A dengue, uma arbovirose causada por um flavovívus, é uma doença que causa preocupação nas regiões tropicais. Os principais sintomas são febre, dores no corpo e manchas na pele podendo causar até mesmo hemorragias em suas formas mais graves. O mosquito da espécie Aedes aegypti (Diptera) é o vetor da doença e todos os indícios levam a crer que seu surgimento se deu no continente africano e pode ter sido trazido para a América juntamente com as expedições colonizadoras. Os primeiros casos de dengue documentados clínica e laboratorialmente no Brasil foram registrados em Boa Vista (Roraima). A proliferação do vetor da doença está fortemente relacionada com as atividades humanas, que lhes propiciam espaços artificiais para a reprodução. Dessa forma as áreas urbanas são propícias para a proliferação desta doença, uma vez que oferece uma interação muito positiva entre o vetor, o vírus e o homem, que fica vulnerável a contrair a doença. Tendo em vistas essas características o presente estudo objetivou avaliar o conhecimento dos alunos do 5º ano do ensino fundamental das escolas da rede municipal do município de Coari, no Estado do Amazonas e trabalhar a conscientização destes e seus respectivos professores a respeito dos métodos de prevenção da dengue e proliferação do mosquito transmissor da doença, apresentando também aos sujeitos da pesquisa a fisiologia e ecologia do Aedes aegypti, vetor dessa infecção.

Utilizou-se uma abordagem qualitativa para a reflexão critica do conhecimento dos alunos a respeito da dengue. Para tanto foram realizadas entrevistas em grupos com alunos do 5º ano do ensino fundamental em três escolas da rede municipal de ensino. A análise partiu da perspectiva hermenêutica dialética, que prima pelo entendimento crítico, seguindo as etapas preconizadas na literatura científica de transcrição na íntegra, leitura exaustiva para apropriação da estrutura de conceitos implicada no texto, eliminação de falas e construções não pertinentes ao tema investigado, aglutinação das falas por semelhanças e aproximação de grupos contraditórios, estabelecendo, assim categorias analíticas, as quais foram confrontadas com a literatura do sistema de ensino brasileiro, procurando identificar coerências, contradições e silêncios em relação ao ensino de prevenção contra a dengue. O instrumento utilizado foi construído através de questões que trataram do conhecimento oriundo do ensinamento familiar e o papel da instituição de ensino quanto à formação de indivíduos conhecedores dos percalços causados pela dengue.

Em ambas as escolas estudadas, cinco categorias emergiram de maneira semelhante: 'O conhecimento obtido de forma empírica a respeito da dengue', 'a educação familiar a respeito da prevenção da doença', ' conhecimento dos meios de prevenção contra a dengue: oriundos de propagandas de televisão', 'o aluno como fonte de disseminação de conhecimento', 'importância da realização de trabalhos de incentivo ao combate a dengue'. No entanto observou-se um silêncio quando indagados a respeito dos trabalhos realizados pelas escolas para incentivar e contribuir no conhecimento dos alunos no que diz respeito à prevenção contra a dengue, caracterizando dessa forma a falta de participação da escola no processo de levar o conhecimento da doença as crianças, que são os principais disseminadores de conhecimento.        

Observou-se um significativo conhecimento dos alunos a respeito dos meios de prevenção contra a doença, obtido de acordo com os mesmo, através de propagandas de televisão. No entanto, ficou claro o desconhecimento a respeito da fisiologia do vetor da doença e o meio de transmissão da doença. Ainda com base no material obtido fica claro o descaso das instituições de ensino do município quanto os ensinamentos a respeito desta infecção.