62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
ANÁLISE SOCIOESPACIAL DA ÁREA DO CENTRO HISTÓRICO DE SÃO LUÍS-MA: O CASO DO PROJETO REVIVER
Erik Santos Ferreira 1
Jaciene Pereira 1
Cláudio Roberto Nascimento Monroe 1
Shirley Santos 2
1. Universidade Federal do Maranhão/UFMA
2. Profª. Drª/Orientadora - Universidade Federal do Maranhão/UFMA
INTRODUÇÃO:

Localizado na região oeste da ilha de São Luís, no encontro das desembocaduras dos rios Anil e Bacanga, a área que compreende o Centro Histórico foi definida e tombada no ano de 1997 como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, mas o Projeto Reviver, criado pelo Governo do Estado do Maranhão foi implantado em 1987. O projeto estadual previa recuperar, revitalizar e manter o conjunto arquitetônico de São Luís. O referido espaço, devido à sua importância histórica e cultural, dispõe de mecanismos legais, como o artigo 2º, parágrafo vii do plano diretor da cidade, que versa sobre a Conservação Integrada, prática necessária á restauração e conservação do Centro Histórico da cidade de São Luís. O objetivo deste trabalho é fazer a caracterização socioespacial do Centro Histórico de São Luís, a área que compreende o Projeto Reviver e analisar as principais problemáticas. Dessa forma, este trabalho vem contribuir com dados para subsidiar projetos de planejamento e gestão ambiental da área de estudo, analisando e propondo alternativas em prol do uso e ocupação adequados às finalidades da área em questão, coerentes com o plano diretor da cidade.

METODOLOGIA:

Durante a realização do presente trabalho, tentou-se relacionar o que foi observado com a bibliografia referente ao assunto tratado, levando-se em consideração os elementos que foram apresentados e discutidos no decorrer da pesquisa, utilizando o método fenomenológico, centrando em entrevistas semi-estruturadas, conversas com alguns dos moradores mais antigos, e observações de campo, tendo como base preceitos qualitativos e quantitativos da realidade estudada.

RESULTADOS:

O Centro Histórico passou por transformações decorrentes de intervenções urbanas profundas, refletindo a realidade dinâmica da cidade, que a partir da década de 1970 se expandiu para outras áreas devido à construção das pontes sobre o rio Anil, a barragem do rio Bacanga, e fundamentalmente a implantação de grandes empreendimentos, como a Vale e a Alcoa, que contribuiu para o reordenamento territorial e a construção do cenário sócio-espacial atual da cidade. Estes acontecimentos, aliados à criação do projeto Reviver, em 1987, intensificaram as mudanças, e, por consequência, os impactos e os efeitos no local. O imenso valor cultural, histórico e de beleza cênica da área possibilitou que ela assumisse uma "nova vocação": o turismo se apresentou como elemento transformador nos âmbitos sociais e econômicos, já que reinventou funções, redefinindo estruturas sociais, econômicas e espaciais. A adequação do sitio histórico de São Luis e de seu modo de vida aos padrões de consumo exigido pelo sistema produtor de mercadorias, pode ser denominada como sanitarização da cultura (ANICO, 2005) que é o resultado de uma procura por uma história livre de conflitos, representando um passado mítico, glorioso e inalterável como se os "dominantes" e "dominados" estivessem vivendo em harmonia, sem que houvesse exploração de uns pelos outros, ou seja, são selecionadas historias a serem contadas sobre o lugar. Selecionadas as histórias, a área física dos sítios históricos é literalmente destituída de vida, para que nos prédios sejam instalados estabelecimentos comerciais, bares, restaurantes, agências de turismo entre outros, para o consumo dessas áreas como produto turístico, projetada para agradar sempre os de fora - "estrangeiros" - nunca o habitante local e preferencialmente o turista internacional, vendendo sempre a cultura local como pitoresca e única.

CONCLUSÃO:

Assim como outros sítios históricos, o Centro Histórico de São Luís é apresentado como prova e testemunha de uma imagem cultural singular e que por ser vulnerável ao processo de hibridização da cultura resultante da globalização levado ao extremo pela sociedade de consumo que faz com que a cultura seja consumida como mercadoria. Jeudy (2005), diz que os centros históricos são oferecidos como uma vitrine das cidades trazendo a imagem de uma museografia interna das mesmas e como conseqüência do processo de conservação patrimonial que utiliza normas de intervenção internacional que não são adaptadas às singularidades locais, provoca o esvaziamento dessas áreas pela expulsão dos moradores não havendo mais vida própria no centro que se transformou num cenário de teatro, num museu de si mesma, onde tudo está estático, morto e super exposto. Diante da identificação dos problemas sócio-espaciais, sobretudo infra-estrutura deficiente, a falta de segurança existentes na área do "Projeto Reviver", faz-se necessário uma melhor efetivação das políticas públicas voltadas para a revitalização e monitoramento da área, visto que a mesma dispõe de um grande acervo arquitetônico e cultural sendo um dos maiores atrativos turísticos da cidade.

 

Palavras-chave: Centro Histórico, Cidades, Revitalização.