62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 4. Farmacotecnia
SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DA N-CARBOXIMETILQUITOSANA
Arion Gleidson Nunes de Melo 1
Carolina Arruda Braz 1
Arnóbio Antonio da Silva-Júnior 2
Matheus de Freitas Fernandes-Pedrosa 2
Rosangela de Carvalho Balaban 3
Katia Solange Cardoso Rodrigues dos Santos 4
1. Laboratório TecBioFar - Depto. de Farmácia/UFRN
2. Prof. Dr. - Laboratório TecBioFar - Depto. de Farmácia/UFRN
3. Profa. Dra. - LAPET - Depto. de Química/UFRN
4. Profa. Dra./Orientadora - Laboratório TecBioFar - Depto. de Farmácia/UFRN
INTRODUÇÃO:

A quitina, que pode ser extraída do exoesqueleto de crustáceos, é homopolímero linear composto de unidades N-acetilglicosamina. Seu caráter altamente hidrofóbico limita seu emprego em processos farmacêuticos. A desacetilação parcial da quitina resulta na quitosana, polissacarídeo compreendido por copolímeros de N-acetilglicosamina e glicosamina, que é solúvel em meio aquoso levemente ácido devido à protonação dos grupos amínicos livres (NH2) em formas catiônicas (NH3+). A capacidade de ionização da quitosana explica não só seu melhor perfil de solubilidade, mas também suas aplicações biomédicas, como agente antimicrobiano, coagulante, analgésico, cicatrizante e adjuvante na redução de peso. Em processos farmacêuticos, a quitosana tem sido estudada na formulação de cápsulas, comprimidos, cremes, géis, filmes, membranas, micro e nanopartículas e formas variadas de liberação modificada de fármacos.

A modificação química dos polímeros consiste em importante tópico para a síntese de materiais bifuncionais. Nesse contexto, a quitosana desperta especial atenção por ser biocompatível, biodegradável e quimicamente modificável. A síntese de derivados hidrossolúveis em condições neutras, como a N-carboximetilquitosana (N-CMQ), amplia o leque de aplicações farmacêuticas desse polímero.

 

METODOLOGIA:

            Para a síntese da N-CMQ, quitosana (1 mol, com base no monômero) é dissolvida em água na presença de ácido glioxílico (2 mol). Em seguida, ajusta-se o pH da solução para 4,5 pela adição de solução aquosa de NaOH 1 N, mantendo o sistema sob agitação e temperatura ambiente por uma noite. Numa segunda etapa, adiciona-se boroidreto de sódio (0,5 mol), previamente dissolvido em pequena quantidade de água, por gotejamento, e mantém-se o sistema sob agitação e temperatura ambiente por mais 30 minutos. A mistura reacional é transferida para membrana de acetato de celulose e dializada contra água desionizada por 72 h, com sucessivas trocas do meio de diálise, e liofilizada para obtenção do polímero seco.

            A N-CMQ foi analisada por IV (Espectrofotômetro Bio-Rad Excalibur Serie FTS 3000MX) sob a forma de filme. Para a confecção dos filmes, 30 mL de solução aquosa de N-CMQ 0,5% foi acondicionado numa placa de Petri e levada para secagem em estufa termostatizada a 45 oC até evaporação total do solvente. Filmes de quitosana também foram preparados e analisados por IV.

RESULTADOS:

            A análise da quitosana por IV mostrou a ocorrência de dois picos característicos desse polissacarídeo: estiramento C=O de amida (banda I) em 1651 cm-1 (referente aos monômeros acetilados) e deformação N-H da amina em 1583 cm-1 (referente aos monômeros desacetilados). Quando o espectro de IV da N-CMQ é comparado ao da quitosana, observa-se o alargamento e junção dos sinais que ocorrem entre 1700 e 1500 cm-1. Esse alargamento é confirmado pela literatura e é explicado pela sobreposição dos sinais referentes à quitosana (amida e amina) com o estiramento C=O de ácido carboxílico (que normalmente ocorre em torno de 1710 cm-1), indicando que houve substituição da quitosana e formação da N-CMQ.           

            A N-CMQ sintetizada, após liofilização, apresentou-se sob a forma de "algodão" esbranquiçado e foi prontamente solúvel em meio aquoso não acidificado.

CONCLUSÃO:

            A maioria das rotas sintéticas descritas na literatura para a síntese da N-CMQ exigem a solubilização prévia da quitosana em solução aquosa de ácido acético a 2%. Em razão da nova estequiometria proposta neste trabalho, 2 mols de ácido glioxílico foram suficientes para solubilizar 1 mol de quitosana, sem necessidade de acidificação adicional. Essa inovação é importante porque elimina a etapa de solubilização prévia antes da adição do ácido glioxílico, reduz o gasto de tempo e de reagentes na correção do pH para 4,5 e a reação pode iniciar-se  concomitantemente com a solubilização da quitosana no meio. A síntese da N-CMQ foi comprovada por espectroscopia no IV, uma vez que os sinais obtidos coincidem com os citados na literatura como característicos da estrutura.

Instituição de Fomento: CNPq/FAPERN/PROPESQ
Palavras-chave: N-carboximetilquitosana , síntese, quitosana.