62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 3. Análise Nutricional de População
AVALIAÇÃO DAS PRÁTICAS ALIMENTARES NA INFÂNCIA POR MEIO DE MARCADORES DE CONSUMO ALIMENTAR DO SISTEMA DE VIGILÂNCIA ALIMENTAR E NUTRICIONAL - SISVAN
Patrícia Danielle Fonseca de Miranda 2
Karla Danielly da Silva Ribeiro 1
Isabelle Fernandes Simonetti 2
1. Departamento de Nutrição / UFRN
2. Universidade Potiguar - UnP
INTRODUÇÃO:
Os cuidados com a alimentação da criança nos primeiros anos de vida são fundamentais por ser uma fase vulnerável, tendo em vista o fenômeno do crescimento e desenvolvimento e a sua total dependência. A avaliação de práticas alimentares na infância representa uma estratégia fundamental para o monitoramento da saúde, sendo um marcador essencial para estratégias de avaliação e desenvolvimento de políticas de saúde, uma vez que pode refletir condições de saúde. Para essa avaliação, o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional em 2008 adotou os formulários de marcadores de consumo alimentar, como estratégia de monitoramento alimentar. Por meio dos marcadores é possível avaliar a prevalência do aleitamento materno exclusivo, aleitamento parcial e a introdução precoce da alimentação complementar. Assim, esse trabalho teve como objetivo avaliar práticas alimentares de crianças menores de dois anos, por meio do formulário de marcadores de consumo alimentar.
METODOLOGIA:
O estudo foi do tipo transversal, realizado no Centro de Saúde Bela Vista, no bairro de Igapó- Natal/ RN, e teve como público-alvo todas as crianças menores de dois anos atendidas pelo Programa de Crescimento e Desenvolvimento (CD). Todos os responsáveis pelas crianças assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em consonância com o Comitê de Ética e responderam as perguntas presentes no formulário do SISVAN. O formulário era dividido em duas partes, a primeira se destinava a crianças menores de seis meses, com apenas uma pergunta sobre o tipo do aleitamento materno no dia anterior. A segunda parte era destinada às crianças com idade entre seis meses e dois anos, que continha um total de 15 perguntas sobre aleitamento materno, alimentação complementar e outras práticas alimentares. Por meio das respostas dos marcadores foram avaliadas as prevalências do aleitamento materno exclusivo, aleitamento exclusivo predominante e a introdução de outros alimentos diferente do leite materno (papas, frutas, leite de vaca, carne, alimento industrializados entre outros), bem como introdução precoce de alimentos industrializados e uso de açúcar simples nas preparações.
RESULTADOS:
O estudo foi realizado com 34 crianças, divididas conforme faixa etária em menores de seis meses, e entre seis meses e dois anos. Entre as crianças menores de seis meses (n=25), foi observado que dentre os alimentos oferecidos no dia anterior, o leite materno foi citado por apenas 23% (n= 13), e o menos citado foi a fórmula infantil com 4% (n=2). Entre as crianças de seis meses a dois anos (n=9), apenas 45% (n=5) apresentaram aleitamento materno exclusivo até os seis meses. Esse achado é preocupante, uma vez que a introdução precoce de outros alimentos está relacionada com o aumento da morbi-mortalidade infantil, a interferência na absorção de nutrientes, o aumento do risco de alergia alimentar, e a maior ocorrência de doenças crônico-degenerativas na idade adulta. Ao ser avaliada a alimentação complementar no último grupo, foi relatado que a maioria das crianças consumia frutas- 67% (n=6), verduras e legumes- 78% (n=7) e carnes- 67% (n=6), resultado em conformidade com as recomendações da Organização Mundial de Saúde. O consumo de açúcares representou 56% e de refrigerante 22%. A presença desses alimentos contribui com o desenvolvimento de cáries e prejudicam a formação de hábitos alimentares saudáveis na infância, além de colaborar com o surgimento de distúrbios nutricionais.
CONCLUSÃO:
A prevalência de aleitamento materno exclusivo foi baixa e a maioria das crianças apresentou uma alimentação complementar desconforme com as recomendações da Organização Mundial de Saúde, exceto no tocante ao consumo de frutas, legumes, verduras e carnes, devido a introdução precoce de outros alimentos, como outros tipos de leites, açúcares e bebidas açucaradas (refrigerantes). Essas práticas alimentares podem favorecer o desenvolvimento de distúrbios nutricionais, bem como doenças crônicas não-degenativas no futuro, fazendo necessários a conscientização e o incentivo ao aleitamento materno exclusivo e orientações de alimentação complementar que favoreçam o adequado crescimento e desenvolvimento das crianças.
Palavras-chave: Práticas alimentares, Alimentação da criança, Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional.