62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia
AS PRAÇAS PÚBLICAS E SUAS FUNÇÕES AMBIENTAIS: EXEMPLOS PARA A CIDADE DE NATAL/RN
Maria Rosângela Gomes 1
Luis Antonio Cestaro 1
1. Depto de Geografia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
INTRODUÇÃO:
A vegetação urbana tem despertado atenção tanto em decorrência da monotonia das cidades quanto em consequência das necessidades ambientais acentuadas pela expansão urbana e problemas dela decorrentes. Com o processo de urbanização brasileira, o reconhecimento das funções da vegetação passa a justificar, ainda mais, a sua inserção no interior das cidades. Nesse sentido, vale ressaltar que a praça enquanto espaço público constitui, desde os seus primórdios, um referencial urbano marcado pela convivência humana e que evolui em suas funções com a inserção da vegetação em seu espaço. Assim como outras cidades brasileiras, Natal/RN passa por um acelerado crescimento urbano, o que pode condicionar significativa diminuição de diversas áreas verdes públicas, reduzindo a qualidade de vida do cidadão natalense e aumentando o impacto sobre os ecossistemas "naturais" na cidade. O presente trabalho buscou caracterizar a vegetação arbórea existente nas praças públicas de Natal/RN e verificar como a população de usuários e moradores locais interage com as praças. A pesquisa foi realizada especificamente em quatro praças: Augusto Leite, localizada no bairro Barro Vermelho; Aristófanes Fernandes, em Petrópolis; Luis Raimundo de Sousa na Praia do Meio e a Praça Mestre Francisco Valentini, em Rocas.
METODOLOGIA:
Para análise das funções ambientais das praças públicas de Natal, consideramos: localização, histórico, situação dos imóveis e classe de rendimento das quatro praças públicas pesquisadas. A etapa de campo foi realizada nos meses de setembro e outubro de 2009 em dias e horários diferentes da semana, com finalidade de caracterizar as referidas praças públicas em termos de estrutura e diversidade arbórea, infraestrutura e estado de conservação dos elementos naturais e construídos. Foram realizadas no período entrevistas com os usuários das praças, com formulários fechados e abertos. Utilizamos amostra probabilística, tendo como critério a repetição das respostas dos entrevistados, somando um total de 10 questionários por praça. Para caracterização da arborização nas praças públicas selecionadas foi feito o levantamento de todas as árvores com alturas superiores a 1m de altura. A obtenção da altura das árvores e do diâmetro foram feitos por meio de estimativas. A identificação das espécies arbóreas foi feita no local ou apartir de material coletado e fotos para posterior identificação com base na literatura específica. Na segunda fase, os dados coletados foram interpretados através de análises quantitativa e qualitativa, relacionando os resultados com a bibliografia.
RESULTADOS:
De acordo com os dados da pesquisa, percebe-se que as maiores carências tanto em infraestrutura como na presença de vegetação, se encontram nas praças localizadas nos bairros onde predomina população com rendimento econômico relativamente mais baixo, especificamente nas praças Luis Raimundo de Sousa e Mestre Francisco Valentini, nos bairros Praia do Meio e Rocas, respectivamente. A pesquisa aponta, portanto, para uma possível correlação positiva entre o nível socioeconômico do bairro e a presença de equipamentos arquitetônicos, bem como a vegetação disposta nas praças. Apesar do conhecimento de algumas espécies de vegetais, a maioria dos usuários não percebem as funções que a vegetação desempenha em tais espaços. Para a maioria dos usuários os usos das praças estão diretamente ligados aos equipamentos para lazer. Mas o que se percebe é que a presença de equipamentos não é o suficiente para garantir o uso efetivo da praça, sobretudo nos horários diurnos. Observa-se, com freqüência, falta de interesse de órgãos públicos e da população no sentido de potencializar conhecer as funções da vegetação nos espaços públicos. A vegetação necessita ser percebida, além de sua função estética, como um elemento natural capaz de cumprir múltiplas funções no meio urbano.
CONCLUSÃO:
Dotar os espaços públicos de lazer de equipamentos para laser e de cobertura arbórea suficiente para garantir o conforto térmico da população que utiliza tal espaço é tarefa essencial, visto que estes constituem elementos fundamentais de uma praça e que se reflete nos usos e no funcionamento desses espaços de lazer, o qual deve fazer parte do cotidiano das pessoas, especialmente das que moram em bairros mais carentes de espaço de laser. Num espaço urbano com suas inúmeras contradições, tanto sociais quanto ambientais, as áreas livres públicas dotadas de vegetação se tornam elemento vital para o homem, visto que, contribui para a melhoria da qualidade de vida. Por isso, o planejamento urbano deve privilegiar espaços públicos de fácil acessibilidade com o intuito de favorecer todas as camadas sociais, dotando-os de equipamentos necessários ao desempenho de suas funções, privilegiando o uso e a acessibilidade da população e proporcionando uma relação positiva entre homem, vegetação e fauna, cuja função ecossistêmica é fundamental no meio urbano. Assim sendo, cabe aos órgãos públicos responsáveis pelo planejamento de tais áreas, a função de distribuir regulamente e cuidar das praças ao longo da malha urbana, independente do bairro em que se localize.
Palavras-chave: Arborização, Vegetação urbana, Praça pública.