62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 8. Economias Agrária e dos Recursos Naturais
Desenvolvimento rural: características e indicadores segundo as grandes regiões brasileiras  
CLAUDIANO MARIANO DA SILVA 1
MARIA MESSIAS FERREIRA LIMA 1
1. UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI
INTRODUÇÃO:

As discussões envolvendo o espaço rural vêm se fortalecendo desde o final do século XX, focado em novos conceitos e práticas que reestrutura os limites entre urbano e rural, transformando a posição dos atores sociais envolvidos nas questões do campo-cidade. À medida que ocorre o desenvolvimento da agricultura brasileira pela implementação de tecnologias em sua produção, acompanhado de uma crescente concentração agrária e uma baixa elasticidade renda dos produtos comparados com os industrializados, ocasionou dessa forma um desenvolvimento desigual e excludente que tem raízes no processo histórico de ocupação territorial, onde algumas regiões por não apresentarem os mesmos fatores condicionantes para esse desenvolvimento e características semelhantes de produção. A agricultura praticada pelas regiões Nordeste e Norte permanece extensiva e com baixa produtividade servindo apenas de base para o fornecimento de matérias prima e abastecimento alimentar. Nesse contexto, a pesquisa te como objetivo analisar as características do desenvolvimento rural e seus principais indicadores segundo as grandes regiões. Dessa forma, a motivação para a realização dessa pesquisa vem da inquietação e da necessidade de entender o perfil do desenvolvimento rural brasileiro ocorrido nas últimas décadas.

METODOLOGIA:

O estudo baseou-se inicialmente em uma pesquisa bibliográfica para fundamentar o tema. Os dados utilizados são de origem secundária, obtidos através das publicações do MDA, DIEESE, NEAD e IBGE. Os principais indicadores utilizados foram: população rural e urbana, nível de acessibilidade, estrutura fundiária, escolaridade, índice de Gini, distribuição da área total dos imóveis pelo tamanho da propriedade, ocupação, rendimento médio, malha viária,PIB per capita e área média dos estabelecimentos. Os dados foram trabalhados através da análise tabular e gráfica para os indicadores elencados.

 

RESULTADOS:

Em relação à distribuição da população em urbana e rural houve sem duvida uma reconfiguração a parti da década de 1970, ocasionado pelo aumento dos fluxos migratórios para as regiões industrializadas.  Em relação aos fatores que impossibilitam o desenvolvimento de algumas regiões encontra-se a estrutura fundiária caracterizada pela concentração de terras que em 2003 tinha 31,6% dos imóveis com até 10ha ocupando apenas 1,8% da área total, enquanto que 0,8% dos imóveis com área de até 2000ha ocupava 31,6% da área total. Em relação á escolaridade observou-se que para todas as regiões o número médio de anos de estudo não chega a 6 anos para os residentes na área rural. Quanto ao rendimento médio por região apresenta uma grande disparidade, ou seja, para o Sul R$ 440,00, para o Nordeste R$ 179,00. A densidade demográfica apresenta-se também de forma bem diferenciada, Sul e Sudeste apresenta uma alta densidade demográfica enquanto que as regiões Norte e Nordeste apresentam menores índices. Os indicadores de isolamento, como a malha viária por superfície territorial as regiões Sul e Sudeste também apresenta os melhores indicadores de acessibilidade permitindo um melhor nível de desenvolvimento rural refletindo em uma renda per capita mais elevada que as outras regiões.

CONCLUSÃO:

Observou-se que o desenvolvimento rural ocorrido até então apresentou-se de forma dual, ou seja, enquanto as regiões Sul e Sudeste conseguiram elevar os seus indicadores de renda, educação, acessibilidade e estrutura fundiária outras como o Norte e Nordeste não conseguiram ainda superar os seus principais estrangulamentos dentre eles a pobreza rural, pois as mudanças nessas variáveis não foram substanciais para essas regiões, configurando a permanência do desenvolvimento desigual e excludente. Através desses fatores é possível verificar o nível de desigualdade em relação ao desenvolvimento rural segundo as grandes regiões, sendo necessário nesse cenário uma política de desenvolvimento que permita a inclusão e uma melhor redistribuição de renda entre campo e cidade, valorizando o campo e o emprego rural, onde o processo de implementação de novas tecnologias na produção de empresas agrícolas, pode acarretar  o retorno da população para a área rural, construindo um novo modelo de desenvolvimento em que os objetivos econômicos e sociais possam ser experimentados pela população que reside em áreas menos valorizadas pelas culturas de exportação, mas que o desenvolvimento do mercado local possa criar novas oportunidades de emprego e renda.

Instituição de Fomento: PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTIFICA
Palavras-chave: DESENVOLVIMENTO RURAL, GRANDES REGIÕES, DISPARIDADES REGIONAIS.