62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
DEPRESSÃO SENIL: REALIDADE DE IDOSOS ASILADOS EM MINAS GERAIS
Verônica Aparecida Nery Pereira 1
Roberta Xavier Bruno 1
1. Faculdade de Minas - FAMINAS - Muriaé/MG
INTRODUÇÃO:
O estudo do envelhecimento e da velhice, como processos do ciclo vital, é hoje um dos principais pontos de atenção dos agentes sociais e governamentais, bem como da medicina em geral. O processo de envelhecimento populacional no Brasil tem sido rápido e intenso. O envelhecimento pode resultar na presença de múltiplas doenças, prejuízos e incapacidade nos idosos. Na população envelhecida, a depressão encontra-se entre as doenças crônicas mais freqüentes e mais comuns, que elevam a probabilidade de desenvolver incapacidade funcional. Ela caracteriza-se como um distúrbio da área afetiva ou do humor, que exerce forte impacto funcional em qualquer faixa etária. É um distúrbio de natureza multifatorial, que envolve inúmeros aspectos de ordem biológica, psicológica e social. As causas de depressão no idoso configuram-se dentro de um conjunto amplo de componentes onde atuam fatores genéticos, eventos vitais e doenças incapacitantes, entre outros. Cabe ressaltar que a depressão no idoso freqüentemente surge em um contexto de perda da qualidade de vida associada ao isolamento social e ao surgimento de doenças clínicas graves e que o asilamento sabidamente contribui para esse fator.Diante do exposto, o objetivo deste estudo é analisar o índice de sintomas de depressão em idosos asilados em municípios do interior de Minas Gerais.
METODOLOGIA:

O universo amostral foi de quatro asilos do interior de Minas Gerais e a pesquisa foi realizada no período de agosto a novembro de 2009. Dos asilos avaliados, dois pertencem a cidade de Muriaé, um à cidade de Matipó e outro na cidade de Miraí; cidades próximas na mesma região de Minas Gerais. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi a "Escala de Depressão Geriátrica", validado por Yesavage em 1992. Essa escala é um teste para detecção de sintomas de depressão no idoso, com 15 perguntas negativas/afirmativas. O resultado final de 5 ou mais pontos indica depressão e pode ser adotado como uma das ferramentas no diagnóstico da depressão. Inicialmente foram realizados contatos com a direção dos asilos participantes, e os diretores administrativos de cada asilo assinaram o termo livre e esclarecido para a realização da pesquisa. A coleta de dados só teve início após a autorização dos mesmos. A Escala de Depressão Geriátrica foi aplicada através de entrevista, onde o estagiário fazia a pergunta e o idoso o respondia SIM ou NÃO, sendo esta realizada individualmente. O projeto obteve parecer favorável do Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Minas- FAMINAS (CONEP), acatando a Lei 196/96 do Conselho Nacional de Saúde que regulamenta a pesquisa em seres vivos.

RESULTADOS:
Foram analisados 75 questionários nos 4 asilos participantes, destes 38 idosos são do sexo feminino e 37 do sexo masculino, havendo homogeneidade na amostra com relação ao gênero. A idade média entre os participantes foi de 68 anos.

Dos idosos entrevistados, 43 são da cidade de Muriaé, a maior cidade entre as três pesquisadas. Destes, 26 pertencem ao asilo A e17 idosos residem no Asilo B. Da cidade de Matipó (Asilo C) participaram 14 idoso e finalmente na cidade de Miraí ( Asilo D) 18 idosos participaram voluntariamente da pesquisa.

De acordo com a análise dos dados, do número total de idosos asilados, 59% deles apresentavam sintomas de depressão. Entre eles a questão que recebeu maior porcentagem foi a 1 que trata de: satisfeito com a vida. Com relação ao gênero, não houve prevalência de um sexo sobre outro a porcentagem foi igual para homens e mulheres (29,3%). Nesta população estudada não houve prevalência do sexo feminino nem na amostra e nem nos sintomas conforme afirmam alguns autores. Podemos observar também que apesar de termos um grande número de idosos com índice de depressão, alguns afirmam estar satisfeitos com a vida e outros ainda afirmam estar cheios de energia. Quando comparados entre si os asilos apresentam discreta diferença no índice de depressão. O asilo que apresentou maior índice de sintomas que caracterizam depressão foi o Asilo C, seguidos pelo Asilo B, 59%, Asilo A, 58% e Asilo D 56%. Na cidade de Muriaé o índice foi de 58,3% em função da inclusão de dois asilos. Observamos que o asilo C há um número maior número de idosos com índice de depressão, ressaltando assim que mesmo sendo uma cidade de apenas 16.430 habitantes, o índice de depressão é maior do que no asilo A e B, cuja população da cidade é de 99.698 habitantes.

CONCLUSÃO:
Essa pesquisa aponta que os idosos entrevistados têm alto índice de depressão de acordo com a Escala de Depressão Geriatria (EDG), e os idosos do Asilo C apresentam os maiores índices quando comparados aos demais. Não houve prevalência dos sintomas entre gêneros. Embora uma grande parcela apresente sintomas de depressão, alguns ainda afirmam satisfação pela vida e até mesmo estar cheios de energia.

Este trabalho se não se preocupou em avaliar as razões dessa sintomatologia, pois a depressão é conhecida por suas causas multivariadas, mas sim reconhecer através de sintomas a prevalência de depressão em idosos asilados.

Em um país com crescimento acelerado no número de idosos, estudos são importantes para que através de seus resultados, soluções possam ser encontradas para enfrentar esses problemas de ordem pública.

Palavras-chave: Idosos, Depressão, Escala de Depressão Geriátrica.