62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 4. Enfermagem Obstétrica
RAZÕES QUE MOTIVAM A AUSÊNCIA DO HOMEM/COMPANHEIRO NA CONSULTA DE PRÉ-NATAL: A ÓPTICA DA GESTANTE.
Danyelle Leonette Araújo dos Santos 1
Rosineide Santana de Brito 1
Flávio César Bezerra da Silva 1
Leonardo José Dantas Pinheiro de Araújo 1
1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte
INTRODUÇÃO:
A consulta de pré-natal apresenta relevância, pois nela a grávida esclarece suas dúvidas e recebe informações e assim vivenciar a gestação e a maternidade plenamente. Nesse contexto, a participação do companheiro é reconhecida como algo benéfico, visto que sua presença oferece a ela segurança, bem-estar e tranqüilidade. Entretanto, no cotidiano das Unidades Básicas de Saúde, percebe-se a ausência dos homens nas consultas de pré-natal. Tal fato guarda relação com o arquétipo masculino presente em nossa sociedade, na qual a figura do homem/companheiro é tida como aquela que provê as necessidades materiais da família. Diante dessa realidade, a presente pesquisa teve como objetivo identificar os fatores que motivam a ausência do companheiro nas consultas de pré-natal. Espera-se que o alcance desse objetivo contribua com a elaboração de medidas que incentivem o envolvimento do parceiro nos cuidados pré-natais.
METODOLOGIA:
Estudo exploratório e descritivo, com abordagem quantitativa, desenvolvido em um Centro de Saúde localizado no município de São Gonçalo do Amarante, Rio Grande do Norte. Participaram da investigação vinte mulheres cadastradas no programa de pré-natal, que atenderam aos seguintes critérios de inclusão: idade igual ou superior a 18 anos, que convivessem sob o mesmo teto com o companheiro e este não tivesse participado de nenhuma consulta até o momento da entrevista. A coleta de dados ocorreu no período de março a maio de 2009 e foi utilizado um roteiro de entrevista semi-estruturado, constituído por questões sócio-demográficas e específicas ao objeto de estudo. Salienta-se que antecedente a esse processo, obteve-se autorização formal da direção do Centro de Saúde, bem como as gestantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, autorizando a realização da entrevista. Os depoimentos foram transcritos e neles identificadas as unidades de significado, as quais foram contabilizadas em freqüência absoluta e relativa, em seguida analisadas e discutidas. O estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, obtendo parecer favorável de número 028/2009.
RESULTADOS:
Os dados obtidos revelaram que, das gestantes entrevistadas, 13 (65%) consideraram o trabalho como principal razão para a ausência dos homens às consultas de pré-natal. Esse fato, para elas, se deve a incompatibilidade de horários do funcionamento dos serviços de saúde com a jornada de trabalho dos companheiros, bem como o risco de redução de salário, caso eles faltem. Nesse sentido, as depoentes admitem não haver liberação por parte do empregador para que o parceiro possa lhe acompanhar durante o pré-natal. Além do trabalho, 11 gestantes (55%) apontaram a indisponibilidade de tempo e 8 (40%) mencionaram que os respectivos parceiros não gostam ou não querem freqüentar os serviço de saúde. Entretanto, algumas afirmaram que os companheiros dão esperança de, ocasionalmente, freqüentar o serviço de saúde, mais especificamente, a consulta de pré-natal e realização dos exames de ultra-sonografia De modo geral, observa-se que o homem ainda é influenciado pela cultura patriarcal em que o esteriótipo favorece a ideologia do serviço de saúde como ambiente para as mulheres.
CONCLUSÃO:
Os resultados revelam o trabalho como fator principal da não participação do companheiro nas consultas de pré-natal. Diante disso, entende-se ser necessário a criação de políticas trabalhistas que garantam o direito ao homem de acompanhar a mulher grávida, de modo que juntos possam compartilhar os diferentes momentos vivenciados na gravidez. Além do mais, cabe aos profissionais que atuam nos serviços de assistência a gestante, sobretudo o enfermeiro, estimular e viabilizar a participação do cônjuge no pré-natal.
Instituição de Fomento: CNPq
Palavras-chave: Enfermagem Obstétrica, Cuidado Pré-Natal, Cônjuges.