62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 12. Psicologia
O PROBLEMA DO BULLYING: O QUE FAZEM OS PSICÓLOGOS ESCOLARES?
Samia Dayana Cardoso Jorge 1
1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Pós Graduação em Psicologia
INTRODUÇÃO:
O termo bullying é de origem inglesa, ainda sem correspondente literal na língua portuguesa. Vem do vocábulo 'to bully', que significa agressor, intimidador, atacante. Por isso, bullying, com 'ing' na sua terminação, vem a ser o ato de ser um agressor, intimidador, juntamente com todas as condutas usadas por este agressor contra outras pessoas. Quando acontece na escola, a vítima passiva tende a desenvolver sintomas físicos como dor de cabeça e de estômago, tonturas, mudanças repentinas de humor, baixo rendimento escolar, resistência a freqüentar a escola, medo de falar em público, lesões corporais freqüentes e perda ou danificação de objetos pessoais. Para identificação e prevenção do problema, é imprescindível a atuação do educador, entre eles o psicólogo escolar. Este trabalho é um recorte de dissertação de mestrado defendida em 2009, com o título "O bullying sob o olhar dos educadores: um estudo em escolas da rede privada de Natal/RN" e aqui focará o papel do profissional psicólogo diante do bullying.
METODOLOGIA:
A pesquisa foi realizada em 14 escolas particulares de Ensino Médio de Natal, em suas quatro Regiões Administrativas (Norte, Sul, Leste e Oeste). No entanto, apenas duas delas contavam com a presença do psicólogo. Os dois profissionais responderam um questionário e realizaram uma entrevista semi-diretiva, ambos realizados na própria instituição escolar. Os dados obtidos receberam tratamento estatístico no programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences ) e foram analisados à luz do referencial sócio-histórico.
RESULTADOS:
Dos dois profissionais estudados, ambos afirmaram conhecer o problema do bullying, tendo o acesso a ele vindo através de meios de comunicação de massa (televisão e revistas não científicas de grande circulação) ou através de seus colegas da esquipe escolar, em conversas informais. Os entrevistados afirmaram não ter recebido informação de suas instituições de trabalho ou mesmo em seus cursos de graduação, sendo que uma das profissionais não havia realizado estágio curricular em psicologia escolar. As psicólogas estudadas referiram que identificavam uma possível manifestação de bullying quando havia muitas queixas de "fofocas", "apelidos", "difamações" contra um aluno ou, principalmente, quando já havia manifestações de agressão física entre agressor e vítimas. Após identificação, os alunos envolvidos eram chamados e a profissional aplicava testes psicológicos em ambos; dependendo do resultado, chamava seus responsáveis e encaminhava os jovens para psicoterapia individual. Uma das psicólogas relatou realizar palestras para os responsáveis nas reuniões pedagógicas, visando "alertá-los para o problema do bullying".
CONCLUSÃO:
Primeiramente, o fato de apenas duas das 14 escolas investigadas contarem com psicólogo escolar já é um sinal da necessidade de revisão do papel, formação e atuação deste profissional: será que ele não quer atuar nesta área? Ou a escola não o absorve? Outra questão observada foi a falta de capacitação profissional: a escola não forneceu aos profissionais entrevistados uma formação continuada sobre o problema da violência na escola, muito menos sobre bullying, ambos problema em evidência no espaço escolar. Talvez em decorrência destes fatos, aliado a uma formação acadêmica deficiente, o psicólogo escolar acaba utilizando técnicas e intervenção não adequadas à escola, tais como a aplicação de teste psicológicos e encaminhamento para terapia individual. Por que, por exemplo, os educadores - ou a instituição como um todo - não foram citados como colaboradores no problema do bullying? Apenas os alunos são responsáveis pelas manifestações violentas na escola? É preciso relembrar que o psicólogo é um profissional do grupo, e precisa analisar sistemicamente as situações, para que possa ter um diagnóstico eficiente e traçar estratégicas de intervenção e prevenção que envolvam todos os atores escolares, desde alunos até a equipe técnica, professores e direção.
Instituição de Fomento: CNPq
Palavras-chave: Violência na escola, Bullying, Psicólogo escolar.