62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 8. Psicologia do Trabalho e Organizacional
O DESENVOLVIMENTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO EXERCÍCIO DO TRABALHO: UMA EXPERIÊNCIA NA PERSPECTIVA DO COLABORADOR
Natália Cardoso da Silva 1
Danilo de Freitas Araújo 2
Geórgia Martins Baeta Neves 3
1. Faculdade Natalense para o Desenvolvimento do Rio Grande do Norte
2. Universidade Federal do Rio Grande do Norte
3. Profª. Mestre/Orientadora, Faculdade Natalense para o Desenvolvimento do RN
INTRODUÇÃO:

Muitas dificuldades, de diversas naturezas, surgem quando se trata da inserção das pessoas com deficiência em organizações do trabalho. Verifica-se, assim, a negligência das instituições para com aqueles que constituem (ou deveriam constituir) uma parcela importante de sua força de trabalho. Tal fato influi negativamente na percepção que estes trabalhadores têm de si mesmos. O Setor de Recursos Humanos de uma organização pode responsabilizar-se pela inserção e acompanhamento dos indivíduos supracitados. Levando tal fato em consideração, este estudo visou observar a realidade de inserção das pessoas com deficiência numa organização do trabalho, bem como as políticas de recursos humanos voltadas para essa população.

METODOLOGIA:

A empresa em que se realizou o estudo situa-se no ramo de supermercados da cidade de Natal/RN, com um total de aproximadamente 1.930 colaboradores. A amostra abrangeu 114 colaboradores com deficiência. Antes da pesquisa de campo, articulou-se a realização prévia de leituras adicionais, além de discussões sobre a temática. Em seguida, foi montado um questionário contendo questões abertas. Para complementação dos instrumentos a serem utilizados, construiu-se um questionário sócio-demográfico, que auxiliou na identificação das características do perfil da amostra, bem como de um termo de consentimento livre e esclarecido, para que houvesse a garantia de que os princípios éticos de pesquisa fossem resguardados. Na análise dos dados utilizou-se o programa estatístico SPSS (Statistical Package for Social Science), versão 15.0.

RESULTADOS:

A maioria dos sujeitos da amostra é do sexo masculino (54,17%), tem entre 23 e 27 anos (36,62%), é composta por solteiros (57,75%) sem filhos (56,34%). Pertencem predominantemente aos setores operacionais e de atendimento ao público (87,50%), ao passo que a minoria encontra-se em setores administrativos (percentagem praticamente nula). Quanto à percepção que possuem sobre as políticas de recursos humanos, voltadas para as pessoas com deficiência, mais de 80% consideram importantes e positivas as práticas de recrutamento e seleção; 50,85% percebem que o processo de integração para colaboradores recém contratados ocorre naturalmente, independente da realização pela organização de atividades de integração entre os colaboradores; 34,33% afirmam ser necessário melhorar os treinamentos voltados para pessoas com deficiência (com treinamentos específicos para esse público); em relação às necessidades a nível organizacional 10,29% dos colaboradores chamam a atenção para a falta de comunicação dos setores; ao passo que 42,65% dos colaboradores mencionam haver falta de compreensão advinda dos colegas de trabalho e líderes, às vezes havendo indiferença dos líderes quanto ao remanejamento de funcionários para atividades que não lhes sejam adequadas.

CONCLUSÃO:
Verificou-se tornar-se necessário que os colaboradores com deficiência da organização pesquisada recebam uma atenção maior, sobretudo com políticas de recursos humanos mais efetivas. Constatou-se que a maior parte dos sujeitos era formada por pessoas com deficiência auditiva; para elas, a dificuldade mais freqüente consistia na comunicação. Assim, propõe-se como iniciativa para melhoria, que a organização promova cursos de Libras para os colaboradores que mantêm um contato maior com as pessoas que possuem deficiência auditiva. Como proposta integradora poderia se constituir num efetivo começo, além de otimizar aspectos subjacentes, tais como o nível interacional, o de comunicação e operacional. Inclusive, deve-se pensar na seleção interna voltada para pessoas com deficiência, já que a maioria encontra-se predominantemente em setores de atendimento ao público. Efetivar-se-iam como oportunidades únicas de aumento de auto-estima (por meio da mudança de cargo), aumentando por um lado a motivação geral, e conseqüentemente o rendimento no trabalho, e de outro, dignificando o trabalho das pessoas com deficiência. Portanto, tornou-se válida a experiência de acesso às percepções das pessoas com deficiência a respeito das políticas de recursos humanos voltadas para elas.
Palavras-chave: Pessoa com deficiência, Recursos Humanos, Ambiente de trabalho.