62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
AÇÕES EDUCATIVAS SOLIDÁRIAS E A PROMOÇÃO DOS VALORES HUMANOS: A CONTRIBUIÇÃO DA GESTÃO EDUCACIONAL
Maria da Conceição Neves Silva 1
Maria Margarete Sampaio de Carvalho Braga 1
1. Profa. Orientadora - UECE/UFPE
INTRODUÇÃO:
A sociedade atual fomenta ações individualistas e comportamentos competitivos nos seres humanos, induzindo ao atendimento às exigências do sistema capitalista, cujo intuito é elevar os padrões de consumo, carreado pelo desejo desenfreado em obter bens materiais, dinheiro e poder. Como resultado, temos uma cultura não-solidária que cresce em escalas gigantescas. A sequela dessa imposição é o número expressivo de pessoas calculistas e insensíveis aos problemas e sofrimento do próximo. As escolas, por sua vez, há muito tempo, reproduzem essa matriz mercantilista, instigando a competitividade. Reinventar a educação é a nova ordem (BRANDÃO, 1995), cabendo aos gestores progressistas a tarefa de desenvolver uma prática democrática, a partir de propostas pedagógicas que mobilizem os sujeitos a envolverem-se em projetos solidários. O estudo nasce da necessidade de mudança do paradigma instalado há muito tempo no sistema educacional e versou sobre as temáticas: gestão democrática e solidariedade. A contribuição e relevância da pesquisa se constitui em colaborar com uma educação voltada e pautada no respeito e na formação de valores humanos, a partir do desenvolvimento do seu objetivo geral: evidenciar as aprendizagens resultantes do envolvimento dos sujeitos em ações solidárias.
METODOLOGIA:
O estudo, de natureza qualitativa, utilizou elementos da pesquisa-ação. Para alcançar o objetivo proposto, foi organizado, em parceria com a escola, uma gincana que objetivava arrecadar materiais de construção, que teve por objetivo ajudar uma família da comunidade local a construir uma moradia mais dgna. A atividade constou de dois momentos: o primeiro baseou-se no levantamento de recursos, através de ações que foram feitas por todos os envolvidos e o segundo constou da construção e entrega da moradia. O instrumento utilizado para coleta e interpretação dos dados foi o questionário semi-estrututrado, a partir do qual foi construído um quadro-síntese para a realização da análise e interpretação narrativa. As questões envolveram a percepção dos entrevistados - 10 professoras, 02 funcionárias, 11 alunos da 3° e 4° séries e 19 pais -, sobre o que é solidariedade e sobre as aprendizagens que foram construídas, a partir do envolvimento com o projeto. Em relação aos pais, utilizou-se o questionário que foi enviado, através da  agenda de seus filhos e, após respondido, colocado em uma urna. A população dos pais era de quarenta e nove e a  amostra resultou em 19 respondentes.
RESULTADOS:
Os resultados obtidos foram alcançados através da análise qualitativa dos dados e da literatura consultada. A categoria Professoras aprendeu que trabalhando em equipe, o grupo fica mais coeso, se fortalece, desperta um sentimento de pertencimento, as responsabilidades são divididas e os objetivos propostos são alcançados. As professoras entendem que é preciso trabalhar didaticamente com as  crianças desde cedo a tomarem atitudes e posturas solidárias através da construção coletiva de projetos concretos e sociais, nunca desistir nem limitar os sonhos. A categoria Funcionárias aprendeu a perceverar e que pode fazer algo diferente no mundo. A categoria Alunos da 3° e 4° séries, que foi o nosso grupo focal proposto para análise, mencionou as seguintes aprendizagens: amar e ajudar o próximo, não ser egoísta, ser igual e o significado da palavra solidariedade. A categoria Pais aprendeu a amar solidariamente, ajudar, respeitar e amenizar o sofrimento do próximo, o senso humanitário, que tudo é possível quando se crê, a observar o mundo ao seu redor e que através da união pode-se realizar o sonho de outros. Apenas dois pais declararam que não construíram nehuma aprendizagem.
CONCLUSÃO:
Percebemos que as professoras conseguiram entender que o trabalho pedagógico, não se constitui um ritual pré-estabelecido, desvinculado dos problemas e, sim, de algo que deverá ser construído coletivamente, a partir da própria vivência do aluno, voltado sempre para a emancipação social e o resgate dos valores humanos. Em relação aos pais, apesar de criticarem o projeto, a maioria aprendeu o que vem a ser o verdadeiro sentido educativo. Os pais que declararam não ter obtido aprendizagens, suscitam a compreensão de que os mesmos não se envolveram efetivamente no projeto, visto que é difícil um ser humano não aprender em parceria com seus pares. Portanto, caberá aos futuros e atuais gestores, tanto da rede pública quanto privada de ensino, usar sua imaginação/criatividade fazendo da educação uma construção coletiva, produtora de sentido da arte, e porque não dizer da brincadeira, que não pode ser copiada, mas aprimorada, cada vez mais,através de novas invenções e atuações com o intuito de formar cidadãos sensíveis, desenvolver posturas de comprometimento e responsabilidade com a mudança da realidade que se encontra em nosso país, incorporando o verdadeiro sentido profissional, que é a transformação social através da solidariedade e do cuidado com o próximo.
Palavras-chave: Gestão Democrática, Solidariedade, Aprendizagem Significativa.