62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 1. Ecologia Aplicada
AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DA ESTRADA DA EMADE SOBRE A FAUNA SILVESTRE, TEFÉ, AMAZONAS.
Maria Irineide Silva de Souza 1
Hellem Euziane da Silva Santana 1
Luciane Lopes de Souza 1
1. Universidade do Estado do Amazonas-Centro de Estudos Superiores de Tefé/UEA
INTRODUÇÃO:

Um dos grandes problemas ambientais pouco ressaltados é a perda da biodiversidade de uma determinada região causada pelo atropelamento de várias espécies nas estradas, provocando a limitação do crescimento de determinadas populações ou até a sua extinção local. Este problema vem crescendo rapidamente, pois a construção de estradas e a pavimentação das mesmas dividem o habitat da comunidade que vive naquela área em fragmentos, interferindo na área de uso de diversos animais, trazendo assim vários impactos negativos ao ambiente e a qualidade de vida dos mesmos, este é um problema que deve ser considerado. O presente estudo visa avaliar os impactos da estrada da EMADE na fauna silvestre devido colisões com veículos, indicando as espécies mais afetadas e os pontos críticos da estrada, além de ser a complementação de um estudo que iniciou em 2008, e que mostrou a necessidade de se realizar um estudo a longo prazo, pelos dados relevantes obtidos na região de Tefé.

METODOLOGIA:

O local do estudo é a estrada da EMADE localizada a 8 km do município de Tefé no estado do Amazonas, a qual possui um trecho de 23 km e leva ao futuro porto da cidade. É uma pista de mão dupla com trechos bastante sinuosos. A metodologia de coleta adotada foi a mesma do estudo anterior, onde anotava-se informações importantes como o clima, a hora do início e final da coleta e as condições do tráfego de veículos. O percurso era realizado com auxilio de uma motocicleta com dois observadores mantendo-se a velocidade média de 35 km/h, para assim evitar a perda de algum animal. Quando um animal era avistado morto, dados específicos eram coletados sistematicamente, tais como: nome vulgar da espécie, a hora da coleta, o estado de conservação, a faixa etária, o local do atropelamento a partir da quilometragem mais próxima e fazia-se o registro fotográfico para a identificação. As marcas encontradas no corpo do animal foram indicativos de colisão com veículos. Chegando no final do km 23 fazia-se uma pausa de 10 a 20 minutos para então retornar ao ponto inicial. Quando animais mortos em bom estado de conservação eram avistados, encaminhava-se para o Laboratório de Biologia da Universidade do Estado do Amazonas para serem identificados por chaves taxonômicas ou por especialistas da área.

RESULTADOS:

Foram realizadas 33 viagens, no total de 1518 km rodados no período de setembro de 2009 a fevereiro de 2010, com média de 6 viagens mensais. Durante este tempo foram contabilizados 107 animais de 19 espécies e 12 famílias, inferior ao resultado do outro estudo que registrou 122 animais de 22 espécies. Considerando os 23 km encontrou-se o atropelamento de 4,6 animais/km e 0,7 animais/km/. Como no estudo anterior, o maior número de atropelamentos foi na classe dos anfíbios com 67 indivíduos, em seguida répteis com 30 e por último das aves com 7 indivíduos. Não houve registros de atropelamentos com mamíferos. A espécie mais vitimada continuou sendo o sapo comum (Bufos marinus) com 13 espécimes atropelados, seguido do B. granulosos com 8 e por terceiro o calango verde (Ameiva ameiva),com 6, pertencentes as família Bufonidae e Teiidae, respectivamente. Considerando o número de registros por mês, destaca-se fevereiro com 39 atropelamentos, depois outubro com 27 e janeiro com 16 registros. Os pontos críticos detectados na estrada com o maior número de atropelamentos foram os km 1 com 12 atropelamentos, km 2 com 10 e  km 12 e 20 com 9  atropelamentos cada. Para evitar problemas de visualização, 87% do tempo de coleta ocorreram em dias ensolarados.

CONCLUSÃO:

O maior número de indivíduos atropelados pertence a classe Anfibia, o que foi confirmado com os resultados do estudo anterior, mas é considerado um índice alto em comparação com outros estudos brasileiros.  Mesmo sendo animais pequenos, este estudo continua mostrando que B. marinus é a espécie mais vitimada pelas colisões com veículos. Em Tefé parece que o fato da existência de várias poças de água na margem da estrada atrai esses animais e por se locomoverem lentamente acabam sendo as maiores vitimas de atropelamentos. Este estudo também propõe algumas medidas mitigadoras dos impactos encontrados principalmente nos pontos críticos detectados, como a implantação de redutores de velocidade, a instalação de placas educativas, túneis de passagem hídrica, objetivando minimizar os casos de atropelamentos da fauna silvestre, como também podem ser feitos trabalhos de educação ambiental nas escolas da área o que facilitaria a aplicação de tais medidas, conseguindo assim minimizar os impactos gerados pela construção desta estrada no município de Tefé no interior do Amazonas.

Instituição de Fomento: Fundação do Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas
Palavras-chave: fauna atropelada, Estrada, Amazonas.