62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
RELAÇÃO PESO-COMPRIMENTO PARA Ucides cordatus (LINNAEUS, 1763) (CRUSTACEA, BRACHYURA, OCYPODIDAE) NA REGIÃO DE PORTO DO MANGUE - RN
Carlos Eduardo Rocha Duarte Alencar 1, 3
Paulo Victor do Nascimento Araújo 2, 3
Alexandre de Oliveira Marques 2, 3
Fúlvio Aurélio de Morais Freire 3, 1, 4
1. Depto. de Botânica, Ecologia e Zoologia - UFRN
2. Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA
3. GEEFAA - Grupo de Estudos em Ecologia e Fisiologia de Animais Aquáticos
4. Prof. Dr. / Orientador
INTRODUÇÃO:
O caranguejo-uçá, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) é uma espécie de caranguejo semi-terrestre, exclusiva de áreas de manguezais, com distribuição no Atlântico Ocidental, da Flórida (EUA) até Santa Catarina (Brasil). A captura dessa espécie é uma das atividades mais antigas de extrativismo destacando-se por seu grande porte e carne de alto valor nutritivo. Denomina-se crescimento relativo, o estudo que compara as taxas de crescimento corporais entre ou dentro das espécies. Para os crustáceos, principalmente nos Brachyura, esta ferramenta é amplamente utilizada, diante das evidentes diferenciações morfológicas no tocante ao dimorfismo sexual encontrado nos espécimes, como é o caso do U. cordatus. A relação peso-comprimento tem sido também utilizada em análises pesqueiras por diversas finalidades: converter uma variável em outra ou estimar um peso esperado para certo tamanho corporal. Outro fato a ser abordado é que modificações do meio podem determinar a taxa de crescimento corporal dos indivíduos de forma diferente entre populações. Precipitação pluviométrica, temperatura e oferta de alimento, são alguns fatores que podem influenciar no crescimento ontogenético. Este trabalho teve como objetivo estimar a relação peso-comprimento de U. cordatus na região de Porto do Mangue-RN.
METODOLOGIA:
Espécimes de U. cordatus foram coletados no período de outubro de 2009 a fevereiro de 2010 em manguezal próximo ao estuário do Rio das Conchas (5°4'1,21"S e 36°45'31,40"W), situado na cidade de Porto do Mangue - RN. Os exemplares foram coletados utilizando-se a "redinha" como arte de pesca. Após capturados, os indivíduos foram armazenados em sacos plásticos, rotulados e levados para Universidade Federal Rural do Semiárido. Em seguida, os exemplares foram contados, sexados, mensurados quanto à largura da carapaça (LC), com auxílio de paquímetro (precisão=0,01mm) e pesados quanto ao peso total (PT) em balança semi-analítica (precisão=0,01g). Foi analisada a distribuição de freqüência dos indivíduos capturados por classes de LC. A relação peso-comprimento foi estimada utilizando a equação PT=aLCb, onde o expoente "b" representa a taxa de crescimento (coeficiente angular), e o parâmetro "a" o coeficiente linear. Os dados de LC e PT foram convertidos em logaritmo neperiano, objetivando converter o modelo potencial em linear. Para testar as diferenças entre os parâmetros das curvas ajustadas (machos e fêmeas), uma análise de ANCOVA foi aplicada aos parâmetros das regressões lineares (p<0,05). Foi utilizado o teste t para analisar a significância do coeficiente de correlação de Pearson.
RESULTADOS:
Na coleta foram contabilizados 154 indivíduos de U. cordatus, distribuídos em machos (116 ind.) e fêmeas (38 ind.). O baixo número de indivíduos é explicado pelo baixo esforço utilizado nas capturas (1 catador). Os machos obtiveram LC médio de 62,25±5,72mm e PT médio de 123,96±32,21g, enquanto que as fêmeas registraram LC médio de 53,39±4,34mm e PT médio de 79,39±14,59g. A análise estatística revelou haver diferença significativa (p < 0,05, F = 4,07) entre a relação peso-comprimento de machos e fêmeas. A linearização dos dados de LC e PT analisadas apresentaram elevados coeficientes de determinação para machos (R² = 0,72; r = 0,85; p < 0,01) e fêmeas (R² = 0,84; r = 0,92; p < 0,01). A relação peso-comprimento de U. cordatus foi estimada em PT = 0,004*LC2,47, para os machos e PT = 0,017*LC2,11, para as fêmeas. Ambos os sexos apresentaram crescimento do tipo alométrico negativo (b < 3). Na infraordem Brachyura, machos adultos geralmente alcançam um tamanho e peso maior em relação às fêmeas adultas, embora alguns autores tenham observado valores similares para machos e fêmeas (90,3mm e 88,6mm, respectivamente). Nos machos, a variação de peso em relação às fêmeas pode ser explicada pelo aumento e maior peso do corpo e quelípodo.
CONCLUSÃO:
Verificou-se através de análises estatísticas para U. cordatus da região de Porto do Mangue-RN, que os machos são maiores que as fêmeas. As médias de LC obtidas neste trabalho apresentaram valores maiores aos encontrados em outros trabalhos de crescimento relativo de U. cordatus realizados no Pará, Piauí, Rio Grande do Norte e São Paulo. Quanto à taxa de crescimento "b", os valores alcançados foram os menores dentre os trabalhos já citados, indicando uma menor taxa de crescimento do animal nesta localidade. Assim sendo, os estudos de morfologia são essenciais para elucidar a estrutura populacional, além de contribuir com informações importantes para o manejo e conservação de estoques pesqueiros de U. cordatus.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq - Edital Universal (processo 480106/07-0)
Palavras-chave: Ucides cordatus, Crescimento alométrico, Crustacea.