A Igreja da Madre de Deus é um dos templos católicos de Recife, sua reconstrução no século XVIII se deve à congregação dos Oratorianos S. Filipe de Néri criada na Itália. Em 1660  Bartolomeu de Quental envia a Pernambuco, dois oratorianos, para a catequese dos Índios. Os Oratorianos resolveram estabelecer um hospício junto à Igreja, o centro urbano mais desenvolvido, sendo instalado num terreno doado, porém, na condição da igreja não ter portas para a rua e o local escolhido era junto a igreja. O rígido comportamento da congregação foi fundamental para o sucesso do empreendimento. Em 1685 uma epidemia de febre amarela atacou o Recife, os Oratorianos permaneceram no povoado, cuidando dos enfermos e, sepultando-os na Igreja da Madre de Deus devido a ausência de cemitérios públicos. Em finais do século XVIII chegava à capitania de Pernambuco relatos sobre o odor das igrejas devido a grande quantidade de sepultamentos. Nesta época o Governador Marquês de Montebelo, proibiu sepultamentos na igreja, passando então a ocorrer no quintal da mesma. Em dezembro de 1754 os padres Oratorianos receberam autorização para usar o terreno conhecido como o Lamarão, situado entre a igreja e o Forte de Matos para os sepultamentos. Atualmente ali funciona  o Paço Alfândega.

O material é composto de cabeças ósseas exumadas da Igreja da Madre de Deus. Nelas foram feitas triagem e contagem; o método de trabalho consistiu na identificação óssea e análise macroscópica em laboratório com uso de lupa de pala, compasso de espessura e tábua osteométrica. Os restos ósseos foram limpos com pincel seco e acondicionados em sacos plásticos.Para reconhecimento da idade em crianças, os critérios são baseados na erupção dos dentes e para os adultos utiliza-se o grau de evolução das suturas cranianas e suas modificações. A paleopatologia que estuda as doenças de homens primitivos ou grupos humanos através das análises de seus restos serviu como base de estudo, pois, os materiais estudados são vestígios arqueológicos e existem limites para a sua análise, que reside na sua conservação, que depende do estado dos mesmos e, muitas vezes são encontrados fragmentados, mesmo assim fornece informações importantes. Em seguida o material era acomodado em sacos plásticos, etiquetado e guardado. No trabalho foram levantados também as fontes escritas de localização, ordem religiosa e habitantes da região. O Material encontra-se no Laboratório e Museu de Arqueologia da Universidade Católica de Pernambuco.

O material de origem humana exumado da Igreja da Madre de Deus, permitiu a identificação de 14 cabeças ósseas, sendo: 12 de adulto e 2 de criança, que correspondem a 14 esqueletos. Algumas cabeças encontravam-se incompletas, ou seja, sem alguns ossos como descritos a seguir: 1 crânio sem os ossos: zigomático direito, maxilar direito, nasal direito, vômer, mandíbula e a concha nasal inferior; 4 cabeças óssea encontrada sem os ossos da face. Porém junto ao mesmo foi encontrado fragmento de osso maxilar e zigomático, uma calota craniana apresentava lesão no osso occipital; 1 cabeça  sem os ossos da face e na calota ficou constatado a fragmentação do osso occipital e o temporal direito e esquerda. 1 cabeça totalmente fragmentada ossos encontrados: temporal e o parietal parte final do osso occipital. 05 crânios incompleto sem a mandibula, 1 crânio de criança sem a mandibula. 1 crânio de criança com ossos frontal, parietal e occipital isolados. As lesões apresentadas nos ossos parietal e temporal, pelas características podem estar relacionadas às ações antrópicas. As modificações realizadas nas sepulturas, além da ação do solo, dos vegetais e das bactérias permitiram também algumas transformações ósseas.

A paleopatologia não revelou outros dados que pudessem sustentar alguma hipótese sobre a causa da morte, por conseguinte pode-se supor que foi resultante da febre amarela ocorrida na época. Foram também observados desgastes dentários principalmente ao nível dos molares provavelmente decorrente do tipo de alimentação dos indivíduos. As análises tafonômicas diagnosticaram o forte efeito do intemperismo sobre as cabeças ósseas encontradas. No que se refere as alterações provocadas por ação antrópica, pode-se constatar que muitos ossos resgatados encontravam-se desarticulados e com alto grau de fragmentação, que são características de fraturas antrópicas podendo ser reflexo de obras anteriores que impactaram a área escavada. Os trabalhos de exumação do material paleoantrópologico proveniente da Igreja da Madre de Deus permitiram chegar à outras conclusões tais como, alguns ossos apresentavam bom estado de conservação, outros evidenciaram efeitos resultantes do intemperismo físico, ligados às condições ambientais, sobretudo do solo. Os indivíduos exumados apresentavam boa constituição óssea e grande parte das amostras foi constituía por indivíduos jovens.