62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Educação Física e Esportes - 1. Educação Física e Esportes
IDOSOS E AUTONOMIA: A CONTRIBUIÇÃO DAS VIVÊNCIAS COM PRÁTICAS CORPORAIS NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF).
Gilson Benedito da Silva 1
Luciano Lima Diniz 1
Marcos Manoel Ferreira Alves 1
Nadson Santana Reis 1
Raphael Bastos da Silva 1
1. Depto. de Educação - Campus XII-Universidade do Estado da Bahia, UNEB
INTRODUÇÃO:

Atualmente a Educação Física vê-se diante de uma nova possibilidade de intervenção: a Estratégia de Saúde da Família (ESF), nesse sentido faz-se necessário e indispensável analisar a ação dos professores de Educação Física tendo em vista a saúde e as nuances específicas do envelhecimento em seus aspectos biopsicossociais e a autonomia nas dimensões da ação, do pensamento e da vontade. Nesta perspectiva coube revisar os conceitos de saúde e de corpo, partindo do pressuposto de que para a intervenção pedagógica é indispensável a compreensão destes em sua complexidade e totalidade. Nesse emaranhado de questões procura-se contextualizar, relacionar, compreender e apreender como se dá o desenvolvimento da autonomia e sua efetiva aplicação no dia-a-dia dos idosos, sujeitos-objetos deste estudo. Nessa perspectiva considera-se de suma importância tal estudo, visto que contribuirá para que os professores de Educação Física avaliem sua práxis e a partir daí organizem vivências mais humanas, portanto mais contextualizadas, identificando os idosos como grupo social dotados de consciência histórica. Assim busca (re)significar a intervenção de tal profissional no campo da Saúde Pública, tendo em vista seus conhecimentos e sua intervenção com seres humanos, tão carentes de humanização.

METODOLOGIA:

 

Este estudo trata-se de uma pesquisa direta de campo, de cunho quase experimental, visto que tenta compreender a relação de causa e efeito mostrando de que modo o fenômeno é produzido.O mesmo acontecerá na Unidade Básica de Saúde do Bairro Vila Nova, escolha intencional visto que há intervenção pedagógica de estudantes de Educação Física ligados ao projeto de Ação e Saúde. A amostra constituiu de 06 idosos, participantes regulares das atividades há no mínimo 08 meses. Utilizou-se o método dialético, uma vez que este fornece as bases para uma interpretação dinâmica e totalizante da realidade. Além disso, desenvolve como técnica de levantamento de dados uma entrevista estruturada, e para a avaliação morfofuncional das valências físicas serão utilizados os protocolos validados e de grande utilização na área - Teste da régua, Flexiteste Adaptado, Avião e Posição Quatro, Amarelinha e Arremesso de Bola ao Alvo, todos descritos por Carnaval (2000), acrescidos de um Questionário de Atividades Físicas Habituais. A análise dos dados aproximará do método hermenêutico-dialético que segundo Minayo (1994), consiste em contextualizar os agentes sociais. Logo consideramos a "conjuntura sócio-econômica e política do qual faz parte o grupo social [...] estudado." (MINAYO, 1994, p.77).

RESULTADOS:

 

Durante o estudo identificamos que a busca por melhores condições de saúde figura entre a principal motivação dos participantes do projeto Ação e Saúde, entretanto a compreensão da saúde ainda permanece associada às doenças. No que diz respeito às mudanças ocorridas no cotidiano obtivemos respostas referentes a melhoria na disposição, alegria, relações e círculo de amizades, melhora da sensibilidade tátil, maior condição para a realização das atividades diárias, menos cansaço e dor. Relacionados à autonomia coletiva, alguns consideram-se aptos a organizar vivências, sentindo-se co-responsáveis pelo processo, inclusive pelos vínculos construídos. Os dados decorrentes dos testes dão conta de que tais participantes, mesmo participando das atividades, estão pouco ativos, com flexibilidade baixa, apresentando equilíbrio estático e dinâmico bem significativo; já quanto à coordenação notou certa dificuldade em quase todos os participantes; todavia no que se refere à velocidade de reação obtivemos dados satisfatórios, entretanto vale ressaltar que os protocolos  utilizados não são específicos para o idoso, já que há uma carência nesse sentido.   

CONCLUSÃO:

 

Tais dados evidenciam um panorama sobre os idosos frequentadores do Programa Ação e Saúde, permitindo compreender a autonomia não só associada à capacidade funcional, mas também como a capacidade de mover sem entraves, obstáculos materiais ou constrangimentos físicos, assim como às possibilidades de autodeterminação, implicando julgamentos deliberados. Nota-se ainda que o espaço da ESF constitui-se num local para a construção coletiva e autônoma, na medida em que torna-se um espaço para a formação de redes de amizades, a melhoria de condição de saúde, o reconhecimento das possibilidades de ação/reflexão/ação e de implementação mudanças. Nota-se ainda que há muito a ser feito no sentido de assegurar as condições de saúde. Neste grupo identifica-se certa autonomia, alguns já se consideram aptos a propor/organizar vivências. Tais fatores decorrem de uma postura ativa, participativa, coerente, e em alguns casos crítica diante da vida. A participação no programa não constitui pré-requisito para obtenção de saúde, mas, de fato, tem se firmado como algo que pode contribuir decisivamente na melhoria desta, seja entre idosos ou os demais participantes, haja vista que a autonomia constitui elemento indispensável para o exercício da cidadania e da liberdade critica e inventiva.

 

Palavras-chave: Envelhecimento , Autonomia , Saúde.