62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 3. Física - 2. Ensino de Física
O ENSINO DE FÍSICA: PROFESSOR E ALUNO - DESAFIOS E MUDANÇAS EM MANAUS
Márcia Andréia Ramos de Andrade 1
Ana Cláudia Ribeiro de Souza 1, 2
1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas - IFAM
2. Profª. Drª./Orientadora
INTRODUÇÃO:
Esta pesquisa faz uma reflexão sobre o ensino de física no como ele é vivenciado e aplicado em salas de aulas no ensino público da cidade de Manaus. O interesse pela de investigação desse problema surgiu devido ao conhecimento de que no senso comum a física é considerada uma disciplina complexa, e de um modo mais abrangente as ciências exatas são de difícil aprendizagem e desempenho para o aluno das escolas públicas brasileiras. Este fato tem um reflexo contraproducente nos estudantes, na sociedade e no desenvolvimento tecnológico do país. O objetivo geral foi o de analisar e compreender as dificuldades do aluno de Manaus com o conteúdo de física, conhecendo a proposta do professor de como transmitir o conteúdo da disciplina de física aos alunos. O tema proposto foi para identificar se uma já conhecida realidade nacional estava presente nas escolas públicas da cidade de Manaus.
METODOLOGIA:
A pesquisa de campo foi desenvolvida no período de doze semanas, e envolveu professores e alunos de física do ensino médio de duas Escolas Estaduais na Zona Oeste de Manaus, aqui denominadas de escola "P" e escola "E", autorizadas por seus respectivos diretores. A amostragem é composta por 176 alunos da Escola Estadual "P" dos turnos matutino e vespertino, que apresentam idades entre 15 e 18 anos. Na Escola Estadual "E", a amostragem é composta por 97 alunos, no turno noturno, com idades entre 15 e 50 anos. Já a amostra dos profissionais de educação é composta de 06 professores, tendo todos declarados terem formação acadêmica de Licenciatura Plena em Física pela Universidade Federal do Amazonas. A metodologia usada neste trabalho foi à análise quantitativa que buscou verificar o percentual de alunos destas duas determinadas Escolas compartilham da mesma visão, a complexidade da disciplina de física. Os instrumentos de coleta de dados foram: a observação assistemática e o questionário, sendo este do tipo fechado, com 10 questões na forma de escala de Guttman, que apresenta um conjunto de respostas hierarquizadas e aberto, com apenas uma questão que possibilitava ao aluno expor seu axioma sobre o assunto transcorrido.
RESULTADOS:
Observou-se que tanto na escola "P" quanto na escola "E", a ausência de tempo reservado pelos alunos para estudarem em casa está estreitamente ligado a dificuldade no aprendizado da disciplina de física. O percentual de alunos que não separa esse tempo para estudarem sozinhos corresponde a 40%, e os que somente estudam a física em sala de aula são 34%. O hábito de estudar deveria estar presente na vida escolar do aluno, sua falta se reflete em seu não aprendizado. Esse fato repercute na disciplina de física onde 77% dos alunos encontram dificuldades, que são: a disciplina possui cálculos matemáticos além do seu domínio, as questões trazem um contexto de difícil interpretação, e falta de material didático apropriado. Os alunos que não encontram dificuldades são 23%, e dentre os vários motivos destacam-se eles possuírem o hábito de estudarem, mesmo sendo as vésperas da prova, fazem concomitantemente ao ensino médio o cursinho pré-vestibulares, inclusive por conta dos processos de avaliação continua aplicados quer pela Universidade Federal como pela Estadual. Um pequeno percentual relatou as outras atividades extra-escolares, como aula de experimentos, que lhes permitam um maior entendimento da física.
CONCLUSÃO:
A física é no universo estudantil brasileiro identificada como disciplina difícil e distante da aprendizagem do estudante. A pesquisa em Manaus identificou que para muitos, quer professores e ou alunos, acreditam que existe um caminho árduo entre presenciar o fenômeno físico e explicá-lo com a linguagem da matemática. Os professores atestam que mesmo após árduos anos de estudos na Universidade, é imensa a dificuldade de transmitir o conteúdo da física aos alunos pelo não entendimento destes que das sentenças gramaticais, pelo desconhecimento de noções matemáticas que são pré-requisito, ou por falta de instrumentos adequados para fazer ligação do conteúdo com o dia-a-dia. Se houvesse um laboratório de física e informática nas escolas, isso aprimoraria a atitude do o aluno em observar os conceitos físicos, e buscar na experimentação e na simulação a resposta para o entendimento da física. No entanto, a ausência de correlação entre o conhecimento científico e os fenômenos cotidianos acaba ocasionando um fator negativo no processo de ensino-aprendizagem. É necessário relacionar os fenômenos cotidianos com os conceitos físicos e tecnológicos, promovendo o estímulo à busca do conhecimento pelo aluno, e um maior envolvimento do professor com o conteúdo ministrado.
Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas - FAPEAM
Palavras-chave: Manaus, Educação, Ensino da Física.