62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 1. Silvicultura
TEMPERATURA ÓTIMA DA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Bertholletia excelsa H.B.K. (castanha-da-amazônia)
Kauê Feitosa Dias de Sousa 1
Isolde Dorothea Kossmann Ferraz 2
1. Coordenação de Pesquisas em Silvicultura Tropical - INPA
2. Dra./Orientadora - Coordenação de Pesquisas em Silvicultura Tropical - INPA
INTRODUÇÃO:
A análise de sementes florestais assume um papel importante no setor florestal, sendo o sucesso de um plantio dependente, dentre outros fatores, da qualidade das sementes. O comércio de sementes certificadas é feito após a avaliação da qualidade do lote de sementes por laboratórios credenciados pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento - MAPA. As análises são orientadas pelas Regras para Análise de Sementes do Brasil - RAS, garantindo os mesmos resultados em diferentes laboratórios a nível nacional. Na avaliação há necessidade de conhecer a temperatura ótima de germinação, na qual a semente mostra, em menor tempo, o seu máximo potencial germinativo. Estas condições ainda não são conhecidas para Bertholletia excelsa H.B.K.; espécie madeireira das florestas amazônicas de terra firme com grande interesse em plantios comerciais e em sistemas agroflorestais para a produção de sementes (castanhas). O objetivo desse trabalho foi determinar a temperatura ótima para a avaliação da qualidade das sementes em laboratório, visando fornecer subsídios para a elaboração das RAS de espécies florestais.
METODOLOGIA:
As sementes, provenientes da Fazenda Aruanã/AM, foram armazenadas, até o início do teste, sob temperatura ambiente em caixas plásticas com areia úmida. O tegumento lenhoso foi retirado manualmente com uma faca, após o dessecamento das sementes por 24h sob 25°C, e em seguida submersas em água pelo mesmo tempo. Os testes de germinação foram realizados em câmaras de germinação com temperatura constante (±2°C) programadas para 15, 20, 25, 30, 35 e 40°C com fotoperíodo de 12h, fornecido por lâmpadas fluorescentes com luz branca fria (PAR: 70µmol.m-2.s-1). As sementes foram semeadas em refratários de vidro do tipo pirex, em cinco repetições de 20 sementes por temperatura, estes foram envoltos com sacos plásticos finos e transparentes para evitar perda excessiva de água. Como substrato foi utilizado vermiculita fina, umedecida com água destilada na proporção 1:2 (g.g-1). Foi avaliado o critério fisiológico (protrusão da raiz primária ≥ 5 mm) e o critério tecnológico de germinação (formação de uma plântula normal). Devido à germinação bipolar das sementes, que possibilita o crescimento da parte aérea independente da protrusão da raiz, foi observado também o alongamento da parte aérea com no mínimo 5 mm. Os dados foram submetidos à análise estatística, utilizando o Teste de Wilcoxon a 5%.
RESULTADOS:
Sob a temperatura de 15°C não foi observada a emissão de nenhum dos meristemas. A formação de plântulas normais foi observada, sem diferença significativa entre os tratamentos, nas temperaturas de 20, 25, 30 e 40°C, com média de 60% de germinação. A temperatura de 35°C ficou abaixo dessa média. Verificou-se que, independente da temperatura, 83% das sementes emitiram primeiramente a raiz, nos demais 17% o meristema da parte aérea foi o primeiro a ser ativado. Assim a ordem de ativação dos meristemas não influenciou a formação da plântula normal. Analisando o tempo médio de germinação, observou-se, pelo critério fisiológico (raiz ou parte aérea ≥ 5 mm), que as sementes possuem uma alta plasticidade quanto às exigências térmicas, pois não houve diferença estatística na velocidade do processo nas temperaturas entre 20 e 40°C. Já para o desenvolvimento de plântulas normais, observou-se uma significativa redução no tempo de germinação sob as temperaturas de 30, 35 e 40°C, sendo o tempo mais curto a 30°C, necessitando 51 dias para o critério fisiológico de germinação e 57 dias para o critério tecnológico.
CONCLUSÃO:
O lote das sementes testado apresentou germinação entre 20 a 40°C, com tolerância excepcional às altas temperaturas, evidenciando extrema plasticidade às exigências térmicas. A temperatura mínima da germinação situou-se entre 15 e 20°C e a máxima acima de 40°C, assim, temperaturas superiores devem ser testadas para a determinação da temperatura máxima de germinação. Baseado na velocidade do processo recomenda-se a temperatura de 30°C para a avaliação da qualidade das sementes. Porém, nestas condições o tempo médio de 57 dias para a formação de plântulas normais ainda é muito longo, portanto há a necessidade de desenvolver métodos indiretos para avaliação da qualidade das sementes de B. excelsa.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq; Projeto Procad - UFV / INPA.
Palavras-chave: Qualidade de sementes, Sementes florestais tropicais, Regras para Análise de Sementes.