62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 14. Ensino Superior
PERFIL SOCIOECONÔMICO E CULTURAL DOS ESTUDANTES DE CIÊNCIAS SOCIAIS NO BRASIL
Laís Barbosa Patrocino 1
Alice Dias Lopes 1
1. Universidade Federal de Minas Gerais
INTRODUÇÃO:
Esta pesquisa aborda o perfil socioeconômico e cultural dos estudantes de Ciências Sociais no Brasil, desde a criação da carreira no país até os dias de hoje. Seu objetivo principal é a caracterização do corpo discente desse curso e sua localização no interior da conhecida hierarquia social existente entre as carreiras universitárias. Mas é possível que, por essa via, se possa também e secundariamente fornecer subsídios que contribuam para a própria compreensão das Ciências Sociais como profissão e as modificações por elas sofridas ao longo dos anos.
METODOLOGIA:
O trabalho foi realizado por meio da análise de dados de quatro universidades públicas brasileiras, a saber, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e Universidade Estadual Paulista (UNESP). Foram utilizados dados relativos ao capital econômico, social e cultural, nos termos de Bourdieu, do corpo discente dessas instituições. Para as duas primeiras universidades, foram utilizados dados do questionário socioeconômico preenchido pelos candidatos no ato da inscrição ao vestibular. Para a UNICAMP e UNESP (e complementarmente para a USP) foram utilizados dados fornecidos em diferentes publicações.
RESULTADOS:
A análise dos dados da UNESP revelou uma pequena elevação no nível socioeconômico dos estudantes, caracterizado como baixo, entre meados da década de 80 e meados da década de 90. Os dados da UNICAMP demonstram que, embora o perfil socioeconômico do curso seja baixo, é um dos que mais vem se elitizando no curso das últimas décadas. A análise dos dados da UFMG evidencia que, de forma geral, durante a década de 90, o perfil socioeconômico e cultural dos estudantes de Ciências Sociais era relativamente baixo, sofrendo significativa elitização a partir da década seguinte. Já os dados referentes à USP revelam um curso com alto perfil socioeconômico desde a década de 80, embora no momento de sua criação, na década de 30, atraísse sobretudo setores médios da sociedade.
CONCLUSÃO:
Com base nos resultados obtidos, pode-se observar que, ao menos na região sudeste, o perfil socioeconômico e cultural dos estudantes de Ciências Sociais vem apresentando uma elevação em relação ao passado. Nossa hipótese explicativa principal repousa sobre o mercado de trabalho desse futuro profissional e suas recentes condições de empregabilidade. Por sua vez, acreditamos que a diferença verificada nos resultados encontrados para cada uma das quatro universidades poderia ser explicada pelos diferentes níveis de desenvolvimento dos contextos em que se situam.
Palavras-chave: Curso de Ciências Sociais, Estudante universitário , Perfil socioeconômico.