62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 7. Planejamento Urbano e Regional - 2. Métodos e Técnicas do Planejamento Urbano e Regional
O MAPEAMENTO DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO COMO FERRAMENTA DE GESTÃO AMBIENTAL: O CASO DO MUNICÍPIO DE MOSSORÓ (RN).
Emanuelle Roberta da Silva Melo 1
Alfredo Marcelo Grigio 1
Marco Antônio Diodato 2
1. Depto. de Gestão Ambiental, Faculdade de Ciências Econômicas - UERN
2. Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA
INTRODUÇÃO:

As formas de uso e ocupação do espaço urbano ou rural no Brasil têm provocado sucessivos e inúmeros problemas ambientais, que promovem intensa degradação ao meio ambiente, tais como: contaminação do solo e água, poluição do ar, perda da capacidade produtividade dos solos, erosão, entre tantos outros. E como conseqüências disto há um aumento de problemas como enchentes, deslizamentos, assoreamentos de rios, desertificações, etc. (SANTOS, 2007). Desta forma surge a necessidade de estudos que abordem as formas de apropriação destes espaços territoriais no sentido de disciplinar as atividades potencialmente nocivas ao meio ambiente, e de promover formas adequadas de utilização dos espaços em concordância com suas capacidades de uso. Para isto, são utilizadas ferramentas capazes de auxiliar na gestão ambiental para promover a melhoria das condições ambientais municipais. Tais ferramentas de análise multitemporal permitem mapear as transformações ocorridas no processo de uso e ocupação do solo ao longo dos anos. O objetivo deste trabalho é identificar a importância do mapeamento do uso e ocupação do solo como ferramenta para auxiliar na gestão ambiental, sobretudo no município de Mossoró (RN) que apresenta como base de sua economia atividades de exploração de petróleo e sal marinho.

METODOLOGIA:

Esta pesquisa faz uma abordagem qualitativa e quantitativa envolvendo três etapas de trabalho: a primeira correspondeu a pesquisa bibliográfica e documental acerca da temática proposta, bem como da pré-análise dos documentos cartográficos que foram georreferenciados no ER-Mapper e vetorizados posteriormente no software ArcView Gis. A segunda etapa consistiu do uso e imagens de Sensoriamento Remoto de satélites Landsat 5-TM e Landsat 7-ETM+ que foram tratadas por meio de técnicas de processamento digital de imagens. Por último foram feitos os cruzamentos dos mapas de uso e ocupação do solo dos anos de 1989, 1999 e 2008, por meio da extensão ArcView Spatial Analyst v1.1 no software Arcview 3.2. o que permitiu a criação de uma tabela de cruzamento multitemporal que evidenciam as transformações na paisagem por meio da relação de perda e ganho de área de uma tipologia de uso do solo para outra. Além disso, nesta etapa foram realizadas visitas á campo com o intuito de fazer um reconhecimento visual da área de estudo, auxiliar na interpretação das imagens e o registro de pontos relevantes por meio do Global Position Sistem (GPS).

 

RESULTADOS:

Foram mapeadas 13 tipologias de uso do solo no município entre os anos pesquisados: Áreas Alagadiças, Assentamentos Rurais, Corpos de Água, Salinas Cristalizadoras, Cultura Permanente e Temporária, Influência Fluviomarinha - Herbácea, Poços de Extração de Petróleo, Região de Estepe (Caatinga) Arbórea Aberta - Sem Palmeiras, Região de Estepe (Caatinga) Arbustiva, Aberta - Com Campos, Região de Estepe (Caatinga) Parques com Palmeiras e Produção Camarão. Além disso, foram confeccionados os mapas de uso e ocupação do solo para os anos de 1989, 1999 e 2008 e duas tabelas de cruzamento multitemporal que evidenciaram as transformações da paisagem do município através da relação de perda e ganho de áreas de uma tipologia para a outra ao longo dos últimos anos. A tipologia de uso do solo que mais sofreu alteração foi a de Vegetação Arbórea Aberta - Sem Palmeiras com uma perda significativa de área para atividades de petróleo, cultura e assentamentos rurais. Com relação aos instrumentos de gestão territorial do município a pesquisa revela que o mesmo não apresenta sequer um Zoneamento Ecológico Econômico, que possibilite a divisão dos espaços municipais de acordo com suas possibilidades de uso.

CONCLUSÃO:

O município de Mossoró apresenta uma dinâmica de uso do solo bastante acentuada nos últimos anos o que requer a atenção dos gestores públicos no sentido de regulamentar os diversos usos existentes. No entanto o município mostra-se despreparado para tal porque não apresenta instrumentos de gestão ambiental capazes de promover este ordenamento territorial, como o zoneamento ecológico econômico. E isto se reflete em formas de ocupação inadequadas dos espaços naturais, sobretudo em área de vegetação nativa e ás margens do Rio Apodi-Mossoró por atividades de produção de sal marinho, petróleo e da própria área urbana que vem crescendo significativamente ao longo dos anos, criando áreas de vulnerabilidade social e ambiental. Desta forma, vemos que mapeamentos de uso e ocupação do solo são cada vez mais relevantes do ponto de vista da gestão ambiental municipal porque reúne informações valiosas que proporcionam o entendimento da dinâmica ambiental do município, e contribui, sobremaneira, para a criação de programas, projetos e políticas voltados para a utilização sustentável dos espaços territoriais municipais.

 

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Mapeamento do Uso do Solo, Gestão Ambiental, Sistemas de Informação Geográfica.