62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 6. Recursos Florestais e Engenharia Florestal
ESTRUTURA HORIZONTAL E CRESCIMETO DIAMÉTRICO DE Micropholis venulosa (Mart. & Eichler) Pierre, EM ÁREA SOB MANEJO NA FLORESTA NACIONAL DO TAPAJÓS, BELTERRA, PARÁ
Tatiana da Cunha Castro 1
João Olegário Pereira de Carvalho 1
1. Universidade Federal Rural da Amazônia/UFRA
INTRODUÇÃO:
Os estudos sobre estrutura e crescimento são fundamentais para se conhecer o comportamento e desenvolvimento das espécies arbóreas em florestas naturais, subsidiando desta forma a tomada de decisões para o melhor planejamento da utilização dos recursos florestais, além de possibilitar a adoção de estratégias de conservação das espécies. Micropholis venulosa, que pertence à família Sapotaceae, recebe diferentes denominações na região, como por exemplo, rosadinho e abiu-mangabinha. A madeira da espécie é comercializada no mercado, sendo empregada principalmente na construção leve e pesada, na fabricação de móveis e utensílios domésticos. A dinâmica de florestas ainda é pouco conhecida, principalmente em nível de espécie, o que justifica a importância de pesquisas desta natureza para a compreensão dos processos ecológicos em florestas naturais. No presente estudo foi avaliada a dinâmica da estrutura e do crescimento de Micropholis venulosa, em uma área explorada há 26 anos na Floresta Nacional do Tapajós, no município de Belterra, PA, com o objetivo de conhecer seu comportamento, para assim subsidiar a adoção de técnicas adequadas de manejo, que possam garantir sua utilização sustentável com o mínimo de distúrbio ao ecossistema.
METODOLOGIA:
A pesquisa foi realizada em uma área experimental de 64ha, na Floresta Nacional do Tapajós, Km 67 da BR 163, Santarém- Cuiabá (54° 55' 32-50'' W; 2° 53' 00-35'' S), Município de Belterra, Pará. Em 1979 a área foi explorada, considerando o DAP de 45cm como diâmetro mínimo de corte. Foram extraídas cerca de 40 espécies comerciais, com uma média de 16 árvores.ha-1, correspondendo a aproximadamente 75m³.ha-1. Micropholis venulosa não foi colhida na área. Em 1981 (dois anos após a exploração) foram instaladas 36 parcelas permanentes de 50mx50m. Cada parcela foi dividida em 25 subparcelas de 10mx10m, totalizando uma amostra de 9ha, onde, desde então, são monitorados todos os indivíduos com DAP≥5cm. As plantas com dimensões menores (varas e mudas) também são monitoradas em subparcelas menores, mas no presente estudo foram considerados apenas os indivíduos com DAP≥5cm. O inventário contínuo foi realizado em oito ocasiões (1981, 1982, 1983, 1985, 1987, 1992, 1997 e 2007) nas parcelas permanentes, correspondendo a um período de 26 anos. A dinâmica da estrutura e do crescimento foi avaliada no período de 1981 a 2007. Os dados foram processados pelo programa MFT (Monitoramento de Florestas Tropicais), desenvolvido pela Embrapa Amazônia Oriental para avaliar dados de inventário contínuo.
RESULTADOS:
De 1981 a 1985, a abundância de Micropholis venulosa foi de 1,4 árvore.ha-1 com frequência de 1,44%. Em 2007 a abundância foi reduzida para 1,2 árvore.ha-1 e a freqüência para 1,22%. A área basal da espécie aos dois anos após a exploração (1981) foi de 0,09 m².ha-1, iniciando um processo de redução em 1992, chegando a 0,05 m².ha-1em 2007. Provavelmente, essa redução está relacionada à mortalidade de algumas árvores. O índice de valor de importância da espécie diminuiu com o passar dos anos, passando de 0,8 (1981) para 0,4 (2007). Em relação ao crescimento, em 26 anos de monitoramento, a espécie cresceu 0,23 cm.ano-1. O maior crescimento ocorreu dois anos após a exploração, que foi de 0,34cm.ano-1. O maior crescimento nesse período deve-se a maior incidência de iluminação na floresta em decorrência da abertura do dossel, pois a luz é um dos fatores externos que mais beneficia o desenvolvimento de um vegetal. Porém, pôde-se observar que de 1992 a 1997 ocorreu o menor incremento diamétrico (0,11cm.ano-1), em relação aos demais períodos. E ao considerar os últimos dez anos de avaliação foi possível notar que o crescimento em diâmetro da espécie voltou a aumentar.
CONCLUSÃO:
Ocorreram poucas mudanças na estrutura da população de Micropholis venulosa, apesar da floresta ter sido submetida à exploração de impacto reduzido, que normalmente aumenta a dinâmica da floresta. Essa situação confirma que cada espécie responde de forma diferenciada a um determinado tratamento, o que ressalta a importância do estudo em nível de população de espécies em florestas tropicais. O crescimento de Micropholis venulosa durante o período avaliado é semelhante ao padrão de crescimento da maioria das espécies arbóreas na Amazônia, considerado baixo, implicando na necessidade da aplicação de tratamentos silvicuturais na área, para que a espécie se desenvolva melhor, considerando que o seu maior crescimento ocorreu logo após a exploração.
Instituição de Fomento: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária/Embrapa; Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq.
Palavras-chave: Abiu-mangabinha, Rosadinho, Dinâmica florestal.