62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 1. Climatologia
ANÁLISE DOS FLUXOS TURBULENTOS DE ENERGIA EM ÁREA AGRÍCOLA E DE FLORESTA ATRAVÉS DA RAZÃO DE BOWEN.
Adriano Silva 1
Kleber Campos 1
Marcenilda Amorin 1
Regimary Pereira 1
Wilderclay Machado 2
Rodrigo da Silva 3
1. Departamento de Física Ambiental, Universidade Federal do Oeste do Pará-UFOPA
2. Programa de Pós Graduação em Recursos Naturais da Amazônia - UFOPA
3. Prof. Dr./Orientador - Programa de Física Ambiental - UFOPA e Coordenador do Pro
INTRODUÇÃO:
Ultimamente formou-se uma preocupação científica sobre a importância das florestas tropicais no controle do clima regional e global (Pinto, 2003). A Floresta Amazônica também é reconhecida, amplamente, como importante fonte de energia e umidade para os processos que ocorrem na atmosfera tropical (Galvão & Fisch, 2000). Com a expansão das fronteiras agrícolas e a crescente substituição de florestas por cultivos agrícolas, torna-se necessário o entendimento sobre os possíveis impactos causados nesses ecossistemas. As mudanças no uso do solo possibilitam que alguns fatores sejam modificados como a partição de energia líquida entre o transporte vertical de vapor d'água e o calor exigido para evaporação consumido na atmosfera (fluxo de calor latente, Le) e o transporte turbulento de calor na atmosfera (fluxo de calor sensível, H). Um método muito utilizado para avaliar essa partição é a razão de Bowen (β), razão entre o fluxo de calor sensível pelo fluxo de calor latente. Esse parâmetro mostra o quanto de energia está sendo utilizada para o aquecimento do ar e para os processos de evapotranspiração. O objetivo do trabalho é analisar os fluxos turbulentos de energia (Le e H), para diferentes características de superfície, através da Razão de Bowen.
METODOLOGIA:
Os dados dos fluxos turbulentos de energia foram coletados em experimentos do Programa LBA, na região da Flona do Tapajós, os quais correspondem ao período de cultivo de arroz aproximadamente entre janeiro a junho dos anos de 2002, 2003 e 2004 no campo agrícola. Na floresta, a vegetação é de floresta tropical densa com copa emergente (comprimento de copa 35-40m), em terreno de planalto, cujo período de medidas corresponde aos anos de 2002, 2003 e 2004. Para coleta dos dados no campo agrícola, situado na municipalidade de Belterra próximo de Santarém-PA, ao longo da BR-163 (3.0121°S, 54.5371W), utilizou‑se uma torre micrometeorológica, com 20m de altura, na qual encontravam‑se dispostos sensores de resposta rápida, como anemômetro sônico tridimensional e analisador de gás por infravermelho (sistema Eddy Covariance) para medidas de fluxos turbulentos. Na floresta, as medidas foram feitas através de uma torre micrometeorológica (3.01030°S, 54.58150W), com a altura de 64m, onde possui um sistema de Eddy Covariance instalado.
RESULTADOS:
Para avaliar o comportamento diário dos fluxos turbulentos de energia em diferentes condições de superfície, foram selecionados os meses de janeiro a junho de 2002, 2003 e 2004 para ambos os sítios de pesquisas. Os valores de (H) foram menores na cultura de arroz com médias diárias de 20,4 W/m² para o campo agrícola e 29,8 W/m² para floresta. Entretanto, com relação à energia consumida para ambos os sítios foram similares com aproximadamente 19%. Para os valores de (LE), houve uma grande discrepância, com maior magnitude em área de floresta com 127,85 W/m² do que no cultivo de arroz com valores médios de 89,86 W/m². Resultando em uma diferença de 29,7 % a mais de energia disponível para processos evaporativos na floresta. A Razão de Bowen (β), expressa pela razão entre as médias dos fluxos turbulentos (H e LE). Foram encontrados valores médios de β de 0,21 em área de floresta e 0,62 para o cultivo de arroz. Portanto, a quantidade de energia utilizada para processos evaporativos da água é maior na floresta. Tal fato pode ser porque a floresta consegue manter uma disponibilidade hídrica na atmosfera através da evapotranspiração da alta vegetação presente com copa cerca de 35m de altura.
CONCLUSÃO:
Os valores médios apresentados por superfícies de características diferentes (campo agrícola e floresta) apontam uma diminuição nos valores de (LE), quando se converte área de floresta em campo agrícola. Tal fato pode ser comprovado pelos valores da razão de Bowen os quais foram menores em área de floresta. Dessa forma, possivelmente implicaria em uma mudança significativa na partição de energia liquida com uma redução expressiva no fluxo de calor latente.
Instituição de Fomento: CNPq e UFOPA/LBA
Palavras-chave: Razão de Bowen, Fluxos turbulentos de energia, Eddy Covariance.