h da manhã, através do equipamento portátil Analisador de Gás da Região do Infravermelho - IRGA (modelo LCPRO da ADC). Foram feitas 8 repetições para observação das variáveis: fotossíntese (A), taxa transpiratória (E) condutância estomática (Gs) e temperatura foliar (T) sob condições ambientais normais, ou seja, CO2 a 350ppm e temperatura a 30°C e sob elevadas concentrações de CO2 (600ppm) e temperatura (40°C). A analise estatística foi realizada através do programa BioEstat 4.0.
RESULTADOS:
Os resultados da Analise Multivariada (Teste de Hotteling) demonstraram que não houve diferenças significativas (p=0.16) entre as espécies sob condições normais de CO2 em relação ao comportamento fisiológico a partir das variáveis estudadas. Porém, foi observada uma tendência de maior absorção de CO2 por A. fragans do que por A. rosaeodora. Pau rosa transpirou menos e apresentou melhor estratégia fisiológica diante do aumento das concentrações de CO2, pois absorveu carbono e economizou água. Por outro lado, A. fragans respondeu fisiologicamente ao aumento da concentração de CO2 com menor intensidade no processo fotossintético e maior perda de água, indicando situação de estresse hídrico. O comportamento ecofisiologico intra-específico em A. fragans, foi diferente significativamente (p< 0.0001) entre os tratamentos; os resultados demonstraram que esta espécie fotossintetizou e transpirou mais em condições de elevado CO2 e temperatura do que em condições normais de ambiente e reduziu a condutância estomática como estratégia de reduzir o fluxo de gases.
CONCLUSÃO:
As espécies demonstraram um comportamento fisiológico diferenciado tanto em ambiente natural como em simulação ambiental. Sob condições ambientais a macacaporanga realizou maior assimilação de CO2 e maior perda de água. O que demonstra que em condições naturais a espécie Aniba fragans pode desenvolver maior capacidade de absorção de CO2 o que vai influenciar o aumento da produção de óleo (linalol), mas terá que desenvolver estratégias de manutenção do potencial hídrico. Aniba rosaeodora sob elevada concentração de CO2 e temperatura, absorveu mais carbono do que Aniba fragans. Sugere-se futuramente que o pau-rosa será uma espécie mais adaptada as mudanças climáticas e eficiente quanto ao seqüestro de carbono. A macacaporanga mostrou-se menos favorecida quanto às condições climáticas futuras devido à redução da taxa fotossintética, perda de água, intensificando o processo de estresse hídrico dessa espécie.
Instituição de Fomento: Ministério da Educação/Diretoria de Ensino Básico
Palavras-chave: Fotossíntese, Pau-rosa, Seqüestro de carbono.