62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 5. História - 9. História Social
O projeto "Jovem ONU": simulação e protagonismo estudantil aplicado ao ensino de Humanidades.
Eduardo Ferraz Felippe 1
Edir Figueiredo 1
1. Escola SESC de Ensino Médio
INTRODUÇÃO:

Dentro da proposta curricular de Humanidades, uma das maiores dificuldades para o professor é fazer com que o aluno, ao invés de compreender unicamente os conteúdos específicos que lhe são sugeridos como fundamentais, possa efetivamente entendê-los como parte de uma prática social e, como tais, pertencentes ao universo de sua vivência cotidiana. De imediato, instala-se o problema acerca de como o aluno entende a prática como vivência e como os conteúdos podem ser parte de situações sugeridas como reais. A proposta da "Jovem ONU" busca atender estas demandas através da construção de uma dinâmica onde exista o ato de simulação de uma dinâmica política específica: a simulação do Conselho de Segurança da ONU. Este proposta combina, ao mesmo tempo, dimensões acadêmicas multidisciplinares com pretensões profissionalizantes. O maior impacto desta perspectiva de simulação é trabalhar com a área temática de relações internacionais, mais especificamente nos campos de historia, geografia, sociologia, antropologia e economia.  Utilizar a simulação como apoio amplia o dinamismo do processo de aprendizagem e facilita a compreensão de conceitos abstratos através da sua utilização na prática através de situações concretas ou problemas destinados a serem resolvidos pelos alunos. Assim, os conceitos que foram aprendidos e discutidos em diversos conteúdos específicos de Humanidades encontram uma excelente possibilidade para a sua efetivação em situações complexas, o que amplia a interação entre teoria e prática.

METODOLOGIA:

Esta proposta se adequa à filosofia da Escola SESC de Ensino Médio, uma escola residência situada no Rio de Janeiro que recebe alunos de diversas partes do país e que possui como ênfase a construção de líderes servidores. A proposta encaminhada expõe o desenvolvimento de uma simulação sobre a "não proliferação de armas nucleares", seguindo os moldes formais da simulação do Conselho de Segurança da ONU. O público-alvo foram alunos da 1° e 2° séries do Ensino Médio provenientes do próprio campus escolar, assim como de outras escolas do Rio de Janeiro. Os alunos, individualmente ou em grupos, representarão 15 (quinze) países e buscarão defender seus interesses nacionais, redigindo propostas de resolução para a questão em debate, valendo-se de barganhas e negociações, de acordo com as normas internacionais cabíveis. A escolha de países foi feita mediante sorteio prévio, com a presença de professores da Escola SESC de Ensino Médio. A simulação será realizada em 02 (duas) sessões, cada uma delas ocupando o tempo total do encontro 6 (seis horas), dia 23/10, e, 8 (oito horas) dia 24/10.    Pretende-se assim criar as bases para uma proposta de resolução a ser assinada pelos países envolvidos.

RESULTADOS:

Ao longo de toda atividade pudemos observar a dinamização dos conteúdos que foram pesquisados pelos próprios alunos. Tendo como referência a constituição do conselho de Segurança da ONU de 2009, os alunos apresentaram propostas acerca de temas espinhosos da política internacional deste século XXI, como o armamento atômico, por exemplo. Entretanto, apesar da contemporaneidade de temáticas específica, foi necessário ao aluno mobilizar conteúdos específicos da trajetória histórica do século XX e de períodos históricos anteriores para desenvolver a sua pesquisa e o debate com comissões de outros países. Desta forma, foi possível analisar a inserção dos alunos como sujeitos ativos do conhecimento tanto no que se refere ao seu papel autônomo durante toda a etapa da pesquisa, quanto nas necessárias negociações que as comissões de cada país desenvolviam. O caráter social da atividade permite também o desenvolvimento das chamadas habilidades não-certificadas, como o raciocínio lógico e multidisciplinar, a capacidade de se colocar no lugar do outro e contrapor interesses, objetivos e percepção social, bem como o estímulo ao diálogo produtivo, rompendo com a insegurança de estabelecer um debate aberto.

CONCLUSÃO:

A proposta desta atividade buscou romper com a lógica tradicional percebida nas instituições de ensino brasileiras. O ato da simulação valeu-se do apelo trazido por um tema de grande relevância política, estimulando a pesquisa e o aprendizado de posicionamentos dos atores políticos que representam e, através da interação com outros representantes, conseguem defender pontos de vista e desenvolver instrumentos de cooperação e negociação efetivos, que os acompanharão ao longo de sua carreira profissional. Deslocar o papel do protagonismo do conhecimento para o aluno mostrou-se um princípio básico a ser desenvolvido nesta experiência, pois foi através dele que ficou possibilitada a análise de cada uma de suas ações durante as negociações e, ao mesmo tempo, o desenvolvimento da expressividade oral na explanação de suas idéias. A realização de simulações é um método de active learning em amplo crescimento no Brasil e no mundo, tanto na área acadêmica, quanto no campo político e profissionalizante.

 

Instituição de Fomento: Escola SESC de Ensino Médio
Palavras-chave: Simulação, protagonismo estudantil, ONU.