62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 8. Antropologia
CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE UNIVERSITÁRIA: PERSPECTIVAS FEMINISTAS PARA PERMANÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR.
ANNA BARBARA CARDOSO DA SILVA 1
LUIZ EDUARDO SANTOS DO NASCIMENTO 1
RICARDO DA SILVA RODRIGUES 1
Msc.KIRLA KORINA DOS SANTOS ANDERSON 2
SAMUEL MARIA AMORIM E SA 1, 2, 3
1. Universidade Federal do Pará - Faculdade de Ciências Sociais
2. Universidade Federal do Pará -Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais
3. Prof. Dr. / Orientador
INTRODUÇÃO:

O trabalho apresentado faz parte de um projeto de pesquisa intitulado "Nativos Temporários: um estudo sobre a transição para além do ensino médio e a trajetória após a aprovação no vestibular", desenvolvido desde 2008 por professores e discentes do Projeto Extracurricular Temático/ Grupo de Trabalho em Ciências Sociais (Pet/GT/CS), da Universidade Federal do Pará (UFPA). O objetivo deste trabalho é de compreender o processo de construção da identidade universitária, considerando experiências e significados das práticas acadêmicas dentro e fora de sala de aula, com atenção para os motivos que influenciam (ou não) a permanência no ensino superior. Para isso, consideramos significados presentes na graduação, com ênfase à maneira como as discentes interpretam suas experiências na graduação, comparando idéias e práticas dentro e fora da sala, como organizam seu tempo, quais suas expectativas com relação às disciplinas, professores, colegas e desempenho pessoal, como se preparam para as aulas e se participam de eventos, formando um processo que chamamos de identidade universitária. Tendo a preocupação de observar como está sendo construída essa identidade, para assim reconhecer obstáculos e avanços da mesma.

METODOLOGIA:

A construção da análise tomou como ponto de partida a missão institucional da universidade em possibilitar ao aluno arcabouço que possibilite associar teoria e prática, a partir de seu envolvimento em atividades de ensino, pesquisa e extensão. Por conta disso, realizamos pesquisa bibliográfica sobre gênero, cultura, identidade, antropologia e educação, como também pesquisa de campo, com aplicação de 14 questionários, contemplando questões abertas e fechadas, com 14 alunas que ingressaram entre os anos de 2003 e 2008. A pesquisa apoiou-se em questões qualitativas sobre o que significa ser universitária e quais os principais desafios e/ou motivações para continuar no curso.

RESULTADOS:

Observou-se que das 14 entrevistadas, 12 afirmam inscrição em mais de uma graduação e por diversos motivos tiveram que deixar o curso de ciências sociais, para privilegiar a outra graduação. Estes fatores contribuem para a reflexão de que ser aluna da universidade implica ser conhecedora e participante do que ela pode oferecer (atividades extracurriculares, bolsas de estudos, disciplinas do histórico escolar), o que requer tempo e dedicação que ficam comprometidos quando se faz mais de uma graduação. Além disso é importante ressaltar a associação de gênero e trajetória acadêmica: percebemos que passar em mais de uma universidade, ter ou não filhos na maioria dos casos, ter que trabalhar para se sustentar ajudam a compreender diferentes modos que a mulher vem conquistando para se posicionar na universidade e na sociedade.

CONCLUSÃO:

Conclui-se que a construção da identidade universitária relaciona-se não apenas com o que é vivenciado dentro da universidade, mas também com o que é vivenciado fora dos muros da instituição de ensino superior, pois manter-se na universidade movimenta um leque de possibilidades e escolhas que fazem com que a estudante privilegie em um determinado momento, um curso e não outro. No caso das mulheres deste estudo, o favorecimento do processo de empoderamento é imperativo para possibilitar a inclusão social nas universidades, e, também, na sociedade como um todo, pois interromper os estudos num curso de graduação significa valorizar outros fatores em um processo de escolhas, decisões, descobertas e dedicação a outra graduação, assim como conciliar estudos, com trabalhos, namoro/casamento e família. Além de que para elas o afastamento não é definitivo, mas sim temporário até a conclusão da outra graduação "privilegiada". Outros fatores podem emergir com os modelos familiares, a critica da inserção no ensino fundamental e médio, a ausência de uma monitoria para calouras.

Palavras-chave: Antropologia, Eduacação, Evasão.