62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 10. Teoria Econômica
KNUT WICKSELL: CONTRIBUIÇÕES À TEORIA NEOCLÁSSICA DO EQUILÍBRIO MONETÁRIO
Eduardo Borchardt 1
Davy Frederico Souza 1
1. Departamento de Economia/Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
INTRODUÇÃO:
A Knut Wicksell (1851-1926) pertence uma das maiores contribuições teóricas no âmbito do tratamento da dinâmica de uma economia monetária. O tratamento dado à moeda por teóricos de seu tempo residia basicamente na Teoria Quantitativa da Moeda, segundo a qual a moeda é neutra e as flutuações de preço soam diretamente influenciadas pelo estoque de moeda. Segundo Wicksell, porém, tal modelo só cabe a uma economia cuja moeda é totalmente exógena e o mecanismo de transmissão monetária é direto. A partir disso o autor desenvolve uma teoria monetária que amplia as possibilidades de análise fundamentadas na TQM, refinando-a ao incluir a possibilidade de endogeneidade da moeda e um mecanismo de transmissão monetária indireta, via taxa de juros. Wicksell evidencia o dinamismo das flutuações do nível de preços, descrevendo um mecanismo de ajuste em espiral dos preços chamado por ele de processo cumulativo. O objetivo do presente trabalho, portanto, é elucidar a teoria monetária wickselliana buscando os elementos que o fazem um autor singular dentre os teóricos neoclássicos, destacando as virtudes que a teoria possui que a permitiram influenciar todo o tratamento teórico dado a posteriori no que tange às análises de equilíbrio monetário.
METODOLOGIA:
O artigo é fruto de pesquisa realizada na disciplina Teoria Neoclássica do Departamento de Economia/UFES e consiste numa revisão bibliográfica de fonte primária do autor selecionado, cuja principal obra selecionada para estudo foi "Lições de Economia Política". Também se buscou interpretações de sua teoria em outras fontes como livros de historiadores do pensamento econômico e artigos obtidos por meio eletrônico (internet). Num primeiro momento faz-se uma revisão da teoria monetária vigente partindo para a interpretação e contribuições feitas por Knut Wicksell ao aproximar o modelo teórico a uma economia com sistema de crédito consolidado. Por fim comparamos seu aparato teórico ao tratamento dado à moeda e à inflação na macroeconomia contemporânea buscando os elementos que o tornam um autor não só atual como ainda importante para a compreensão de uma economia monetária de produção.
RESULTADOS:
O raciocínio na TQM assume, para Wicksell, um mecanismo direto de transmissão monetária, qual seja a quantidade de moeda interferir diretamente na demanda monetária e no nível de preços. Em uma economia com um sistema de crédito consolidado, entretanto, há mecanismos indiretos de transmissão monetária, com criação endógena de moeda e maiores flutuações na velocidade de circulação da moeda. Wicksell descreve a dinâmica de preços por meio da interação entre as taxas de juros e a demanda monetária, determinando qual será a oferta monetária vigente na economia. O autor desenvolve o conceito de taxa natural de juros, que seria uma taxa de equilíbrio. Um hiato entre as taxas natural e de mercado levaria a um processo cumulativo, na qual o excesso ou escassez de moeda determinaria o comportamento da inflação. Caso houvesse um sistema de crédito puro, o processo evolui até que as duas taxas se igualem. Wicksell, contudo, aproxima o modelo à realidade ao considerar o sistema bancário com reservas, representado pelo padrão-ouro de sua época. Desta forma, explica como ocorre um ciclo monetário, no qual a dinâmica dos preços gerada pelos descompassos entre taxa natural e de mercado reencontram um novo nível de equilíbrio ajustado pelo nível de reservas dos bancos.
CONCLUSÃO:
Wicksell, ao identificar uma dinâmica monetária em uma economia com sistema de crédito e ajustes promovidos pelas taxas de juros, tornou-se um autor relevante para distintas correntes teóricas. Ao identificar uma taxa natural de juros, elemento central para os monetaristas, e a endogeneidade da moeda, essencial para algumas vertentes do pensamento keynesiano, Wicksell forjou elementos que fazem com que sua teoria tenha considerável explicação da realidade atual. Ao dar um papel central aos bancos, ele possibilita uma análise aproximada da operacionalidade da política monetária praticada nos países, que consiste basicamente na manipulação da base monetária com vistas à influenciar a taxa básica de juros, dentre elas o nosso Sistema de Metas de Inflação. Revela-se, por exemplo, mais consistente em termos de aplicação de ferramentas de controle monetário sugeridos pela própria teoria monetarista, que se revelou inoperante ao tentar manter o controle da base monetária frente à atuação dos bancos. Há uma busca implícita em fixar uma taxa de juros de mercado que seja próxima de uma taxa de juros natural. Na impossibilidade de mensurá-la, a autoridade monetária é guiada pelo nível de preços de economia. Assim, a análise do autor aproxima-se das práticas monetárias executadas atualmente.
Instituição de Fomento: Programa de Educação Tutorial de Economia/SESu/CAPES
Palavras-chave: Knut Wicksell, taxa natural de juros, processo cumulativo.