62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
CARACTERIZAÇÃO DO BANCO DE SEMENTES EM TRÊS TIPOLOGIAS FLORESTAIS AMAZÔNICAS
Niwton Leal Filho 1
Tamires Ferreira Muniz 1
Gisele Rodrigues dos Santos 1
1. Coordenação de Pesquisas em Ecologia - CPEC/INPA
INTRODUÇÃO:
A região amazônica possui atualmente a maior área de florestas tropicais do planeta. Nos trópicos, o crescimento populacional acelerado, a ocupação desordenada e o uso insustentável dos recursos, contribuem para a redução destes ecossistemas, resultando em distúrbios ambientais e em um processo de extinção de espécies. A floresta tropical úmida na Amazônia central apresenta uma diversidade de ecossistemas bem definidos em relação a seus aspectos físicos, biológicos, estruturais e florísticos, o que contribui para a manutenção de sua elevada biodiversidade. A coexistência espacial de diferentes tipologias florestais na área de terra firme próxima de Manaus: floresta ombrófila densa, campinarana e campina, é ainda pouco compreendida e representa uma oportunidade única de estudos ecológicos com objetivo de entender o funcionamento e as relações destes ecossistemas. O banco de sementes (bs) do solo destas áreas é fundamental para sua manutenção dinâmica e conhecer suas características, além de permitir entender os processos sucessionais, embasa ações de manejo proposto para os ecossistemas e permite, em última instância, estabelecer medidas de proteção para estas áreas. Neste sentido o trabalho objetiva caracterizar a estrutura e a florística do banco de sementes dessas tipologias.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado na Estação de Silvicultura Tropical do INPA, Manaus, AM. O clima é classificado como Am (Köppen). O solo predominante é o Latossolo Amarelo, argiloso, ácido e pobre em nutrientes. Sobre um relevo ondulado ocorre a Floresta tropical úmida de terra firme com manchas de vegetação aberta de campina e campinarana sobre solos arenosos. Para estudar a densidade de sementes no solo foram coletadas, sobre transectos de 250 m estabelecidos em cada uma das três tipologias, 40 amostras de solo superficial com distância mínima de 6 m entre elas e dimensões de 10 cm de diâmetro e 3 cm de profundidade. Para estudar a distribuição das sementes no perfil do solo, foram coletadas no centro e nas extremidades dos transectos estabelecidos em cada tipologia três amostras circulares de 10 cm de diâmetro e profundidade de 20 cm. Cada uma destas amostras foi subdividida em camadas de 5 cm. As amostras foram transportadas para a casa de vegetação no INPA e distribuídas em bacias plásticas sobre substrato formado por areia lavada e serragem (3:1) para germinação das sementes foi utilizada a técnica de emergência de plântulas para a contagem e identificação sementes presentes no solo e as densidades foram comparadas através de análise de variância (ANOVA).
RESULTADOS:
A densidade média do bs superficial encontrada na floresta (251 sem./m²), campina (290) e campinarana (248) não diferem (ANOVA, p>0,005). No perfil do solo observou-se que nas três tipologias o número de sementes diminui com a profundidade, com a maior quantidade acumulada nos primeiros 10 cm superficiais. Na Floresta e na campinarana, as sementes concentram-se nesta camada, porém na campina as sementes distribuem-se de forma mais homogênea no perfil, provavelmente influenciada pela porosidade do solo arenoso que permitiria maior movimentação das sementes pequenas no perfil. As herbáceas dominaram o bs, nas três tipologias, com sua representatividade reduzindo-se da campina para a floresta, com a campinarana ocupando posição intermediária. A representatividade das espécies arbóreas apresenta um padrão inverso ao observado para as herbáceas, reduzindo-se da floresta para a campina, demonstrando a influência da formas de vida dominante na vegetação local sobre a composição do bs. Na campina aberta predominam espécies graminóides e na floresta a forma arbórea. As famílias Cecropiaceae, Clusiaceae e Melastomataçea ocorreram no bs de todas as tipologias. Na floresta e na campinarana as Melastomataceas predominaram no bs, enquanto que na campina predominaram as poaceas.
CONCLUSÃO:
A densidade de sementes presente no solo superficial das três tipologias não diferiram entre si e encontram-se dentro da amplitude das médias observadas para florestas tropicais úmidas. A redução no número de sementes com a profundidade do solo corrobora outros resultados. Porém, a ocorrência de um número significativo de sementes nas camadas mais profundas do solo da campina é um fato que diferencia este ecossistema e deve ser melhor analisado. Apesar das densidades similares, a composição do bs, em relação às formas de vida, diferiu entre as três tipologias. Na floresta observou-se uma redução na densidade das herbáceas e um aumento das arbóreas em relação à campina. Na campinarana, por outro lado, a densidade das herbáceas é menor que na campina e a das arbóreas menor que na floresta. As espécies e famílias representadas no bs das três tipologias são comumente encontradas em outros estudos de bs regionais. Nas áreas de campina ocupadas por espécies graminóides o bs apresentou grande abundância dessas espécies, já na floresta as espécies arbóreas foram mais representativas. Nota-se que o bs da campinarana apresentou características intermediárias entre a floresta e a campina, reflexo da sua posição espacial intermediária, ou seja, limítrofe entre floresta e campina.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq & Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Palavras-chave: Banco de sementes, Floresta Amazônica, Campinas.