62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 6. Farmácia
CONSTRUÇÃO DE ROTAS PARA AGREGAÇÃO DE VALOR AOS RESÍDUOS DA AQÜICULTURA: MAPEAMENTO DA CARCINICULTURA NO RIO GRANDE DO NORTE
Izadora de Souza 1
Arnóbio Antônio da Silva Júnior 2
Katia Solange Cardoso Rodrigues dos Santos 3
Matheus de Freitas Fernandes Pedrosa 4
Sarah Rafaelly Araújo Santos 1
1. Departamento de Farmácia, Faculdade de Farmácia, UFRN
2. Prof. Dr./ Orientador, Departamento de Farmácia, UFRN
3. Profa. Dra., Departamento de Farmácia, UFRN
4. Prof. Dr., Departamento de Farmácia, UFRN
INTRODUÇÃO:
A aqüicultura é uma atividade que o Brasil possui imenso potencial em desenvolvê-la, já que possuímos 8400km de costa marítima, clima favorável, enorme reservatório de água doce, sendo 12% da água doce disponível no mundo, e boa demanda de pescado nos mercados interno e externo. Na carcinicultura, processo de cultivo de camarões, a região Nordeste é a que mais se destaca, tendo o estado do Rio Grande do Norte como pioneiro e maior produtor de camarão. A existência de incentivos do governo e o pioneirismo permitiram que o Estado se tornasse, além de maior produtor, maior exportador. No entanto, o não aproveitamento das carapaças do camarão, entre outras, faz com que os estados que produzem menos, lucrem mais, em razão de destinar o camarão para as beneficiadoras, que, ao processar o camarão, agregam valor ao produto, gerando emprego, maior retorno financeiro e menor poluição ambiental, já que grande parte das carapaças são lançadas ao mar como lixo. Dessa maneira, o RN deixa de ganhar porque não evolui no tratamento deste resíduo. O presente trabalho tem por meta mostrar que é possível a obtenção de vantagens econômica e social, caso o camarão venha a ser beneficiado mediante técnicas adequadas, como por ex., o reaproveitamento das carapaças de camarão na produção de biopolímeros.
METODOLOGIA:
A metodologia teve como base a catalogação e organização de dados a respeito da Carcinicultura desenvolvida no estado do Rio Grande do Norte. As informações foram obtidas a partir da elaboração e aplicação de um questionário que abordava pontos como: volume da produção, destino do produto, forma de apresentação dos crustáceos para exportação, entre outros. Tal questionário foi aplicado a órgãos interligados com o ramo da aqüicultura, como o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), o IDEMA (Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente) e a ABCC (Associação Brasileira dos Criadores de Carmarão). Após a obtenção dos dados, estes foram organizados em gráficos e tabelas tornando assim possível a obtenção do mapeamento de tal atividade. Tanto a aplicação do questionário, quanto a organização dos dados foram realizados pelas autoras do presente trabalho.
RESULTADOS:
Inicialmente, foi feito um levantamento de dados a respeito da produção de camarão no Brasil e a situação do RN neste contexto. Foi verificado que a região Nordeste possui 91,86% das áreas destinadas a carcinicultura no Brasil. A quantidade de camarão produzida por cada região, apresentação para exportação (com/sem carapaça) e descarte de resíduos também foram estudados. O RN é responsável por 38,75% da carcinicultura no Nordeste (o que equivale a 42,2% do camarão produzido no Brasil), sendo acompanhado pelo Ceará com 31,25% e Bahia com 11,07%. O presente estudo também evidenciou que a maior parte do camarão produzido (28.000 ton em 2008) é comercializado in natura, e tem como principal resíduo, as carapaças, descartadas no mar ou em lixos. Essas carapaças, quando reaproveitadas, podem ser úteis para diversos fins, dentre eles, a produção do biopolímero quitina, que é matéria-prima para adsorventes, para agentes quelantes e para produção de quitosana, um biopolímero que pode ser empregado nas áreas de agricultura, medicina e indústrias farmacêutica, química e alimentícia. Uma das maneiras de se alcançar tal objetivo é investir no aprimoramento de formas de se reaproveitar esses resíduos da carcinicultura, tendo como principal opção a produção dos biopolímeros quitina e quitosana.
CONCLUSÃO:
A partir do excelente desempenho do Estado do Rio Grande do Norte, dentro da carcinicultura, é possível obter atividades secundárias, as quais possam contribuir para o maior aproveitamento do potencial desta atividade, gerando desenvolvimento sócio-econômico para o Estado. O beneficiamento do camarão, além de aumentar o valor agregado, gerar emprego e renda, ainda permite o aproveitamento das carapaças para a produção de quitina e, conseqüentemente, quitosana. Os dados iniciais obtidos neste estudo permitiram o levantamento do real potencial do Rio Grande do Norte para a atividade pretendida e a evolução da segunda parte deste projeto, que inclui a adaptação e validação de uma rota simples e rápida para a produção da quitina a partir de resíduos da carcinocultura no Rio Grande do Norte.
Instituição de Fomento: FINANCIAMENTO INTERNO (PROGRAD/PROPESQ/PROEX-UFRN)
Palavras-chave: Carcinicultura, Rio Grande do Norte, Biopolímeros.