62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 1. Clínica e Cirurgia
PROTEINOGRAMA SÉRICO DE GATOS INFECTADOS EXPERIMENTALMENTE PELO Trypanosoma evansi
Márcio Machado Costa 1
Francine Chimelo Paim 1
Raqueli Terezinha França 1
Aleksandro Schafer da Silva 2
Silvia Gonzalez Monteiro 2
Sonia Terezinha dos Anjos Lopes 1
1. Depto. de Clínica de Pequenos Animais - UFSM
2. Depto. de Microbiologia e Parasitologia- UFSM
INTRODUÇÃO:
A tripanossomose é uma doença que afeta diversas espécies animais, tais como camelos, cavalos, burros, zebuínos, bovinos, caprinos, suínos, cães, elefantes, capivaras, quatis, antas, veados, coelhos e o homem. Essa enfermidade tem uma distribuição mundial ampla. No Brasil, a tripanossomose equina é também denominada como "mal das cadeiras", devido à paralisia dos membros pélvicos apresentada pelos animais infectados. O parasito é frequentemente transmitido por vetores pertencentes ao gênero Tabanu; porém, insetos do gênero Stomoxys, Haematopota e Lyperosia também podem transmiti-lo. Na América do Sul e na América Central, o morcego Desmodus rotundos também pode transmitir a tripanossomose. A eletroforese é uma técnica empregada na separação dos diferentes tipos de proteínas plasmáticas, tornando possível a determinação de suas proporções relativas em uma dada amostra. O padrão de alterações dessas frações é raramente patognomônico para uma doença específica. No entanto, pode fornecer informações para o diagnóstico quando interpretado em conjunto com outros achados clínicos e laboratoriais. O presente estudo teve por objetivo avaliar o perfil eletroforético das proteínas séricas de gatos experimentalmente infectados pelo Trypanosoma evansi na fase aguda e crônica da enfermidade.
METODOLOGIA:
Utilizaram-se 13 felinos (Felis catus) adultos, fêmeas e sem raça definida. Os animais foram mantidos em gaiolas individuais, alimentados diariamente com ração comercial e água à vontade. A temperatura e a umidade do ambiente foram mantidas constantes (23ºC; 70%UR). Os gatos foram divididos em dois grupos homogêneos, sendo um o grupo controle (seis animais) e o outro o grupo infectado (sete animais). Os sete animais foram inoculados por via intraperitoneal, com um isolado de T. evansi obtido de um cão naturalmente infectado e mantido em nitrogênio líquido, no laboratório de Parasitologia Veterinária, da Universidade Federal de Santa Maria. A dose infectante utilizada foi de 108 tripomastigotas por animal. No grupo controle, administrou-se solução fisiológica pela mesma via. Após inoculação dos parasitos, o controle da parasitemia foi realizado diariamente, por meio da pesquisa microscópica de esfregaço sanguíneo. A confecção da lâmina foi feita com sangue periférico obtido da região distal da cauda, corado com panótico rápido e analisado em microscópio óptico com aumento de 1000 vezes. Realizaram-se coletas de sangue pela veia jugular nos dias 0, 7, 21 e 35 para avaliação das proteínas totais e fracionamento protéico através da técnica de eletroforese.
RESULTADOS:
Observou-se que os valores de albumina (p < 0,01), alfaglobulina 2 e gamaglogulinas (p<0,05) diferiram significativamente a partir do sétimo dia de infecção e que as betaglobulinas (p < 0,05) apresentaram diferença estatística a partir do 21° dia. No entanto, os valores de proteínas totais somente ultrapassaram os de referência no dia 35 PI. Provavelmente o aumento das proteínas totais esteja relacionado ao aumento das globulinas, o que é comum nas tripanossomoses. O mecanismo responsável pela alteração na síntese proteica está relacionado com a ligação de citocinas (TNF-α, IL-1 e IL-6) em sítios inflamatórios. As gamopatias policlonais decorrem de uma infecção crônica ou da presença prolongada de alguma substância estranha no organismo. Altos títulos de IgM caracterizam tipicamente as tripanossomoses que afetam animais. Em um estudo realizado em ratos, foi comprovado que a IgM está relacionada ao controle da parasitemia e à sobrevida dos hospedeiros. Já em outro estudo, foi observado aumento de IgG e IgM em coelhos infectados com T. evansi. Assim, é possível que o aumento das gamaglobulinas presente neste estudo seja devido ao aumento destas duas imunoglobulinas.
CONCLUSÃO:
Pode-se concluir que a infecção pelo T. evansi em gatos acarreta mudanças no perfil eletroforético das proteínas séricas. Assim, o aumento na fração γ-globulina é um achado frequente na infecção pelo T. evansi, causado principalmente pelo aumento da IgM e IgG. Contudo, a subfração α2-globulina apresentou aumento em todo o período experimental e, possivelmente, as proteínas dessa fração estejam diretamente envolvidas na defesa do hospedeiro contra o flagelado. Desse modo, é fundamental que novos estudos sejam realizados para definir o verdadeiro papel de cada proteína dessa fração no controle da infecção.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico- CNPq
Palavras-chave: Eletroforese, Proteínas séricas, Tripanossomose.