62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 13. Serviço Social - 1. Serviço Social Aplicado
SERVIÇO SOCIAL E RACISMO: DEBATENDO O COTIDIANO PROFISSIONAL E A LUTA ANTI-RACISTA.
Kassia Siqueira Ribeiro 1
Raquel Santos Sant´Ana 1
1. UNESP campus Franca
INTRODUÇÃO:
A pesquisa versa sobre a luta anti-racista e a prática sócio-educativa com famílias no cotidiano profissional dos assistentes sociais no espaço do Centro de Referência da Assistência Social(CRAS) no município de Franca - SP. A pesquisa tem como objetivos, analisar históricamente a inserção do negro no Brasil; estudar os conceitos raça, racismo e anti-racismo; e verificar se no cotidiano profissional do Serviço Social há a efetivação da luta anti-racista. O profissional de Serviço Social tem como um dos princípios profissionais atuar no empenho em eliminar qualquer forma de preconceito, bem como proporcionar a discussão das diferenças, a participação de grupos que são discriminados em sociedade e o respeito à diversidade. O racismo no Brasil apresenta-se como um racismo sui generis, velado, mascarado pelo mito da democracia racial. Mas, estudos e pesquisas afirmam as desigualdades vivenciadas pela população negra, desde a época de autores clássicos como Florestan Fernandes e Roger Bastide. Portanto, o Serviço Social como profissão que atua com famílias, entre estas, famílias negras contribui para a luta anti-racista, tanto para a evidência, discussão do tema, como a proposição de meios de organização desta população na luta contra o racismo.
METODOLOGIA:
O que se propõe com a pesquisa é a ampliação da visão sobre a realidade racial, em especial, acerca da realidade dos negros, e seu reflexo no cotidiano profissional dos assistentes sociais nos CRAS do município de Franca - SP, para que se supere a aparência deste fenômeno, na busca por diversos elementos que o compreenda dentro de uma realidade contraditória e em constante transformação, ou seja, dialética. A pesquisa tem caráter qualitativo, a fim de que se possa aprofundar e ter uma visão de totalidade acerca do tema étnico-racial. Os cenários da pesquisa são 04 Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) do município de Franca-SP. Ao total são 04 sujeitos participantes da pesquisa. Houve então entrevistas com profissionais do Serviço Social, no intuito de conhecer o cotidiano profissional e, também foram observadas as atividades sócio-educativas com famílias realizadas pelos profissionais. Para a entrevista aplicou-se formulários semi-estruturados na intenção de captar algum elemento implícito nas falas. Ainda há a pesquisa bibliográfica, na qual estuda-se desde autores clássicos como Florestan Fernandes, Octavio Ianni, Clóvis Moura até contemporâneos como Kabenguele Munanga, Antônio Sérgio Alfredo Guimarães, bem como autores do Serviço Social como José Paulo Netto, Marilda Vilella Iamamoto.
RESULTADOS:
A luta anti-racista visa combater as formas de opressão, exploração e dominação sobre as raças historicamente consideradas do ponto de vista ideológico como inferiores, em especial, contra a ideologia racialista construída socialmente acerca da população negra. Os entraves apontados pelos profissionais para a efetivação da luta anti-racista são permeados por elementos como o racismo sui generis, ou seja, um racismo que apresenta-se sutilmente e que historicamente não consegue ser combatido com maior amplitude por estar implícito. E mais, o mito da democracia racial, que tem como pressuposto que as raças vivem harmoniosamente no país é outro impeditivo do combate ao racismo, mas a realidade afirma através de pesquisas e estudos que a racismo é concreto. Além disso, os profissionais pouco conhecem a legislação acerca da luta do combate ao racismo, como as políticas de igualdade racial, o estatuto da igualdade racial, as políticas afirmativas e as estratégias de combate ao racismo para o cotidiano profissional. Os entraves citados refletem na formação profissional dos assistentes sociais, já que as universidades discutem incipientemente a temática questão racial - como referido pelos profissionais - e, então no momento do cotidiano profissional, tem-se poucos elementos teóricos-metodológicos para a efetivação da luta anti-racista.
CONCLUSÃO:
A efetivação da luta anti-racista no cotidiano profissional mostra-se ainda como desafio para a atuação dos assistentes sociais, visto a lacuna na formação profissional e o não reconhecimento do racismo como fato real concreto nas relações sociais por parte das instituições e da sociedade como um todo. Contudo, evidencia-se o papel do Serviço Social como profissão a se apropriar da luta anti-racista, pois trabalha no âmbito da práxis sócio-educativa com famílias, estas que em geral, são famílias advindas da classe trabalhadora, ou que dela depende, e são estas que vivenciam em geral, no seu cotidiano as manifestações do racismo e não possuem meios para superá-lo. Dentre as desigualdades vivenciadas pela população brasileira, o Serviço Social atua nas desigualdades concretas vivenciadas pela população negra, estas que estão permeadas de complexidades .A apropriação da abordagem étnico-racial pelo Serviço Social é elemento essencial para a análise das intervenções no cotidiano profissional, seja na prática educativa, metodológica, política, ética, além de ser efetivo instrumento de combate ao racismo.
Palavras-chave: Racismo, Anti-racismo , Cotidiano Profissional.