62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 4. Odontologia - 4. Materiais Odontológicos
AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DE DOIS AGENTES DE CIMENTAÇÃO DE BRÁQUETES, IONÔMERO DE VIDRO CONVENCIONAL E CIMENTO RESINOSO DE POLIMERIZAÇÃO QUÍMICA QUE FORAM CIMENTADOS COM APLICAÇÃO DO ULTRA-SOM COMPARADOS COM A CIMENTAÇÃO CONVENCIONAL
Marcel Marcelo Accorsi 1
Gabriela Cristina Santin 1
Isabela Chiguti Yamashita 1
Talita Fernanda Alexandrino 1
Sergio Sábio 1
Hélio Hissashi Terada 1
1. Departamento de Odontologia, Universidade Estadual de Maringá / UEM
INTRODUÇÃO:

A eficácia de um tratamento ortodôntico com aparelhos fixos depende, entre outros fatores, de uma colagem e retenção adequadas dos bráquetes à superfície do esmalte. O tempo gasto pelo profissional, bem como periódicas colagens, influenciam no custo e podem retardar o tratamento.

Materiais a base de ionômero de vidro têm sido utilizados para a cimentação desses acessórios ortodônticos. Esse material possui a capacidade de liberar flúor, e assim previne que lesões de cárie apareçam ao redor dos bráquetes, além da fácil aplicação, se comparado a outros agentes adesivos. No entanto, ele apresenta baixa resistência à ação das forças mastigatórias, fato que reduz a capacidade de união dos bráquetes cimentados com este agente. O sistema adesivo, composto por condicionamento ácido, possui uma longevidade da adesão e retenção, mas não possui a capacidade de remineralização.

A aplicação do ultra-som pode melhorar a reação de presa do cimento bem como as propriedades mecânicas, por diminuir a quantidade de bolhas no material após sua aplicação.

Dessa forma este trabalho teve como objetivo, comparar a resistência ao cisalhamento de um cimento resinoso com um cimento de ionômero de vidro quando cimentado utilizando a ativação com ultra-som ou cimentado de forma convencional.

METODOLOGIA:

Foram utilizados 30 dentes bovinos incluídos em resina acrílica. No Grupo I, dez dentes tiveram os bráquetes cimentados com Ketac Cem Easymix® com fixação manual. Os bráquetes foram mantidos sob pressão por dez minutos e após este tempo os excessos foram removidos com uma sonda exploradora número cinco. Uma camada de vaselina sólida foi aplicada nas bordas do bráquete para que o cimento não entrasse em contato direto com a solução fisiológica. No grupo II, dez dentes foram cimentados com Ketac Cem Easymix®. Para este grupo a ponta do ultra-som (DABI) foi aplicada por 20 segundos em um ponto ao redor do bráquete. Este foi mantido sob leve pressão durante dez minutos. Decorrido este tempo, os excessos de cimento foram removidos com uma sonda exploradora número cinco e uma camada de vaselina sólida foi aplicada.  No Grupo III os dentes foram condicionados com ácido fosfórico a 37% por 30 segundos, o adesivo Alpha Bond® (DFL) foi aplicados na superfície dos dentes e em seguida os bráquetes foram cimentados com o cimento Natural Ortho® (DFL). Após fixação, os corpos de prova foram colocados em recipientes com soro fisiológico e levados em estufa a 37°C. Passadas 72 horas, foram submetidos ao teste de cisalhamento numa máquina universal de ensaios (EMIC) a uma velocidade de 1mm/min.

RESULTADOS:

Os resultados foram observados após 72 horas. Notou-se que o valor da resistência ao cisalhamento da união de bráquetes fixados ao esmalte com o material Ketac Cem Easymix® convencional e com o uso do ultra-som, não obtiveram diferença estatística significante. O cimento resinoso Natural Ortho® (DFL) foi o que obteve a maior resistência ao cisalhamento.

Interpretando-se os resultados obtidos, é possível afirmar que tanto o cimento de ionômero de vidro convencional quanto o ativado por ultra-som não apresentaram diferença estatistica significante, no entanto, houve diferença estatística em relação ao cimento resinoso onde os grupos cimentados com ionômero de vidro apresentaram resultados inferiores quando comparados com a resistência obtida com a cimentação de bráquetes com este tipo de cimento. Contudo o presente trabalho não foi capaz de avaliar se o uso do ultra-som melhora as propriedades mecânicas do cimento de ionômero de vidro, pois todos os bráquetes cimentados com ionômero falharam na união adesiva ao esmalte. Outro ponto a ser considerado é o fato de que os resultados obtidos quanto à resistência de cimentação dos bráquetes com ionômero de vidro, não foram estatisticamente diferentes quando comparados ao tipo de ativação utilizada durante a cimentação.

 

CONCLUSÃO:

Não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos cimentados com ionômero de vidro, independente do tipo de ativação, com ou sem ultra-som.

Os bráquetes fixados com cimento resinoso apresentaram resultados estatisticamente superiores aos bráquetes cimentados com ionômero de vidro.

Os espécimes que foram cimentados com ionômero de vidro ativados com ultra-som ou não, apresentaram deslocamento completo do cimento da superfície de esmalte do dente bovino.

Palavras-chave: Bráquetes, Cimento de ionômero de vidro, Cisalhamento.