62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 4. Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca - 2. Engenharia de Pesca
DIAGNÓSTICO DA ATIVIDADE DE PESCA NA LAGOA MUNDAÚ
Thaís Patrícia Alves 1
Patrícia Mendes Guimarães 1
Jakes Hallan de Queiroz Costa 1
Yamina Coentro Montaldo 1
Érica Livea Ferreira Guedes 2
Roger Nicolas Beelen 1
1. Pscicultura, Zootecnia Universidade Federal de Alagoas-UFAL
2. Pscicultura, Agronomia, Universidade Federal de Alagoas-UFAL
INTRODUÇÃO:
No Estado de Alagoas a produção de pescado é derivada de dois segmentos de atividade: a aqüicultura e a pesca artesanal. A produção total de pescado, no Estado, foi estimada em 13.989 t ano-1. Os pescadores artesanais desenvolvem suas atividades no Complexo Estuarino-Lagunar Mundaú-Manguaba (CELMM), localizado na interface entre o ambiente marinho e o continental. A atividade pesqueira nas Lagoas Mundaú e Manguaba, principal fonte de renda da população local, está ameaçada. A região passa atualmente por um rápido e intenso processo de degradação ambiental proveniente de diversas atividades humanas, como: crescimento imobiliário desordenado de Maceió com invasão de áreas que deveriam ser de preservação, lançamento maciço de efluentes urbanos sem o mínimo tratamento, presença de um pólo cloro químico e conseqüente lançamento dos seus efluentes industriais e a intensa atividade sucro-alcooleira ao longo de suas bacias hidrográficas.Essas atividades antrópicas têm afetado direta e indiretamente os cerca de 260 mil habitantes que vivem no seu entorno, dos quais 5.000 são pescadores.O propósito deste estudo foi efetuar uma análise sócio-econômica da atividade da pesca bem como das práticas utilizadas pelos pescadores e fazer um diagnóstico do impacto das atividades antrópicas na região
METODOLOGIA:
O presente trabalho foi realizado no bairro do Pontal da Barra, bairro situado ao sul de Maceió na foz do rio Mundaú, no período entre junho a dezembro de 2008. Foram entrevistados 57 dos 94 pescadores envolvidos diretamente com a Associação dos Pescadores do Pontal da Barra. As informações coletadas foram obtidas por meio de entrevistas utilizando questionário contendo questões abertas e fechadas e um levantamento de dados sobre os seguintes parâmetros: técnicas de pesca empregadas, espécies capturadas, espécies em extinção, comercialização do produto, dificuldades enfrentadas e perfil educacional e sócio-econômico dos profissionais. A partir dos dados coletados foi feita sistematização a fim de identificar os impactos antrópicos no ambiente, os potenciais e limitações da pesca local e dificuldades enfrentadas pelos pescadores. A partir dessas informações foram feitas sugestões, inclusive de caráter zootécnico, que possam amenizar os problemas enfrentados e melhorar a renda e qualidade de vida da comunidade de pescadores do Pontal da Barra.
RESULTADOS:
A pesca artesanal continua sendo a principal ocupação da comunidade estudada e, conseqüentemente, a maior geradora de renda e alimentos. Segundo 81% dos pescadores, a pesca contribui para a melhoria da qualidade de vida, porém não pelo aumento da renda e sim pelo complemento à alimentação. 47% recebem um salário mínimo ou menos com a atividade. Em paralelo a essa importância emergem, por outro lado, inúmeros problemas que tem dificultado o desenvolvimento e sustentabilidade da atividade. Dentre eles destaca-se a formação e nível de organização dos pescadores, o qual precisa ser rediscutido visando uma melhor organização da Colônia de Pescadores. 56% dos pescadores possuem ensino fundamental incompleto e apenas 21% receberam algum tipo treinamento no seguimento. 33% escoam a produção para atravessadores e 42% não adotam nenhum manejo higiênico antes de repassar o pescado. A redução dos estoques pesqueiros da Lagoa seria decorrente de uma série de intervenções antrópicas: poluição por lixo e esgotos despejados (47%), assoreamento (44%), pesca predatória (5%) ou desmatamento das matas ciliares e dos mangues (4%)
CONCLUSÃO:
O diagnóstico obtido permitiu a obtenção de uma base de dados primários que pode vir a ser utilizada para propor atividades que poderiam minimizar os impactos negativos observados na atividade. O estabelecimento de programas de relacionamento a partir de instituições de base local, como as escolas, as associações comunitárias e as entidades de trabalhadores (Associações) são fundamentais para a mitigação dos problemas. Esses programas podem contemplar palestras, seminários e cursos de educação ambiental, realizados periodicamente com a população local para conscientizá-los da importância da preservação desse importante ecossistema. A implantação de atividades geradoras de renda para a comunidade local associadas com ações de recuperação seria de grande valia. Essas atividades poderiam incluir: Coleta de propágulos e produção local de mudas de espécies de mangue; participação da comunidade em atividades remuneradas de plantio recuperação do manguezal, participação da comunidade em atividades remuneradas de cultivo de peixes e ostras, realização de programas de capacitação remunerada (bolsas) em temas associados à recuperação/gerenciamento ambiental e no estabelecimento de programas de monitoria remunerada em Ciências para alunos das escolas locais
Palavras-chave: Sustentabilidade, Aqüicultura, Educação ambiental.