62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 7. Meteorologia
ANÁLISE DO BALANÇO DE RADIAÇÃO EM SÍTIOS DE FLORESTA E PASTAGEM NAS ESTAÇÕES CHUVOSA E SECA NA FLONA DO TAPAJÓS - SANTARÉM - PA.
Luciano Costa de Araújo 1
Evandro Ares de Araújo 1
Polari Batista Corrêa 1
Marlize Moreira Pimentel 1
Wilderclay Barreto Machado 2
Rodrigo da Silva 3
1. Univ. Fed. do Oeste do Pará-UFOPA/Progra. de Física Ambiental
2. Progra. de Pós Graduação em Recursos Naturais da Amazônia - UFOPA
3. Dr. Progra. de Fís. Amb. /UFOPA e Coord. do Progra. LBA em STM - PA/Orientador
INTRODUÇÃO:

A radiação solar é a principal fonte de energia para os processos físicos, químicos e biológicos no sistema terra-atmosfera (LEITÃO, 1994; ANDRADE et al., 2009). Neste sentido, esta é fundamental para a fotossíntese, aquecimento do ar e superfície e para a evapotranspiração nas florestas (FIETZ & FISCH, 2008), ajudando na distribuição de recursos naturais e no equilíbrio do clima global. Na Amazônia, muitos estudos foram feitos para quantificar o saldo de (Q*) em diferentes sítios a fim de estimar a fração de radiação em cada compartimento (SCHAFER, 2002). Nos ambientes agrícolas e de floresta isso se faz importante por ajudar na micrometeorologia na avaliação do impacto do desmatamento (GALVÃO & FISCH, 2000).

Um parâmetro importante a ser considerado no balanço de radiação é o albedo. Ele representa uma fração considerável da energia disponível para os sistemas. Resultados de albedo na floresta Amazônica foram obtidos por Culf et al. (1995) e Fisch et al. (1994) em pastagens. Portanto, este trabalho objetiva estimar o balanço de radiação e analisar o comportamento dos albedos em áreas de floresta e pastagem nos períodos seco e chuvoso em dois sítios do programa LBA em Santarém-PA no ano de 2003.
METODOLOGIA:

Os dados utilizados foram coletados em experimentos do Programa LBA, os quais correspondem às estações seca e chuvosa no ano de 2003, tanto para floresta quanto para campo agrícola. Na floresta, a condição da vegetação é de floresta tropical fechada com copas emergentes (comprimento de copa 35-40m), em terreno de planalto. No campo agrícola a condição era de cultivo de arroz, soja e abandono (regeneração).

Para coleta dos dados no campo agrícola, situado na municipalidade de Belterra próximo de Santarém-PA, ao longo da BR-163, utilizouse uma torre micrometeorológica (3.0121°S, 54.5371W), com 20m de altura, na qual se encontravam dispostos sensores de resposta rápida para medidas de turbulência, e instrumentos eletrônicos de baixa freqüência utilizados na determinação de perfis verticais de velocidade do vento, temperatura e umidade específica, direção do vento e componentes de radiação.

Na floresta, as medidas foram feitas através de uma torre micrometeorológica (3.01030°S, 54.58150W), com a altura de 64m. Para Ambos os sítios, os dados foram calculados utilizando o método das variâncias de vórtices turbulentos.

RESULTADOS:

Para avaliar o comportamento sazonal das componentes do balanço de radiação em diferentes sítios, selecionou-se o ano de 2003 para ambos os sítios de pesquisas, cujos valores foram analisados às 11h30min (hora local).

No campo agrícola (km 77), os maiores valores de radiação de onda curta incidente (Kin) ocorreram no período seco, com médias horárias de 718,15W/m2. No período chuvoso, esse valor reduziu para 616,6 W/m2, com diferença de 101,6 W/m2. Tal diferença pode ser devido à maior presença de nuvens no período chuvoso que impede que a radiação (Kin) incida diretamente na superfície. Verificaram-se maiores valores de albedo na estação seca com médias horárias 18% e 17,5% na estação chuvosa. Observaram-se também maiores valores de saldo de radiação (Q*) no período seco alcançando até 548,6 W/m2 e 470,6 W/m2 no período chuvoso.

Na floresta, o comportamento sazonal das componentes de radiação fora preponderante no período seco, com valores máximos de 657,85 W/m2, 12% e 549,5 W/m2 para Kin, albedo e Q* respectivamente. No período chuvoso encontraram-se máximos de Kin 572 W/m2, albedo com 11,4% e Q* alcançando 549,4 W/m2.

CONCLUSÃO:

Os valores encontrados para Q* e albedo, para os dois sítios, encontram-se dentro de um intervalo de confiança muito próximo ao de pesquisas anteriores que consideraram o balanço de Q* para áreas agrícolas e de floresta na Amazônia. Atribui-se a diferença nos valores de Kin entre as estações chuvosas e secas, nos sítios por conta de nebulosidade e diferença nos valores de Albedo devido à diferença de cobertura de superfície. Concluiu-se, portanto, que a perda da cobertura florestal expõe o solo à radiação solar direta e possivelmente aumentando a amplitude térmica, além de um aumento no albedo.

Palavras-chave: Balanço de Radiação, Sazonalidade, Flona do Tapajós.