A cada dia, exige-se que os leitores sejam competentes e que apresentem habilidades de domínio da linguagem que possibilitem a plena participação social, cabendo à escola a atribuição de formar esses leitores. Considerando as dificuldades apresentadas pelos estudantes brasileiros, em todos os níveis de escolaridade, em realizar a leitura, tendo em vista a compreensão, surgiu o interesse desta pesquisa, que tem como objetivo analisar de que forma tem sido trabalhada a leitura na escola, pelos professores dos anos finais do primeiro e segundo ciclos de aprendizagem, sob a perspectiva da formação de leitores proficientes, conforme preceitua a linguística textual.

Para tanto, utilizou-se o aporte teórico das ciências da linguagem, dentre elas, da linguística textual, que propõe a investigação da constituição, do funcionamento, da produção e da compreensão dos textos em uso. Foi realizada uma pesquisa etnográfica com enfoque qualitativo. Foram convidados a participar seis docentes, de escolas da rede municipal de ensino do Recife. Os dados foram analisados a partir de: pesquisa documental, investigando-se os documentos que contêm os conteúdos e competências vivenciados nos ciclos de aprendizagem, como o diário de classe e o planejamento elaborado pelos docentes. Foram também observadas as aulas de língua portuguesa, na perspectiva de investigar como era realizado o trabalho com a leitura e formação de leitores, com registro no diário de campo e entrevista.

A análise e a discussão dos resultados estão fundamentadas em algumas teorias das ciências da linguagem, e mais especificamente da linguística textual. Beaugrande (1997 apud Marcuschi 2008) postula que o texto é um evento comunicativo em que convergem ações linguísticas, sociais e cognitivas. Dessa forma, a leitura deve ser um processo no qual o leitor realize um trabalho ativo de construção de sentido para o texto, e esse leitor será resultado de um trabalho com a linguagem mediado pelos professores, que levem os estudantes a desenvolver processos cognitivos que contribuam para a formação do leitor proficiente.  As respostas obtidas por meio do presente trabalho indicaram haver diferentes perspectivas teórico-metodológicas a respeito do trabalho de leitura e formação de leitores, revelando que por um lado predomina a leitura como decodificação e por outro lado a leitura como processo de construção de sentidos, favorecendo a formação do leitor proficiente.

Pode-se afirmar, por meio deste estudo, que os professores adotam diferentes perspectivas em relação ao trabalho de leitura e formação de leitores. Esses dados apontam a necessidade de intercâmbio entre as ciências da linguagem e as práticas de trabalho com textos nas salas de aula, a fim de que possa ser retomado o principal objetivo do ensino de língua materna: desenvolver nos estudantes a capacidade de produzir e compreender textos nas mais diversas situações, desde os níveis mais elementares de ensino. Assim, se tornará factível a busca de proposições teóricas e metodológicas, que levem a resultado positivo o trabalho formativo do leitor proficiente.