62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
ESTIMATIVA DA PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA DAS FLORESTAS ALAGADAS DO MÉDIO SOLIMÕES AMAZONAS.
Alexsandra Vieira Moreira 1, 3, 2, 4
Ciclene Haylla Silva 1, 3, 2, 4
Auristela Conserva 2, 4
Helder de Lima Queiroz 2
Marcus E. B. Fernandes 1
1. Centro de Estudos Superiores de Tefé - CEST/UEA
2. Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá
3. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
4. Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas
INTRODUÇÃO:
Toda a matéria vegetal presente no solo da floresta é chamado de liteira, serapilheira, serrapilheira ou manta morta, que é constituída por folhas, sementes, flores, frutos, gravetos. A produção de serapilheira em um ambiente é fundamental para formação das camadas húmicas, o que contribui para fertilização do solo com nutrientes e matéria orgânica, particularmente importante na nutrição de ecossistemas florestais. Considerando diferenças na dinâmica das florestas com relação ao aporte de água, vale ressaltar que é importante saber como e quanto às florestas alagadas produzem de matéria orgânica. A serapilheira apresenta-se como a principal fonte de matéria orgânica produzida pela floresta. Em relação às florestas alagadas da Amazônia brasileira, poucos trabalhos têm enfocado a produtividade primária desses ambientes, via a estimativa da produção de serapilheira. Essa pesquisa foi desenvolvida com o objetivo de estimar a produção de serrapilheira em dois ambientes de várzea, chavascal e restinga, onde foram examinados padrões sazonais na produção em relação a fatores abióticos como inundação e pluviosidade, contribuindo para o melhor entendimento deste ecossistema, possibilitando mais uma ferramenta para a implantação de estratégias de manejo e conservação.
METODOLOGIA:

Foi selecionada uma trilha no Setor Mamirauá da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá - RDSM, que totalizou 1.528 m. contendo os dois ambientes de estudo, restinga e chavascal, cada ambiente com 700 m., os 128 m restantes foram às bordas retiradas. A RDSM está localizada próximo ao município de Tefé, na confluência do rio Solimões com rio Japurá.  Ao longo da trilha foi sorteado um ponto para cada ambiente, no qual foi estabelecido um transecto para distribuição dos coletores. Da borda da trilha para o interior da mata a cada 20 m foi colocado um coletor, totalizando cinco coletores por ambiente. Cada coletor foi composto por uma caixa de isopor e emoldurado por uma tela de náilon de aproximadamente um metro quadrado, sendo presas por roldanas de borrachas em estacas fincadas no chão da floresta, os coletores ficarão suspensos a um metro de distância do chão.O material foi coletado mensalmente, e separado no laboratório, para cada coletor, em diferentes componentes, folhas, gravetos, frutos, sementes, pecíolos, animal, miscelânea (sendo este último todo material não identificado). Em seguida foi secado na estufa a 70ºC até atingir peso constante. As variações das taxas mensais de produção de serrapilheira foram testadas pela Análise da Variância (Anova).

RESULTADOS:

A massa média total de serrapilheira produzida no período de estudo foi de 96,52 g.m -² para o chavascal e 85,64 g.m -² para restinga. A fração foliar teve a maior participação entre os componentes contribuindo com 520,43 g.m -² no chavascal e 449,01 g.m -² na restinga, seguida pela fração gravetos com 248,25 g.m -² no chavascal e 152,97 g.m -² na restinga. O pico de maior produção foi nos meses de setembro e outubro durante a fase terrestre período do nível mais baixo do rio. No entanto tanto em área de restinga como de chavascal, a produção não apresentou uma correlação positiva com o nível da água. A quantidade produzida em dez meses de estudo foi maior que a de outros sítios durante um ciclo anual completo. Em parte, esse valor elevado está relacionado à maior produtividade da floresta de várzea quando comparada à terra firme.

CONCLUSÃO:

A produção de serrapilheira encontrada na floresta de várzea estudada reflete, a alta produtividade desse ecossistema. A predominância da fração foliar na composição da serrapilheira está de acordo com o padrão observado em outras florestas na Amazônia e também em outros ecossistemas.Com esta pesquisa alcançamos os objetivos em conhecer a produção em dois ambientes e estimar sua produção em relação aos fatores abióticos.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Palavras-chave: Serrapilheira, Várzea, Ecossistema.