Dignidade humana deve ser entendida como um conceito relacional: se constrói e se efetiva por meio da relação com o outro e somente neste reconhecimento recíproco. Deve ser respeitada por governos, instituições e indivíduos, especialmente em contextos marcados pela desigualdade social. O objetivo deste estudo é descrever a percepção de pacientes oncológicos quanto ao respeito à própria dignidade durante sua internação na enfermaria do Hospital Universitário de Brasília DF, em 2009.

Trata-se de estudo descritivo, exploratório, com o uso de técnicas qualitativas para a coleta e análise de dados. Utilizou-se roteiro de entrevista semi-estruturado elaborado para o estudo. Participaram sete pacientes, quatro do sexo feminino, com idades que variaram de 38 a 68 anos, com diagnóstico de neoplasia e em quimioterapia paliativa. Os resultados foram discutidos à luz da bioética de intervenção.

Observou-se que o respeito à dignidade humana, imprescindível à prática bioética, não foi observado em níveis satisfatórios. A falta de informação disponibilizada, somada à fragilidade proporcionada não só pela doença oncológica mas também pela baixa escolaridade, parece ter reduzido a capacidade dos pacientes para a tomada de decisões sobre os procedimentos realizados. Dessa forma, a Bioética de Intervenção estabelece uma aliança com esse lado frágil da sociedade, estimulando o discurso a favor dos vulneráveis.

É imprescindível uma postura autônoma por parte dos pacientes e familiares, como forma de assegurar seus direitos e dignidade. A bioética procura contribuir na busca de condições dignas para os desfavorecidos, e representa requisito imprescindível para o estabelecimento das bases de construção do processo dialógico.