62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 6. Recursos Florestais e Engenharia Florestal
DESINFESTAÇÃO DE SEMENTES DE Torresea acreana DUCKE POR DIFERENTES TRATAMENTOS QUíMICOS.
Rithielly Patricia Nascimento Akerley 1
Stephanny Paola Martinelli 1
Joana Maria Ferreira Albrecht 1
José Roque Arfeli Júnior 1
Bernardo Mastrangeli Tabaczenski 1
1. Faculdade de Engenharia Florestal. Universidade Federal de Mato Grosso, UFMT.
INTRODUÇÃO:
A necessidade de se conhecer os principais fatores que governam a germinação de sementes de espécies florestais nativas do Brasil adquiriu maior importância nos últimos anos, principalmente em função de derrubadas indiscriminadas para abertura de novas fronteiras agrícolas, o que compromete a biodiversidade e aumenta a lista de espécies ameaçadas de extinção (Bello et al., 2008) Um dos problemas mais sérios nos estudos de germinação é a grande contaminação fúngica das sementes, principalmente em regiões tropicais, onde a umidade e as temperaturas elevadas são favoráveis ao crescimento e desenvolvimento de patógenos, fazendo com que sementes das espécies nativas dessas regiões tornem-se vulneráveis dos mesmos. Dentre as espécies vulneráveis, encontra-se a Torresea acreana (Ducke) A. C. Sm., conhecida vulgarmente como cerejeira, pertencente à família Fabaceae. Esta espécie apresenta forma arborescente de alto fuste, ocorrendo em matas altas e fechadas na Amazônia ocidental do Brasil. Segundo Lorenzi (2002), a espécie tem grande valor econômico, em função da madeira ser empregada na fabricação de móveis finos, folhas decorativas, esculturas, lambris, balcões e marcenaria em geral. Por meio das sementes, as doenças podem ser disseminadas a longas distâncias e causar elevados prejuízos dependendo das condições de ambiente e outros fatores que favorecem o seu desenvolvimento (Carvalho, 1999). O acesso de patógenos às sementes pode ser influenciado por inúmeros fatores, entre os quais a própria natureza do parasitismo de cada organismo. Dentre os agentes patogênicos, os fungos são os mais ativos, tendo uma maior habilidade de penetrar diretamente nos tecidos vegetais e daí se estenderem mais facilmente (Machado, 2000). Para que se obtenha sementes livres de patógenos torna-se necessário o conhecimento de técnicas de desinfestação tanto dos materiais de laboratório quanto da própria semente, pois muitas das perdas que ocorrem em nível laboratorial dos experimentos ocorrem pela ação dos fungos patogênicos que interferem nos testes, podendo comprometer o resultado dos mesmos. O tratamento de sementes é um procedimento eficiente e econômico no controle de patógenos. No sentido amplo, essa prática envolve a aplicação de diversos processos e substâncias às sementes, com o objetivo de preservar ou aperfeiçoar seu desempenho, aumentando a produtividade das plantas (Menten e Paradela, 1996). Portanto torna-se importante conhecer a sanidade das sementes para auxiliar na execução dos testes de germinação em laboratório e na forma de mudas em viveiro (Netto et al.,1996) Esse trabalho teve como objetivo avaliar a eficiência do uso de diversos produtos químicos no controle de microorganismos e a identificação de espécies de fungos presentes nas sementes de cerejeira (Torresea acreana DUCKE).
METODOLOGIA:
As sementes de T. acreana foram coletadas de árvores matrizes no campus da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). As sementes foram coletadas nos meses setembro e outubro de 2009, sendo posteriormente beneficiadas e armazenadas em câmara fria (18ºC + 2ºC e 73% + 4% UR). As sementes receberam os seguintes tratamentos: . T1 - Álcool etílico absoluto (C2H5OH) 1 minuto; . T2 - Álcool etílico absoluto (C2H5OH) 2 minutos; . T3 - Hipoclorito de sódio (NaClO) q (2%) 5 minutos; . T4 - Hipoclorito de sódio (NaClO) q (2%) 10 minutos; . T5 - Hipoclorito de sódio (NaClO) q (2%) + Álcool etílico absoluto (C2H5OH) 2 minutos; . T6 - Derasol Plus (Carbendazim + Tiram ) 1 minuto; . T7 - Derasol Plus (Carbendazim + Tiram ) 2 minuto; . T8 - Testemunha: sementes não tratadas. Nos tratamentos com álcool etílico absoluto (T1 e T2), as sementes foram imersas e agitadas em Becker auxílio de um bastão de vidro por 1 e 2 minutos, respectivamente. O mesmo procedimento, apenas diferindo o tempo de imersão e agitação, foi usado nos tratamentos com hipoclorito de sódio (T3 e T4) por 5 e 10 minutos; Para o hipoclorito de sódio 2 minutos mais álcool etílico absoluto 2 minutos (T5), as sementes foram primeiro imersas em álcool etílico por 2 minutos e depois em hipoclorito de sódio por 2 minutos. Para o tratamento com Derasol Plus 1 e 2 minutos (T6 e T7) foram colocadas 3 gotas do fungicida para cada tratamento. A testemunha não passou por nenhum tipo de desinfestação na semente. Após tratadas às sementes foram distribuídas sobre três folhas de papel mata-borrão, postas em caixas tipo Gerbox, estas foram colocadas na câmara de germinação tipo BOD, com temperatura de aproximadamente 25ºC, com foto período alternado de 12h de luz e 12h de escuro. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, foram utilizados quatro repetições de 25 sementes por tratamento, os dados de germinação em porcentagem, foram transformados em arc seno√x/100. As medias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Foram avaliadas porcentagem de germinação e porcentagem de sementes contaminadas.
RESULTADOS:
De acordo com a tabela 1 houve pouca interferência da ação dos patógenos sobre os percentuais germinativos com exceção do tratamento em álcool etílico absoluto 1 e 2 minutos que tiveram 51% e 41% de germinação, respectivamente. Entre os tratamentos estudados, os melhores resultados para desinfestação das sementes foram com fungicida Derasol Plus®, por 1 e 2 minutos que não diferem estatisticamente entre si, porém diferindo do álcool etílico absoluto a 2 minutos que foi o que apresentou maior contaminação por fungos nas sementes avaliadas. Apesar de uma menor contaminação por Derasol Plus®, o resultado não diferiu estatisticamente da testemunha. O álcool etílico absoluto a 1 e 2 minutos quanto sua mistura com Hipoclorito de Sódio prejudicaram a germinação das sementes, apresentando os menores índices germinativos enquanto o derasol 1 e 2 minutos e a testemunha apresentaram as maiores taxas de germinação não diferindo estatisticamente entre si. De acordo com a tabela acima o uso de Derasol Plus® foi o mais eficiente, mesmo resultado foi obtido em trabalho feito por Albrecht et al (2007), com sementes de Swietenia macrophylla K. com Derasol Plus®, apresentou germinação de 91,7% e uma baixa contaminação de 3,33%.
CONCLUSÃO:
Os tratamentos com Derasol Plus® apresentaram os melhores resultados, contribuindo significativamente para desinfestação de sementes de Torresea acreana DUCKE, sem afetar os percentuais de germinação. Apesar de o índice de contaminação dos tratamentos com Derasol Plus® terem sido inferiores ao da testemunha, a taxa de germinação e contaminação foram estatisticamente semelhantes.
Palavras-chave: Torresea acreana , tratamentos químicos , sementes.