62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
O ESTRESSE PERCEBIDO EM CUIDADORES DE IDOSOS DO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ-RN
Weslley Rodrigues de Souza Menezes 1
Karla Vanessa Rodrigues Soares 2
Hêrcilla Nara Confessor Ferreira 2
Joelson dos Santos 2
Ricardo Oliveira Guerra 3
1. Faculdade Natalense Para o Desenvolvimento de Rio Grande do Norte / FARN
2. Universidade Federal do Rio Grande do Norte / UFRN
3. Profº. Dr. / Orientador - Departamento de Fisioterapia - UFRN
INTRODUÇÃO:
Quase todos os países do mundo vêm experimentando um processo de envelhecimento populacional e de aumento da longevidade da população. O envelhecimento populacional nos países em desenvolvimento resulta tanto da diminuição das taxas de mortalidade quanto de uma diminuição nas taxas de fecundidade. Com esse envelhecimento populacional aumenta a prevalência de doenças crônicas e crônico-degenerativas. Como consequência disso, elevam-se as chances do idoso apresentar redução da capacidade funcional e de sua autonomia. Com a redução das habilidades físicas e mentais necessárias para a realização das atividades de vida diária (AVD´s) e de cuidados a si mesmo, surge o quadro de dependência funcional e a necessidade de um cuidador. Estudos mostram que vários cuidadores são capazes de lidar muito bem com o seu papel. No entanto, outros cuidadores reagem de maneira inapropriada, geralmente quando o estresse se sobrepõe, gerando problemas de relacionamento conjugal e de saúde nos mesmos. Problemas sociais, piora da saúde física e sintomas psiquiátricos são as conseqüências mais comuns do impacto de cuidar de um indivíduo dependente. Diante disso, este projeto objetiva avaliar os níveis de estresse percebido em cuidadores de idosos do município de Santa Cruz-RN, tendo como relevância aumentar o nível de conhecimento desta patologia gerada pelo ato de cuidar na região citada, além de servir como mais uma fonte de estudo no meio acadêmico.
METODOLOGIA:
O projeto consiste em um desenho transversal de caráter analítico, onde foram avaliados 100 cuidadores cadastrados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município. Os cuidadores responderam em sua casa a um questionário, elaborado para esta pesquisa, contento questões para formulação do seu perfil sociodemográfico e dados relacionados ao cuidar. Para avaliação dos níveis de estresse foi utilizado à escala elaborada por Sheldon Cohen e validada por Luft el al. (2007). Essa escala possui 14 questões com opções de resposta que variam de zero a quatro (0= nunca; 1= quase nunca; 2= às vezes; 3= quase sempre; 4= sempre). As questões com conotação positiva (4, 5, 6, 7, 9, 10 e 13) têm sua pontuação somada invertida (0=4, 1=3, 2=2, 3=1 e 4=0). As demais questões são negativas e devem ser somadas diretamente. O escore total da escala pode variar de zero a 56 e quanto maior a pontuação, maior o nível de estresse.
RESULTADOS:
Foi realizada uma análise estatística descritiva no SPSS 17.0 com uma distribuição absoluta e relativa das variáveis categóricas e média e desvio padrão para as variáveis continuas. A correlação de Spearman (categórica x continua) ou Pearson (continua x continua) foi utilizada para verificar a relação entre os dados sociodemográficos e do cuidador com os níveis de estresse. A maioria dos cuidadores era do sexo feminino (85%), a média de idade foi de 51,20 anos (±1,64), 58% eram casados, 54% eram mulatos, 73% não trabalhavam, com renda média de R$ 365,50 (±26,21) e 32% tinham completado o ensino fundamental. Com relação ao grau de parentesco 47% dos cuidadores eram filhos dos idosos, cuidavam de idosos portadores de demência (46%), há 6,68 anos (±0,62). Destes 33% cuidadores eram idosos, 56% iniciaram a atividade de cuidar por conta própria, cuidando por mais de 45h/semana (86%) e 63% recebem ajuda para cuidar do idoso. Com relação aos níveis de estresse percebido observamos que a média apresentada foi de 22,77 (±0,72). O estresse apresenta correlação positiva com o sexo (r= 270) e ocupação (r= 199) e negativa com anos de estudo (r= - 219), mas não apresentou nenhuma correlação com a idade, estado civil, renda, grau de parentesco, ser ou não idoso, tempo de cuidado (em anos) nem o fato de ter pessoas para ajudar no cuidar. Os resultados apresentados corroboram com a literatura que aponta que cuidadores do sexo feminino e com menores níveis de instrução são mais estressados. No entanto, a literatura relata que o tipo de patologia, o tempo de cuidado em anos e o grau de parentesco também interferem nos níveis de estresse percebido, mas tais dados não foram observados nesse estudo. Tais resultados podem ser devidos a heterogeneidade da amostra. Uma amostra mais homogênea, com cuidadores com o mesmo tempo de cuidado ou que cuidam de idosos com patologias semelhantes podem modificar tais inconsistências.
CONCLUSÃO:
O conhecimento da realidade do idoso doente e de seu cuidador torna-se tarefa imprescindível para os profissionais da área da saúde. Como a saúde do cuidador esta intimamente relacionada à saúde e qualidade de vida do idoso doente, faz-se necessário compreender quem são esses cuidadores, como eles exercem a função de cuidar e como se encontra o estado de saúde destes. A saúde ruim do cuidador, além de restringir a vida pessoal e social do mesmo, também está diretamente relacionada com as chances de institucionalização do idoso doente.
Instituição de Fomento: Cnpq
Palavras-chave: Idoso, Doença crônica, Cuidadores.