62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química de Produtos Naturais
PERFIL FITOQUÍMICO, TEOR DE LIPÍDIOS E PROTEÍNAS DO CLONE BRS 189 DE CASTNAHA DE CAJU (Anacardium occidentale L.)
JOILNA ALVES DA SILVA 1
SELENE MAIA DE MORAIS 1
CRISTIANE DUARTE ALEXANDRINO 1
JÉSSICA RAMALHO LIMA 1
DEYSIANE ARRUDA PRADO 1
MICHELINE SOARES COSTA OLIVEIRA 1
1. CURSO DE QUÍMICA, CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA, UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEAR
INTRODUÇÃO:

O clone BRS 189 originou-se da seleção fenotípica individual dentro de progênies obtidas do cruzamento entre os clones de cajueiro-anão precoce CCP 1001 e CCP 76, seguida de avaliação clonal dos genótipos selecionados, no Campo Experimental de Pacajus, CE. Foi lançado para o plantio comercial, em cultivo irrigado, no Estado do Ceará, no ano de 2000. Apresenta como características, plantas de porte baixo, altura média de 3,16 m. O peso da castanha é 7,9 g, enquanto que o peso da amêndoa é 2,1 g e a relação amêndoa/casca é cerca de 26,6%. Para o pedúnculo, os indicadores agroindustriais desse clone são peso médio de 155,4 g, produção anual de 12.738 kg/ha., o conteúdo de vitamina C de 251,86 mg/100g de polpa e teor de tanino oligomérico de 0,30%. Pelas suas características, o clone é mais recomendado para o mercado de mesa. Os vegetais superiores sintetizam e acumulam uma grande diversidade de compostos fenólicos, cujo papel no metabolismo da planta não está inteiramente elucidado (JULKUNEN-TIITTO 1985). Fatores abióticos naturais como irradiação solar, luz UV, seca, nutrientes e estações do ano influenciam no metabolismo e na produção destes compostos (GLYPHIS & PUTTICK 1988). O objetivo deste trabalho foi analisar os metabólitos primários e secundários presentes no clone de caju BRS 189, e verificar a relação entre esses metabólitos e seu potencial antioxidante.

 

METODOLOGIA:

O pendúnculo e a castanha do clone BRS 189, foram obtidos da Estação Experimental da EMBRAPA Agroindústria Tropical em Pacajus, CE. Os testes fitoquímicos foram realizados segundo MATOS (1997). A extração da gordura foi realizada com cerca de 10,0g da amostra moída, colocadas em cápsula de papel filtro para extração em sohxlet durante 4 horas, utilizando como solvente clorofórmio. Os teores de fenólicos totais dos extratos metanólicos, foram determinados segundo PANSERA et al. (2003) com modificações. As proteínas foram quantificadas pelo método de BRADFORD (1976). Foi avaliada a atividade antioxidante de acordo com YEPEZ et al. (2002), em um tubo de ensaio, colocam-se 3,9 ml de solução metanólica 6,5 x 10-5 M do radical livre DPPH e. As leituras foram feitas em espectrofotômetro a 515 nm após 1 hora de reação. Para obtenção dos ácidos graxos livres, os lipídeos foram primeiramente saponificados. O processo de saponificação foi efetuado em banho-maria à 65o C por 15 min, seguido de resfriamento METCALFE et. al., (1954). Os ésteres sódicos obtidos no processo de saponificação foram transformados em ésteres metílicos voláteis, depois separados e identificados por cromatografia de fase gasosa. Utilizou-se, para isso, uma coluna capilar (coluna DB-5). Foi utilizado um cromatógrafo a gás da HP 5890 série II, acoplado a um espectrofotômetro de massa (5965 A).

 

RESULTADOS:

Os testes de metabólitos secundários presentes no pedúnculo de caju foram positivos para fenóis, taninos, antocianinas, flavonóides, flavonóis, flavononas, flavononóis, xantonas, triterpenóides e negativo para esteróis. Os ácidos graxos presentes na castanha foram 6,14 % de ácido palmítico (16:0), 9,74 % de ácido esteárico (18:0), 65,23 % de ácido oléico, 18,26 % de ácido linoléico e 0,64 % de ácido eicosenóico (20:0). A castanha apresentou valores mais elevados para fenóis totais (8,3 %), lipídios (63,41 %), fitoesteróis (60 %) e proteínas (3,5 %), já que relatos na literatura indicam que o pedúnculo de caju é rico em fibras e taninos, para ele temos  fenóis totais (6,7 %), lipídios (49,96 %) e proteínas (2,7 %). A atividade antioxidante das amostras expressas pelo índice de varredura de 50 % do radical livre (IV50) mostrou que a castanha apresenta melhor atividade antioxidante que o pendúnculo. Em relação às proteínas presentes o teor observado está abaixo do visto na literatura para ambos, sugerimos então que como o clone BRS 189 é híbrido, essa diferença deve ter relação com sua modificação genética.

CONCLUSÃO:

De acordo com os resultados obtidos neste trabalho, o clone BRS 189 contém teores de lipídios dentro do esperado, principalmente para castanha, que é uma semente oleaginosa. Além do excelente conteúdo de vitamina C o pendúnculo ainda apresentou um relativo potencial antioxidante, com isso esse clone contém todos os pré-requisitos para ser uma fruta rica em nutrientes e excelente alimento para ser inserido na dieta diária do ser humano.

 

Instituição de Fomento: Fundação Cearence de Apoio ao Desenvolvimento Científico - FUNCAP
Palavras-chave: CAJU, ANTIOXIDANTE, ÁCIDOS GRAXOS.