62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física
USO DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS PARA A GESTÃO E PLANEJAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS: UMA ANÁLISE SOCIOESPACIAL NA MICROBACIA DO QUARENTA, MANAUS (AM).
Ercivan Gomes de Oliveira 1
Adoréa Rebello da Cunha Albuquerque 1
1. Universidade Federal do Amazonas - UFAM
INTRODUÇÃO:

Nos últimos anos, o Brasil vem sendo atingido por impactos ambientais de toda ordem, todavia merecem destaque aqueles relacionados às enchentes urbanas provocadas pelas chuvas, comprometendo a capacidade de vazão dos canais urbanos. Tais impactos causam transtornos à população, gerando prejuízos materiais e perda de vidas, fatos que nos dias atuais, se tornam comuns na paisagem das cidades. Com referência ao assunto, vale mencionar que Governo Federal definiu como prioridade em fevereiro de 2010, a liberação de R$ 394 milhões para socorrer as cidades atingidas pelas enchentes e deslizamentos de terra somente no Estado de São Paulo (APJ, 2010). Na cidade de Manaus, a situação não é diferente, a Prefeitura intensificou ajuda às quatro mil famílias vítimas de enchentes urbanas em 11 bairros da cidade no primeiro trimestre de 2009. Deste modo fica evidente que estudos visando à identificação das causas e efeito desses eventos se torna vital, uma vez que a cada ano se intensifica esses fenômenos.

Nesse contexto entender as condições hidrogeomorfológicas, não somente das encostas, mas das bacias hidrográficas associadas à intervenção humana, para identificar espacial e geograficamente os eventos poderá minimizar os impactos socioambientais
METODOLOGIA:

O município de Manaus localiza-se na Mesorregião da Amazônia Central e na Microrregião do Médio Amazonas/Região Norte do Brasil. A hidrografia de Manaus é formada por quatro bacias: Educandos, São Raimundo, Tarumã e Puraquequara e várias microbacias ou sub-bacias. Como a rede de drenagem é muito extensa, característica da região delimitou-se para esta pesquisa a Microbacia do Quarenta setor 7 e 8, com uma área de 6,5Km.

Os dados foram obtidos por meio de levantamentos, coletas e aplicação de formulários, onde perguntas foram elaboradas - seguindo-se critérios metodológicos propostos pelo IBGE (2000) perfazendo um total de 50 formulários entre os anos de 2008 e 2009 aos residentes da Microbacia e entrevistas com representantes do poder público e privados.

Para abranger um número maior de moradores e, que sirva posteriormente para estudos de planejamento de bacias hidrográficas criou-se uma fórmula matemática onde:                                                                                                                                                                  

(p) é o parâmetro utilizado nos formulários, (Q) quantidade de itens que totalizaram 7 e 10 sub tópicos para cada parâmetro e, +3 referente à amostragem no momento da coleta dos  formulários.

RESULTADOS:

Os canais urbanos, localizados no setor central da cidade refletem as condições de moradia de uma grande parcela da população. Os moradores residentes nessas áreas se tornam vulneráveis a episódios de enchentes, deslocamentos de massas e processos erosivos, que muitas vezes, são ocasionadas pela ausência de saneamento e de uma rede de drenagem adequada para esses locais.

Na maioria dos orgãos gestores e de planejamento ambiental a dificuldades de combinar os aspectos socioeconômicos com os aspectos ambientais é notório. Pois, as bacias nesse contexto constituem indicadores da condição dos ecossistemas e reflete os efeitos do desequilíbrio e das interações dos respectivos componentes que os degradam. Assim se pode determinar com razoável consistência, prioridades nas intervenções técnicas para correção e mitigação de impactos ambientais negativos que ocorram nestas áreas.

Esses impactos ocasionados nessas áreas causam danos tanto de ordem natural quanto social, pois com o aumento do nível da água pela retificação da rede drenagem as enchentes se tornam constantes. A erosão torna-se um traço comum nestes locais. O assoreamento resultante da erosão de voçorocas e movimentos de massa tende a aumentar com a retirada da mata ciliar e a com a mudança do padrão de drenagem natural.

CONCLUSÃO:

O uso da bacia hidrográfica como célula de análise ambiental é essencial, uma vez que, esta incorpora em sua unidade de gerenciamento e planejamento aspectos naturais, sociais e econômicos de forma integrada. Os diversos agentes transformadores destes espaços sejam eles visíveis ou invisíveis, refletem suas ações na paisagem e isso nos possibilita entender os problemas de forma inter-relacionada. Neste trabalho, buscou-se a compreensão dos problemas a partir percepção das falhas existentes na legislação ambiental e o desconhecimento das políticas adotadas pelos planejadores públicos tanto pretéritos quanto presentes e, como isso vem interferindo na perda da qualidade hídrica e de vida da população.

Foi verificado que os moradores são os agentes explícitos da poluição hídrica nas bacias hidrográficas de Manaus, porém não são a causa principal. Pois, a ausência de fiscalização e monitoramento dos órgãos competentes são os principais causadores desta degradação. 

Sendo assim, o planejamento ambiental em bacias hidrográficas pode contribuir de modo significativo na construção de uma proposta que integre aspectos físicos, econômicos e sociais na intenção de compreender as construções imperceptíveis que contribuem de forma direta e indireta na degradação socioambiental nos rios urbanos.

Instituição de Fomento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES
Palavras-chave: Microbacia do Quarenta, Impactos Socioambientais, Planejamento Ambiental.