62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 1. Ciência do Solo
CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DO SOLO NA ÁREA DE PASTO: ESTUDO DE CASO NO ASSENTAMENTO NOVA ESPERANÇA, MUNICÍPIO DE MARABÁ-PA
Loyanne Lima Feitosa 1
Ana Caroline Neris Nogueira 2
Andréa Hentz de Mello 1
1. Depto.de Ciências Agrárias, Faculdade de Agronomia - UFPA
2. Núcleo de Ciências Agrárias e Desenvolvimento Rural - UFPA
INTRODUÇÃO:
Desde o fim dos nos 60, a colonização penetra os imensos espaços florestais de quase toda Amazônia. Pode-se falar de uma verdadeira construção de novos territórios sobre áreas de ecossistemas naturais preexistentes (TOURRAND et al, 2003). A chegada de migrantes para a região trouxe um modelo de agricultura diversificada, entre eles a forma de trabalhar o solo que se caracteriza pela prática de corte e queima da vegetação, onde as áreas são desmatadas, queimadas e logo depois cultivadas (SHUBART, 1983). A ação do fogo gera uma cadeia de modificações de natureza física, química e biológica no solo, levando-o a degradação (ZANINE & DINIZ, 2006). A má drenagem, os insetos, a seca e outros fatores podem limitar a produção, mesmo quando a fertilidade é adequada. Neste sentido é destacada a lei do Mínimo ou lei de Liebig, esta pode ser enunciada da seguinte maneira: "O crescimento das plantas é limitado pelo nutriente em menor disponibilidade" (PRIMAVESI, 1990). Considerando este contexto o objetivo deste trabalho foi analisar as características químicas do solo e sua necessidade nutricional na área de pasto, visando à implantação das culturas mandioca (Manihot esculenta) e milho (Zea mays L.).
METODOLOGIA:
Este estudo de caso foi realizado no Projeto de Assentamento (P.A) Nova Esperança no município de Marabá, estado do Pará, durante o estágio de vivência II realizado em Julho de 2008, previstos no percurso formativo do curso de Agronomia da Universidade Federal do Pará - UFPA. A propriedade familiar possui uma área com 40 hectares de pasto, onde foram escolhidos vintes pontos de coletas de solo em seqüência diferenciada, do ponto mais alto ao ponto mais baixo, nos igarapés. As profundidades de coleta das amostras foram estabelecidas de 0 a 20 cm sendo coletada somente a camada superficial do solo, os dez primeiros pontos foram localizados em uma área de pastagem de terreno plano, e os dez últimos pontos foram coletados em uma área de declividade acentuada próximo a uma várzea, com vegetação predominante de açaí (Euterpe oleracea). Obteve-se uma amostra mista que foi encaminhada para o Laboratório de solos Embrapa Amazônia Oriental, Belém-PA. Os resultados da análise química foram interpretados e classificados em níveis: muito baixo; baixo; médio; alto e muito alto, segundo os níveis utilizados para interpretação de fertilizantes do solo pelos laboratórios integrados da comissão de fertilidade do solo do estado de Minas Gerais (PEREIRA, 2007).
RESULTADOS:
O elemento Ca apresentou disponibilidade de 3,4 cmolc/dm3 classificado como médio, e o Mg apresentou-se com 0,6 cmolc/dm3 indicando uma disponibilidade baixa, o Al com 0,1 cmolc/dm3 apresentou baixa disponibilidade, o que indica ser um solo pouco álico, influenciando na disponibilidade dos outros nutrientes para as plantas. O P apresentou 4 mg/dm3, indicando um valor baixo, neste caso, recomenda-se uma adubação fosfatada. Enquanto que o elemento K apresentou máxima disponibilidade com 128 mg/dm3 . O pH do solo da área de pasto foi de 5,8 o que comprova uma acidez média, sendo classificado como um solo ácido. A soma de base foi igual a 4,514 cmolc/dm3, classificada como nível médio, isto quer dizer que o solo encontra-se com teores de nutrientes em quantidades suficientes e balanceadas. A saturação de base do solo apresentou 97,8%, revelando uma percentagem muito alta, indica que o solo é eutrófico. A capacidade de troca de cátions a pH 7,0 apresentou 4,614 cmolc/dm3 caracterizando-se como médio, a saturação de bases para as culturas desejadas foi de 136,811% classificada como muito alta. Para a implantação das culturas desejadas será necessário corrigir o solo da área de pasto com 1,8 t/ha de calcário com PRNT=100%.
CONCLUSÃO:
Quimicamente, o solo da área apresentou resultados de fertilidades satisfatórias, subestimando as peculiaridades dos solos da Amazônia que na maioria apresentam certa acidez potencial, baixa fertilidade, devido ao uso excessivo do corte e queima. Requerendo procedimentos adequados frente aos diversos usos e práticas de manejo. Foi verificado que para a implantação da cultura da mandioca (Manihot esculenta) e do milho (Zea mays L.) no estabelecimento familiar será necessário a correção do solo elevando assim o nível do pH, pois estas culturas exigem pH em torno de 6,0 a 6,5. Caso os agricultores objetivem maiores produtividades será importante a aplicação de calcário para aumentar o teor de Ca e Mg já que, solos ácidos apresentam baixa disponibilidade de bases (Ca, Mg, K).
Palavras-chave: Análise de solo , Propriedades químicas, Agricultura familiar.