62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 4. Odontologia - 4. Materiais Odontológicos
AVALIAÇÃO DA QUANTIDADE DE AFASTAMENTO GENGIVAL UTILIZANDO UMA SUBSTÂNCIA EXPERIMENTAL, O CLORIDRATO DE TETRAHIDROZOLINA (VISINE®), QUANDO COMPARADO COM O AFASTAMENTO OBTIDO PELO CLORETO DE ALUMÍNIO (HEMOSTOP®)
Talita Fernanda Alexandrino 1
Juliana Tanno Miranda 1
Yuri Martins Costa 1
Maurício Guimarães Araújo 1, 2
Sergio Sábio 1, 2
Marcel Marcelo Accorsi 1
1. Universidade Estadual de Maringá/UEM
2. Prof. Dr. - Depto de Odontologia
INTRODUÇÃO:
O afastamento gengival visa o deslocamento lateral e vertical do sulco gengival, sem implicar modificações permanentes ou comprometer o periodonto sendo essencial para obtermos a cópia exata da anatomia do término cervical favorecendo o selamento marginal e a confecção do perfil de emergência. Algumas técnicas de exposição do término fazem o uso de produtos químico associadas a meios mecânicos, como os fios de afastamento gengival. Recentemente Bowles et al., em 1991, sugeriram o uso de descongestionantes nasais e colírio, como o cloridrato de tetrahidrozolina (Visine®), como agente químico de afastamento sendo que estes poderiam substituir os produtos à base de epinefrina, que apresentam efeitos colaterais. Agentes químicos como o cloreto de alumínio (Hemostop®) apresenta problemas relacionados à polimerização dos materiais de moldagem que podem interferir com a qualidade da reprodução obtida. Dessa forma, o Visine® pode ser um dos medicamentos para ser aplicado no afastamento, e possivelmente solucionar deficiências apresentadas pelos materiais utilizados atualmente. O objetivo deste estudo foi o de avaliar o grau de afastamento gengival obtido com a utilização do Visine® e do Hemostop®, em comparação ao afastamento com fio retrator não impregnado com substâncias químicas.
METODOLOGIA:
Um ensaio clínico controlado randomizado, duplo-cego foi realizado. Indivíduos entre 18 e 70 anos, com boa condição sistêmica, saúde periodontal e gengiva espessa foram inclusos no estudo, totalizando 23 pacientes. Fumantes, com caninos e pré-molares superiores com lesões de cárie, abrasão, erosão, pilares protéticos ou restaurações insatisfatórias foram excluídos. Cada paciente recebeu os procedimentos em uma sessão. O examinador isolou relativamente a área anterior do arco e aderiu nos dentes 13, 23 e 15 um incremento de resina composta ao nível da margem cervical do sulco por toda extensão vestibular. Então, o fio com Visine® e o fio com Hemostop® foram introduzidos no sulco dos dentes, por 7 minutos. Ao retirar o fio, a moldagem foi realizada com silicona de adição e 2 horas após foi obtido o modelo de gesso da arcada. Foram capturadas 69 imagens dos modelos (uma por dente) pela câmera Olympus SZ-STS acoplada a uma lupa (0,8 vezes de aumento). As imagens foram analisadas pelo Image pro-plus (versão 4.5) para medir a distância entre o incremento (posição inicial da gengiva) até o nível gengival. As imagens foram obtidas entre 24 - 48 horas após o vazamento do gesso. Médias e desvio padrão das modalidades foram obtidas pela Análise por meio de Inferência Bayesiana.
RESULTADOS:
O afastamento é imprescindível para a confecção de modelos em gesso que permitam ao técnico de laboratório construir uma coroa bem adaptada. A presença de líquidos no interior do sulco dificulta a cópia fiel, pois o material de moldagem normalmente é hidrofóbico o que impede sua penetração no término. Muitas técnicas são desenvolvidas para tentar contornar esses problemas. Neste estudo foi avaliado o cloridrato de tetrahidrozolina e o cloreto de alumínio. As três modalidades de afastamento tiveram médias em que não houve diferença estatisticamente significante. Isso pode ser explicado porque a maior parte do afastamento é devido à ação mecânica do fio. Assim, a substância química teria a função de diminuir o exudato no interior do sulco apresentando importância no afastamento devido às características hidrofóbicas dos materiais de moldagem. O cloridrato de tetrahidrozolina demonstrou no presente trabalho que pode ser utilizado como substância de afastamento devido aos resultados semelhantes aos outros métodos. Além disso, sua compatibilidade com os materiais de moldagem mostrou ser superior ao desempenho do cloreto de alumínio em trabalhos anteriores. Sua utilização no afastamento gengival deve ser mais pesquisada.
CONCLUSÃO:
Diante dos resultados obtidos podemos concluir que: (I) Não houve diferença estatisticamente significante entre os três métodos de afastamento gengival utilizados no presente trabalho; (II) O uso de uma substância química associada ao meio mecânico, fio, não proporcionou maior quantidade de afastamento gengival no método de avaliação utilizado e (III) O cloridrato de tetrahidrozolina, uma substância experimental, apresentou resultados semelhantes aos outros métodos e, portanto deveria ser considerada como agente de afastamento gengival.
Palavras-chave: Afastamento gengival, Afastamento mecânico-químico, Cloridrato de tetrahidrozolina.