62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 1. Genética Animal
ANÁLISE CARIOEVOLUTIVA EM DUAS ESPÉCIES DE PEIXES AFRICANOS DA FAMÍLIA CICHLIDAE
Gideão Wagner Werneck Felix da Costa 1
Emanuell Duarte Ribeiro 1
Rodrigo Xavier Soares 1
Wagner Franco Molina 1, 2
1. Departamento de Biologia Celular e Genética, CB, UFRN
2. Prof. Dr.
INTRODUÇÃO:
A possível especiação em simpatria, em alguns casos, aliado a um rico repertório comportamental, tem ensejado questões sobre como surgiram novas espécies, quais os padrões genéticos que permitiram a adaptação morfológica e o isolamento reprodutivo, e sobre o que torna alguns grupos mais diversificados e amplamente distribuídos do que outros. Essas são questões evolutivas que envolvem a família Cichlidae, distribuídos na Ásia, Américas e África, a qual é detentora de mais de 1500 espécies. Os primeiros estudos citotaxonômicos demonstraram que os ciclídeos compartilham, em geral, uma macroestrutura cariotípica com 2n=48 cromossomos, variando ligeiramente nas suas fórmulas por meio de inversões pericêntricas. Dados atuais vêm demonstrando a existência de grandes diferenciações quanto ao valor diplóide e morfologias cromossômicas. O presente trabalho visa ampliar as informações sobre a macroestrutura cromossômica dos ciclídeos pela análise das espécies Paratilapia polleni e Gephyrochromis moorii utilizando coloração convencional, com Giemsa, bandamento C e identificação de cístrons ribossomais por impregnação por nitrato de prata, contribuindo para o aumento das informações genéticas disponíveis para a família e do padrão evolutivo envolvidos na sua diversificação cariotípica.
METODOLOGIA:
Exemplares das espécies Paratilapia polleni (Bleeker 1868), originária de Madagascar e Gephyrochromis moorii (Boulenger 1901), nativa do lago Malawi, na África Oriental, apresentando tamanhos médios de 6 a 8 cm foram obtidos de distribuidores de peixes ornamentais. Os exemplares sofreram estimulação mitótica foi realizada segundo Molina (2002), precedendo à obtenção cromossômica in vitro (Gold et al., 1990). Para evidenciação das regiões heterocromáticas foi empregada a técnica de Sumner (1972), a identificação dos cístrons ribossomais (RONs) foi obtida pelo método de impregnação por nitrato de prata (Howell e Black,1980). Os cromossomos foram classificados e agrupados de acordo com a sua morfologia e ordenado de forma decrescente segundo a nomenclatura de Levan et al. (1964).
RESULTADOS:
Dados citogenéticos provenientes de análises em diversas espécies da família Cichlidae têm demonstrado padrões conservativos na evolução cariotípica deste grupo, com relação ao número diplóide, contudo com grande variação nas fórmulas cariotípicas. A espécie P. polleni apresentou um cariótipo de 2n=48, acrocêntricos (NF=48), corroborando com os dados propostos para o cariótipo ancestral de 2n=48 cromossomos acrocêntricos. O cariótipo da espécie G. moorii é constituído por 2n=44 cromossomos (6m+8sm+10st+20a e NF=68). A redução cromossômica e a presença de grandes cromossomos metacêntricos reforçam a ocorrência de fusões robertsonianas na diversificação cariotípica desta espécie. O bandamento C evidenciou blocos heterocromáticos nas regiões centroméricas no cariótipo de ambas as espécies referendando um conteúdo heterocromático discreto coincidente com o padrão mais comum observado nos Perciformes. Embora RONs simples sejam consideradas como condição basal para a família, trabalhos recentes têm demonstrado que a presença de RONs múltiplas pode ser difundida em alguns gêneros, constituindo uma condição derivada. Tanto P. polleni (posição telomérica do braço curto de dois pares acrocêntricos grandes) quanto G. moorii (8º e 9º par, subterminal) apresentaram sítios Ag-RONs múltiplos.
CONCLUSÃO:
Os dados ora obtidos indicam que Gephyrochromis moorii apresenta uma evolução cariotípica peculiar, aparentemente mediada por eventos de fusões Robertsonianas e inversões pericêntricas, condição diferenciada da macroestrutura cariotípica basal proposta para os ciclídeos que consistiria de 2n=48 cromossomos acrocêntricos. Este padrão presente no cariótipo de Paratilapia polleni revela uma manutenção do padrão basal para a família. O panorama formado pelos dados citogenéticos desta família apóiam uma evolução cromossômica diversificadora com prevalência de mecanismos de inversões pericêntricas e redução cromossômica ocasionada por fusões Robertsonianas e em tandem e em menor escala aumento do número diplóide decorrentes de fissões cromossômicas.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Cichlidae, Evolução cromossômica, Gephyrochromis e Paratilapia.