62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 5. Farmacognosia
ATIVIDADE LEISHMANICIDA in vitro DE Lippia rotundifolia (Verbenaceae)
Hugo do Amaral Braga 1
João Gabriel de Araújo Almeida 1
Everton Macêdo Silva 1
Lorena Carneiro Albernaz 1
Mariana Laundry de Mesquita 1
Laila Salmen Espíndola 1
1. Laboratório de Farmacognosia, Universidade de Brasília
INTRODUÇÃO:

Infecções causadas por protozoários do gênero Leishmania podem ser consideradas como problemas de saúde pública, atingindo principalmente Ásia, África e América Latina, infectando cerca de dois milhões de pessoas a cada ano. O termo leishmaniose abrange três diferentes manifestações clínicas: infecção visceral (ou "Kala-azar") a qual é caracterizada por febre irregular, perda de peso, esplenomegalia e hepatomegalia; leishmaniose cutânea que gera ulcerações na derme; e leishmaniose mucocutânea que causa ulceração na pele e nas membranas mucosas. Os fármacos disponíveis para a terapêutica causam graves efeitos colaterais devido a sua alta toxicidade, além dos inúmeros casos de resistência dos parasitos. Sendo assim, substâncias naturais são alternativas viáveis para, no futuro, complementar ou até mesmo substituir os tratamentos existentes, já que plantas medicinais são usadas há milênios pela humanidade para o tratamento das mais diversas doenças. Neste estudo, extratos de Lippia rotundifolia (Verbenaceae) foram testados em formas promastigotas de Leishmania (Leishmania) amazonensis, e em células NIH-3T3 de fibroblastos de mamífero para avaliação da especificidade de ação.

METODOLOGIA:

Lippia rotundifolia Cham. (Verbenaceae) foi coletada no Cerrado, 15º58'32,0'' S; 47º59'07,4'' O. Uma exsicata foi depositada no Herbário da Universidade de Brasília, sob o número (UB) 3796. Os extratos foram avaliados em promastigotas de L. (L.) amazonensis, e então determinado o IC50. As cepas foram mantidas em meio de cultura Schneider enriquecido com 20% SFB inativado e gentamicina a 0,2% a 22 ºC. Os extratos foram dissolvidos em DMSO. O ensaio foi realizado em placa de 96 poços, onde os extratos foram testados em diluição seriada com concentrações de 100 a 1,63 μg/mL. O inóculo consistiu de 106 parasitos por poço em fase logarítmica. A placa foi incubada a 37 °C por 48 h. O controle negativo consistiu de 106 parasitos em meio de cultura e DMSO. A viabilidade foi analisada com 33 μL/poço de MTT a 3 mg/mL, por 4 h a 37 °C. Depois, foram adicionados 50 mL de SDS 10% para liberação dos cristais de formazan. A placa foi lida em leitor de microplacas a 570 nm. Os testes foram feitos em triplicata. Os valores de IC50 foram obtidos por regressão não-linear. A citotoxicidade foi determinada em células de fibroblastos NIH-3T3 em placas de 96 poços, onde os extratos foram testados em diluição seriada com concentrações de 300 a 9,375 μg/mL, e a avaliação feita pelo MTT.

RESULTADOS:

O extrato hexânico da raiz de Lippia rotundifolia foi ativo em formas promastigotas de L. (L.) amazonensis, apresentando valor de IC50 de 14,08 mg/mL. A análise da citotoxicidade em fibroblastos de mamíferos da linhagem NIH-3T3 mostrou valor de IC50 de 212,92 μg/mL, resultando em um índice de seletividade (IS) de 15,11. O IS relaciona a citotoxidade e a atividade biológica do extrato no modelo avaliado, representando o potencial efetivo do extrato sobre o parasito. A literatura reporta que extratos com IS > 10 são considerados potencialmente mais seguros na busca de compostos promissores. Está em andamento o fracionamento cromatográfico deste extrato guiado pelo teste de atividade, a fim de isolar as substâncias promissoras para dar prosseguimento a pesquisa.

CONCLUSÃO:

A leishmaniose é uma doença grave e ainda apresenta carência de medicamentos eficazes e com baixa toxicidade. As questões mais sérias sobre o tratamento são a crescente prevalência de resistência aos antimoniais pentavalentes, levando à necessidade de descoberta de fármacos alternativos ao tratamento de escolha. Dessa forma, a bioprospecção de extratos de plantas é uma boa estratégia para a descoberta de novas substâncias ativas. Certamente, o fracionamento do extrato hexânico da raiz de Lippia rotundifolia proporcionará a identificação e o desenvolvimento de moléculas líderes. Além de contribuir para a preservação e valorização da biodiversidade do bioma Cerrado.

Instituição de Fomento: UnB, CNPq, CAPES, FAP-DF
Palavras-chave: Leishmania (Leishmania) amazonensis, Lippia rotundifolia, Citotoxicidade.