62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 16. Orientação e Aconselhamento
ATIVIDADE SEXUAL NA ADOLESCÊNCIA
Glauberto da Silva Quirino 1
Maria Emanuelle de Sousa Lima 2
João Batista Teixeira da Rocha 3
1. Doutorando do PPG em Educação em Ciências - UFSM/ Co-orientador
2. Depto. de Enfermagem, Universidade Regional do Cariri - URCA
3. Prof. Dr./ Orientador, PPG em Educação em Ciências - UFSM
INTRODUÇÃO:
A primeira relação sexual é considerada um marco na vida reprodutiva de qualquer indivíduo e tem ocorrido cada vez mais precocemente. E entre as vulnerabilidades da adolescência moderna pode-se citar o desenvolvimento sexual como uma área de extrema importância para nossa atenção como educadores, uma vez que a gravidez precoce, as doenças sexualmente transmissíveis e a consequente evasão escolar têm se mostrado um desafio atual. O presente estudo tem como objetivos: caracterizar a atividade sexual dos adolescentes em uma escola pública estadual localizada no município do Crato-CE; traçar o perfil sócio-demográfico dos adolescentes; descrever o padrão de atividade sexual relatada pelos adolescentes e identificar as fontes de informações sobre a atividade sexual.
METODOLOGIA:
O estudo foi do tipo descritivo com abordagem quantitativa. A pesquisa realizou-se em uma escola de ensino fundamental e médio pertencente à rede pública estadual, situada no município do Crato-CE, distante 565 Km da capital, Fortaleza. Esta funciona os três turnos: manhã, tarde e noite e atende atualmente a 2100 alunos. Oferece o ensino fundamental do sétimo ao nono ano, ensino médio e educação de jovens e adultos, seu quadro docente é composto por 62 professores. O ensino médio no turno da manhã conta com nove salas de aula. A amostra foi composta por 39 estudantes. A seleção dos sujeitos deu-se a partir dos seguintes critérios de inclusão: estar matriculado no 1º ano do ensino médio; estar na faixa etária entre 10 e 19 anos; estar matriculado no turno da manhã e como critério de exclusão: ter faltado a aula no dia da aplicação do questionário e não devolver o questionário. Para a obtenção de dados utilizou-se um questionário com perguntas fechadas. Os mesmos foram aplicados durante o período de novembro e dezembro de 2009. Os dados foram organizados através do programa Epi-Info versão 3.5.1 e construídas as tabelas, sendo os mesmos analisados conforme a estatística descritiva pela distribuição das frequências mensuradas de forma nominal e interpretados à luz da literatura.
RESULTADOS:
As estudantes são 100% do sexo feminino, com idade de 16 anos (51,3%), têm renda familiar < 1 salário mínimo (51,3%) e seu estado civil é outros (46,2%). Constatou-se que 92,3% fazem sexo com frequência de duas a três vezes por semana (83,8%), o tipo de sexo é o vaginal (100%) e 56,4% delas nunca usaram camisinha ou já usaram raramente. A camisinha e a pílula são os métodos anticoncepcionais mais usados, com 50% e 43,8%, respectivamente. Das meninas que referiram ter atividade sexual ativa, 17,9% afirmaram não se encontrar preparadas para o sexo. Quanto às fontes de informações sobre o tema, encontrou-se que os amigos são os principais esclarecedores do assunto com 33,3%, que 92,3% das estudantes não conversam com seus pais sobre sexo e que nunca participaram de palestras que abordasse o tema (69,2%). Os resultados acima apresentados fortalecem a idéia do "ficar" como o experimento da iniciação sexual sem que estejam devidamente preparados e/ou orientados (FAUSTINO, 2007; SILVA, 2006). A exclusividade da modalidade vaginal reforça a influência da concepção educativa que permeou a educação sexual, especialmente a feminina, no sentido de que o sexo destinava-se à perpetuação da espécie e a sexualidade limitada ao aspecto biológico (FAUSTINO, 2007; MENDES, 2003).
CONCLUSÃO:
Conclui-se que há existência de despreparo dos adolescentes para iniciar suas atividades sexuais e constatou-se a relevância da orientação sexual frente à necessidade que os adolescentes têm da mesma. Comprovou que a escola, bem como a família, poderiam ser as instituições responsáveis por essa orientação e educação, mas isso não acontece. Dessa forma, os jovens, em sua maioria, buscam essas orientações em fontes que podem não ser seguras, baseada nas experiências de amigos. Neste sentido constatou-se que a sexualidade deve ser considerada como tema estratégico para alcançar uma educação crítica e transformadora e não sexista das informações.
Instituição de Fomento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES
Palavras-chave: Sexualidade, Adolescente, Escola.