A região da Cuesta de Botucatu apresenta características ímpares no que diz respeito ao relevo, sendo uma importante área de recarga do Aqüífero Guarani. Apesar das suas peculiaridades é altamente explorada pelo setor agropecuarista do estado, o que promove a concentração de terras e bens produtivos. Este processo histórico gera além das desigualdades uma descaracterização da cultura tradicional caipira, sendo inúmeras as contradições sociais vividas pelos pequenos produtores e a dependência destes por intervenções governamentais. O centro urbano mais importante da região é a cidade de Botucatu, pólo comercial e tecnológico com domínio de monoculturas.O bairro rural Chaparral é um dos setores produtivos mais marginalizados do município, apresenta muitas demandas de serviços básicos e conflitos com a empresa produtora de eucalipto. Neste sentido, o estudo pretende realizar um diagnóstico sócioambiental da região, com base no levantamento do perfil dos pequenos agricultores e fomentar ações no interior desse grupo para que constituam coletivos organizados e aprofundarem conhecimentos da realidade e da potencialidade ambiental desta região. Tal diagnóstico pode colaborar na elaboração de programas de Educação Ambiental visando melhorias na qualidade sócio-ambiental do meio rural.

As informações serão analisadas na perspectiva da pesquisa qualitativa, tendo se em vista os diferentes materiais para a construção dos dados da pesquisa. Pretende-se apresentar como critérios de verificação e de fidedignidade a triangulação dos dados. Os resultados do estudo deverão ser utilizados como referência para o diagnóstico das concepções e da situação sócio-ambiental da comunidade pesquisada. Os dados registrados no diário de campo, nas entrevistas, nos questionários, além daqueles advindos das produções de imagens, serão analisados de forma articulada. Inicialmente pretende-se organizar os dados obtidos na fase de trabalho de campo, esta deverá propiciar uma visão ampla da investigação. A seguir pretende-se classificar os dados que relacionem as categorias provenientes do embasamento teórico e documental com as categorias empíricas extraídas do trabalho de campo, no sentido de provocar uma relação interrogativa e analítica entre elas. Finalmente, seguir-se-á análise final, esta consiste no encontro do que foi construído no trabalho de campo com as relações essenciais advindas das análises e proposições teóricas, com o objetivo de apresentar pistas e indicações que fundamentem propostas de programas de educação ambiental para a formação de coletivos.

A partir deste estudo, pretende-se desvendar aspectos ambientais, históricos e culturais desta comunidade, focando a dinâmica de interações interpessoais enquanto grupo e as relações de uso e apropriação dos recursos naturais. Os resultados do diagnóstico serão de grande importância para subsidiar possíveis intervenções que contribuam na construção coletiva de melhorias para a qualidade de vida no ambiente rural e na conservação e recuperação da biodiversidade da região da Cuesta de Botucatu, além de contribuir para produção e divulgação de conhecimentos científicos e outros saberes sobre a situação sócio-ambiental de regiões de intensa exploração do solo.  Dessa forma, este estudo pretende fomentar ações no interior desse grupo visando o desenvolvimento e organização coletiva e aprofundando conhecimentos da realidade e potencialidade ambiental desta localidade frente às contradições sociais presentes. Os pressupostos do estudo estão ancorados na hipótese de que a educação participativa (princípio central da educação ambiental crítica) e o trabalho em conjunto podem contribuir para o conhecimento e transformação da realidade, na dependência de como se desenvolvem as interações sociais.